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"Eu conhecia todos os cantos das minhas florestas e dos meus campos, cada curva do riacho e cada cova dos trilhos de terra mil vezes percorridos. Conseguia percorrer aqueles bosques, até mesmo em sonhos," escreve Richard Louv no primeiro capítulo do seu livro A Última Criança na Natureza: Proteger os Nossos Filhos do Transtorno de Défice de Natureza.
E continua: "Hoje em dia, uma criança pode falar connosco sobre a floresta tropical amazónica, mas nada terá para nos dizer sobre a última vez que foi explorar um recanto de floresta, ou se deitou na relva a escutar o vento, e a ver as nuvens a deslocar-se no céu."
Considero bastante desencorajador o facto de vivermos numa época em que os jovens passam cada vez menos do seu tempo de lazer em contacto com a natureza. Essa ausência de contacto faz com que as suas capacidades físicas e mentais se tornem mais embotadas, ao mesmo tempo que reduz a sua capacidade de experimentar a alegria que advém da conexão com a própria fonte da vida. Trata-se, efetivamente, de sintomas de um verdadeiro transtorno de défice de natureza, uma expressão usada por Richard Louv para descrever o elevado preço que pagamos pela nossa alienação em relação à Mãe Terra.
O que acontece se ensinarmos os nossos filhos a contactar com a natureza? O que acontece se alimentarmos a sua capacidade inata de se maravilharem com os mistérios do mundo vivo que nos rodeia?
A resposta pode ser inferida do relato que um jovem de quinze anos fez a Louv, acerca da visita que fizera a uma floresta, e do subsequente e inexplicável momento de deslumbramento que sentiu:
A palavra "natureza" evocou, desde sempre, para mim, a ideia de uma floresta rodeada de picos montanhosos, que podiam ser vistos à distância. Nunca pensei muito no assunto até que passei umas férias com os meus pais na Montanha Mammoth, na Califórnia. Uma vez lá, decidi ir procurar esse lugar imaginário, no qual pensava desde criança, e pelo qual sentia uma particular atração. Peguei num casaco e disse aos meus pais que ia dar uma volta.
Para minha surpresa, só demorei cerca de quinze minutos a encontrar O Lugar. Dei por mim a contemplá-lo com uma profunda admiração e reverência. Viam-se dezenas de pinheiros enormes e, não muito longe de onde eu estava, havia alguma neve e muitas agulhas de pinheiro a cobrir o chão. Ao longe, por cima das árvores, esperava-me uma vista deslumbrante do topo da montanha. Os únicos sons que ouvia eram os de um pequeno riacho, que corria junto de mim, e o ocasional carro na autoestrada próxima. Confesso que fui tomado por um profundo assombro durante o que pareceram ser cinco ou dez minutos, mas que, na realidade, foram duas horas e meia.
Como estava a escurecer, os meus pais andavam já à minha procura. Quando finalmente nos encontrámos, disse-lhes que me tinha perdido, pois como poderia eu partilhar uma experiência espiritual tão avassaladora? Este episódio fez-me refletir sobre o verdadeiro significado da natureza. Cheguei à conclusão de que a ideia que se tem da natureza é muito semelhante à ideia que as pessoas crentes têm de um céu na terra. No meu caso, senti-me completamente no paraíso durante o tempo em que estive no Lugar.
Gavril Nikolaev
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Muito bonito.
Maravilhoso texto meu amigo, se eu compreendo esse rapaz, quando estamos em contacto com a natureza não há palavras só quem a sente é que percebe.
Nada que Saudar a natureza e se sentir parte dele Amigo.. isso é fantastico .. Coisa de Deus. Abraços
Ola boa noite meu querido, natureza um lindo lugar entre céus e terra, lugar muito bonito, estar livre com cheiro da natureza onde crianças gosta de brincar. Obrigado, bjsss
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