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Embora fosse um camponês trabalhador, a colheita foi muito pobre naquele ano devido à ausência das chuvas, a ponto de mal ter para alimentar a mulher e os filhos. Em situação desesperada, não teve outro remédio senão recorrer a um abastado nobre para lhe suplicar:
— Senhor, fie-me alguns grãos para não morrermos à fome.
— Está bem — respondeu o poderoso. — Vou dar-te bem mais do que aquilo que me pedes: vou emprestar-te várias moedas de ouro, mas terás de esperar uns meses até que faça a coleta dos impostos, está bem?
— Quero contar-lhe uma coisa, senhor — disse o camponês. — Quando vinha para lhe suplicar ajuda, ouvi uma voz angustiada que pedia socorro. Ao acudir ao chamamento, vi que se tratava de uma carpa que se encontrava numa terrível situação. Estava caída no meio do poeirento caminho, sob um sol abrasador.
—Sou do rio e estou a morrer nesta massa de pó. Por favor, não tem um balde de água onde possa mergulhar?
Respondi-lhe: —Está bem, está bem. Vou fazer mais do que isso: vou trazer-te uma bacia muito grande, mas terás de esperar até que vá para Sul e traga água do rio que lá existe, está bem?
Então a carpa, à beira da morte, disse: —Fazes promessas mas não me facultas a única coisa que pode salvar-me a vida: um balde de água. Quando trouxeres a bacia, não me venhas procurar aqui, mas na peixaria.
Muitas vezes não só não somos generosos como pretendemos justificar a nossa ausência de generosidade servindo-nos de pretextos ou de falsas justificações.
A avareza torna-nos insensíveis, endurece-nos o coração e faz-nos viver de costas voltadas para as necessidades alheias, esquecendo-nos de ser solidários.
O antídoto para a avareza é a generosidade, uma das qualidades mais belas do ser humano, que é preciso aprender a cultivar. É também fruto da compaixão e de uma perceção correta das coisas.
A compaixão consiste em compreendermos o sofrimento alheio, mas, também, em usarmos os meios que temos ao nosso alcance para o prevenir ou minorar.

Ramiro Calle
Os melhores contos espirituais do Oriente
Esfera dos Livros, Lisboa, 2010

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Os comentários estão fechados para esta entrada de blog

Comentário de Margarida Maria Madruga em 12 outubro 2021 às 13:37

GRANDE lição.

Comentário de Conceição Valadares em 10 outubro 2021 às 8:11

Belíssimo texto Adul.

Comentário de Evanilde Rocha em 10 outubro 2021 às 4:25
Quando somos humanos e compadecemos-nos com a dor alheia não se espera para um depois distante, pois pode ser tarde.
Lembre-se; nem o mais poderoso caminha só.
Comentário de Marta Maria (adm) em 10 outubro 2021 às 1:52

“Ao sermos bondosos com o outro, podemos aprender a ser menos egoístas: ao compartilharmos o sofrimento alheio, desenvolvemos maior preocupação pelo bem-estar de todas as criatura. Esse é o ensinamento básico.”
DALAI LAMA

Comentário de Acácia Maria de Jesus Cidreira em 9 outubro 2021 às 22:19

Aprendizado! Boa noite!

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