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A falsa mendiga

 

Mensagem Infanto Juvenil

Zezélia pedia esmolas, havia muitos anos.
Não era tão doente que não pudesse trabalhar, produzindo algo de útil, mas não se animava a enfrentar qualquer disciplina de serviço.
— Esmola pelo amor de Deus! — clamava o dia inteiro, dirigindo-se aos transeuntes, sentada à porta de imundo telheiro.
De quando em quando, pessoas amigas, de­pois de lhe darem um níquel, aconselhavam:
— Zezélia, você não poderia plantar algum milho?
- Não posso... — respondia logo.
— Zezélia, quem sabe poderia você beneficiar alguns quilos de café?
— Quem sou eu, meu filho? não tenho forças...
— Não desejaria lavar roupa e ganhar algum dinheiro? — indagavam damas bondosas.
— Nem pensar nisto. Não aguento...
— Zezélia, vamos vender flores! — convi­davam algumas jovens que se compadeciam dela.
— Não posso andar, minhas filhas!... —exclamava, suspirando.
— E o bordado, Zezélia? — interrogava a vizinha, prestativa — você tem as mãos livres. A agulha é uma boa companheira. Quem sabe po­derá ajudar-nos? Receberá compensadora remuneração.
— Não tenho os dedos seguros — infor­mava, teimosa — e falta-me suficiente ener­gia... Não posso, minha senhora...
E, assim, Zezélia vivia prostrada, sem ânimo, sem alegria.
Afirmava sentir dores por toda parte do corpo. Dava notícias da tosse, da tonteira e do resfriado com longas palavras que raras pessoas dispunham de tempo para ouvir. Além das lamentações contínuas, clamava que não bebia café por falta de açúcar, que não almoçara por não dispor de alimentação.
Tanto pediu, chorou e se queixou Zezélia que, em certa manhã, foi encontrada morta e a caridade pública enterrou-lhe o corpo com muita piedade.
Todos os vizinhos e conhecidos julgaram que a alma de Zezélia fora diretamente para o Céu; entretanto, não foi assim.
Ela acordou em meio dum campo muito escuro e muito frio.
Achava-se sem ninguém e gritou, aflita, pelo socorro de Deus.
Depois de muito tempo, um anjo apareceu e disse-lhe, bondoso:
— Zezélia, que deseja você?
— Ah! — observou, muito vaidosa — já sou conhecida na Casa Celestial?
— Há muito tempo — informou o emissário, compadecido.
A velha começou a chorar e rogou em pranto:
— Tenho sofrido muito!... quero o amparo do Alto!...
— Mas, ouça! — esclareceu o mensageiro —o auxílio divino é para quem trabalha. Quem não planta, nada tem a colher. Você não cavou a terra, não cuidou de plantas, não ajudou os animais, não fiou o algodão, não teceu fios, não costurou o pano, não amparou crianças, não fêz pão, não lavou roupa, não varreu a casa, não cuidou de flores, não tratou nem mesmo de sua saúde e de seu corpo... Como pretende receber as bênçãos de Cima?
A infeliz observou, então:
— Nada podia fazer... eu era mendiga...
O anjo, contudo, replicou:
— Não, Zezélia! — você não era mendiga. Você foi simplesmente preguiçosa. Quando aprender a trabalhar, chame por nós e receberá o socorro celeste.
Cerrou-se-lhe aos olhos o horizonte de luz e, às escuras, Zezélia voltou para a Terra, a fim de renovar-se.
Livro: Alvorada Cristã
Médium: Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito: Neio Lúcio
Frases e Mensagens Espíritas de Neio Lúcio

Provação e Aprendizado

Provação e aprendizado

Quando a dor nos bate à porta e enche de sombras nossa vida costumamos chorar ou nos desesperar.

Abatidos, olhamos em torno e invejamos os felizes do mundo: os que têm riquezas, os que aparentam não ter preocupações, os que têm saúde ou família perfeitas.

Nessas horas de provação lamentamos e choramos. Raras vezes aproveitamos a ocasião para meditar e retirar aprendizados.

Muitas vezes, aqui na Terra, as preocupações da vida material nos cegam.

Ficamos tão aflitos com o que haveremos de comer ou de beber que esquecemos de que temos Deus, um Pai amoroso que cuida de todos nós.

Acredite: ninguém está esquecido por esse Pai amoroso e bom, que faz nascer o sol sobre bons e maus, que faz cair Sua chuva sobre justos e injustos.

Muitas vezes nos perguntamos: Por que isso aconteceu comigo? A pergunta deveria ser diferente: Para quê isso aconteceu comigo?

Sim, toda e qualquer experiência – sofrida ou feliz – traz um aprendizado importante. São momentos que vão enriquecer nossa alma.

Deus não brinca com as nossas vidas. E se Ele permite que certas coisas aconteçam conosco é porque há um objetivo útil e importante para nós.

Faça uma retrospectiva: observe os momentos difíceis de sua existência. Cada um deles trouxe algo de novo, um aprendizado especial. Cada lágrima acrescentou sabedoria, experiência, um novo olhar sobre a vida.

A doença, por exemplo, nos ensina a valorizar a saúde, a cuidar melhor do corpo. A pobreza nos revela a importância do trabalho e do esforço pessoal. A família difícil nos oferece a lição da tolerância.

Enfim, as privações nos ensinam a ser mais sensíveis perante o sofrimento alheio. Essas lições são interiorizadas: nós as guardaremos para sempre.

Na verdade, as dificuldades são advertências que a vida nos apresenta, alertas sobre nossas atitudes perante o próximo.

Se algo ruim nos ocorre, vale a pena se perguntar: O que posso aprender com isso? Como posso melhorar a partir desse episódio?

Mas, atenção: nada disso significa que devemos cultuar a dor. Nada disso! Bem sofrer não significa cultivar o sofrimento, ser conformista ou agravar as dores que sofremos.

Bem sofrer significa enfrentar as situações com fé e coragem, alimentar a esperança enfrentando as situações com serenidade.

Assim, busque soluções, lute por sua felicidade. Mas faça tudo isso com tranquilidade.

Quando desabarem sobre você as tempestades da vida, não se entregue à revolta destruidora. Silencie, ore e procure descobrir o aprendizado oculto que a situação traz.

Acredite: por mais amarga seja a experiência, os frutos desse aprendizado jamais se perderão e eles poderão nos tornar mais sábios e generosos.

Por isso, cada vez que as lágrimas visitarem seu rosto, erga os olhos para o céu e agradeça.

Nas suas orações, peça a Deus a força necessária para superar o momento difícil e a inspiração para encontrar soluções.

E Deus, que nos ama tanto, não deixará de atendê-lo na medida de suas necessidades espirituais.

Quando o momento difícil passar, você se sentirá bem melhor se não tiver de lembrar que se entregou ao desespero, que gritou e se debateu.

Em geral, a solução está bem próxima. Se estivermos transtornados de medo ou desespero, será mais difícil resolver o problema. Com calma, logo poderemos ver a luz no fim do túnel.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 12 e no
livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP.

Os exilados de Capela

Richard Simonetti
 
Emmanuel informa, no livro "A Caminho da Luz", psicografia de Chico Xavier, que há cerca de dez mil anos um planeta do sistema de Capela, situado na Constelação de Cocheiro, passava por decisivas reformas, consolidando importantes conquistas morais. 

Diríamos que se efetuava ali a transição anunciada para o próximo milênio na Terra: de "Mundos de Expiações e Provas", onde consciências despertas trabalham incessantemente em favor da própria renovação.

No entanto, uma minoria agressiva, recalcitrante no mal, barulhenta na defesa de suas ambições, ainda que requintada intelectualmente, retardava a esperada promoção.

Decidiram, então, os gênios tutelares que governam aquele orbe confiná-los em planeta primitivo, onde estariam submetidos a limitações e dificuldades que atuariam como elementos desbastadores de sua rebeldia.

A escolha recaiu sobre a Terra, cujos habitantes praticamente engatinhavam nos domínios do raciocínio, e que de pronto beneficiaram-se com a encarnação dos capelinos. Inteligentes, dotados de iniciativa e capacidade de organização, dispararam um notável surto de progresso. No curto espaço de alguns séculos a Humanidade aprendeu a cultivar a terra, concentrando-se em cidades, aprimorou a escrita, inventou os utensílios de metal, domesticou os animais...

A presença dos capelinos explica o espantoso "salto evolutivo" que ocorreu naquele período, chamado neolítico, que ainda hoje inspira perplexidade aos antropólogos.

Concentrando-se em grupos distintos, explica Emmanuel, eles formaram 4 grandes culturas: egípcia, hindu, israelense e europeia, que se destacaram por extraordinárias realizações.

É interessante salientar que nos princípios religiosos desses povos há a referência à sua condição de degredados, particularmente nas tradições bíblicas do paraíso perdido.

Depurados após milênios de duras experiências, os capelinos regressaram ao planeta de origem. Com a nova migração, as civilizações que edificaram perderam consistência, sucedidas por culturas menores, filhas do homem terrestre.

Informações da espiritualidade nos dão conta de que estamos às vésperas de dois surtos migratórios em nosso planeta.

O primeiro
, marcado pela encarnação de espíritos altamente evoluídos, que pontificarão em todos os campos do conhecimento, num grandioso renascimento moral e espiritual da Humanidade. Virão de esferas mais altas, preparando a promoção da Terra para Mundo de Regeneração.

O segundo
 será constituído por milhões de Espíritos acomodados, comprometidos com o mal, que se recusam sistematicamente ao esforço por ajustarem-se às Leis Divinas, semelhante à minoria barulhenta de Capela. Confinados em mundos primitivos, também aprenderão, à custa de muitas lágrimas, a respeitar os valores da Vida, superando seus impulsos inferiores.

Teremos, então, a decantada Civilização do Terceiro Milênio, edificada sob inspiração dos princípios redentores do Cristo, nosso Governador espiritual.

"senha" que nos habilitará a permanecer na Terra nesse futuro promissor está definida na terceira promessa de "O Sermão da Montanha": "Bem-aventurados os mansos e pacíficos, porque herdarão a Terra." 

A mansuetude, característica do indivíduo que cumpre a lei, que observa a ordem, que respeita o semelhante, que superou o individualismo e venceu a si mesmo, superando a agressividade, será o emblema do homem terrestre nesse sonhado Reino de Deus.

– Francisco Cândido Xavier (Emmanuel)
Antelóquio
Meus amigos, que Deus vos conceda paz.
É-me grata a vossa palestra a respeito dos nossos trabalhos. Esperemos e
supliquemos a bênção do Alto para o nosso esforço. Dando seguimento aos nossos estudos,
procuremos esforçar-nos por mostrar a verdadeira posição do Evangelho do Cristo, tanta
vez incompreendido aí no mundo, em face das religiões e das filosofias terrenas.
Não deverá ser este um trabalho histórico. A história do mundo está compilada e
feita. Nossa contribuição será à tese religiosa, elucidando a influência sagrada da fé e o
ascendente espiritual, no curso de todas as civilizações terrestres. O livro do irmão
Humberto1 foi a revelação da missão coletiva de um país; nosso esforço consistirá, tãosomente, em apontamentos à margem da tarefa de grandes missionários do mundo e de
povos que já desapareceram, esclarecendo a grandeza e a misericórdia do Divino Mestre.
Vamos esperar os dias próximos, quando tentaremos realizar nossos planos
humildes de trabalho. Que Deus vos conceda a todos tranquilidade e saúde, e a nós as
possibilidades necessárias. Muito vos agradeço o concurso de cada um no esforço geral.
Trabalhemos na grande colmeia da evolução, sem outra preocupação que não seja a de bem
servir Àquele que, das Alturas, sabe de todas as nossas lutas e lágrimas. Confiemos n’Ele. Do
seu coração augusto e misericordioso parte a fonte da luz e da vida, da harmonia e da paz
para todos os corações. Que Ele vos abençoe.
EMMANUEL
(Mensagem recebida em 17/8/1938)

Que a paz esteja com sigo querida amiga

I
A Gênese planetária
A COMUNIDADE DOS ESPÍRITOS PUROS
Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos do
nosso sistema existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do
Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades
planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos
membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra,
para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por
duas vezes no curso dos milênios conhecidos.
A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a
fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e
os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a
vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho
de amor e redenção.
A CIÊNCIA DE TODOS OS TEMPOS
Não é nosso propósito trazer à consideração dos estudiosos uma nova teoria da
formação do mundo. A Ciência de todos os séculos está cheia de apóstolos e missionários.
Todos eles foram inspirados ao seu tempo, refletindo a claridade das Alturas, que as
experiências do Infinito lhes imprimiram na memória espiritual, e exteriorizando os defeitos
e concepções da época em que viveram, na feição humana de sua personalidade.
Na sua condição de operários do progresso universal, foram portadores de
revelações gradativas, no domínio dos conhecimentos superiores da Humanidade.
Inspirados de Deus nos penosos esforços da verdadeira civilização, as suas ideias e
trabalhos merecem o respeito de todas as gerações da Terra, ainda que as novas expressões
evolutivas do plano cultural das sociedades mundanas tenham sido obrigadas a proscrever
as suas teorias e antigas fórmulas.
Lembrando-nos, porém, mais detidamente, de quantos souberam receber a intuição
da realidade nas perquirições do Infinito, busquemos recordar o globo terráqueo nos seus
primeiros dias.
14 – Francisco Cândido Xavier (Emmanuel)
OS PRIMEIROS TEMPOS DO ORBE TERRESTRE
Que força sobre-humana pôde manter o equilíbrio da nebulosa terrestre, destacada
do núcleo central do sistema, conferindo-lhe um conjunto de leis matemáticas, dentro das
quais se iam manifestar todos os fenômenos inteligentes e harmônicos de sua vida, por
milênios de milênios?
Distando do Sol cerca de 149.600.000 quilômetros e deslocando-se no espaço com a
velocidade diária de 2.500.000 quilômetros, em torno do grande astro do dia, imaginemos a
sua composição nos primeiros tempos de existência, como planeta.
Laboratório de matérias ignescentes, o conflito das forças telúricas e das energias
físico-químicas opera as grandiosas construções do teatro da vida, no imenso cadinho onde a
temperatura se eleva, por vezes, a 2.000 graus de calor, como se a matéria colocada num
forno, incandescente, estivesse sendo submetida aos mais diversos ensaios, para examinarse a sua qualidade e possibilidades na edificação da nova escola dos seres. As descargas
elétricas, em proporções jamais vistas da Humanidade, despertam estranhas comoções no
grande organismo planetário, cuja formação se processa nas oficinas do Infinito.
A CRIAÇÃO DA LUA
Nessa computação de valores cósmicos em que laboram os operários da
espiritualidade sob a orientação misericordiosa do Cristo, delibera-se a formação do satélite
terrestre. O programa de trabalhos a realizar-se no mundo requeria o concurso da Lua, nos
seus mais íntimos detalhes. Ela seria a âncora do equilíbrio terrestre nos movimentos de
translação que o globo efetuaria em torno da sede do sistema; o manancial de forças
ordenadoras da estabilidade planetária e, sobretudo, o orbe nascente necessitaria da sua luz
polarizada, cujo suave magnetismo atuaria decisivamente no drama infinito da criação e da
reprodução de todas as espécies, nos variados reinos da Natureza.
A SOLIDIFICAÇÃO DA MATÉRIA
Na grande oficina surge, então, a diferenciação da matéria ponderável, dando origem
ao hidrogênio. As vastidões atmosféricas são amplo repositório de energias elétricas e de
vapores que trabalham as substâncias torturadas no orbe terrestre. O frio dos espaços atua,
porém, sobre esse laboratório de energias incandescentes e a condensação dos metais
verifica-se com a leve formação da crosta solidificada.
É o primeiro descanso das tumultuosas comoções geológicas do globo.
Formam-se os primitivos oceanos, onde a água tépida sofre pressão difícil de
descrever-se. A atmosfera está carregada de vapores aquosos e as grandes tempestades
varrem, em todas as direções, a superfície do planeta, mas sobre a Terra o caos fica
dominado como por encanto. As paisagens aclaram-se, fixando a luz solar que se projeta
nesse novo teatro de evolução e vida. As mãos de Jesus haviam descansado, após o longo
período de confusão dos elementos físicos da organização planetária.
15 – A CAMINHO DA LUZ
O DIVINO ESCULTOR
Sim, Ele havia vencido todos os pavores das energias desencadeadas; com as suas
legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopro4 da sua misericórdia sobre o bloco de
matéria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e
compassivas. Operou a escultura geológica do orbe terreno, talhando a escola abençoada e
grandiosa, na qual o seu coração haveria de expandir-se em amor, claridade e justiça. Com os
seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos
da Terra, organizando-lhes o equilíbrio futuro na base dos corpos simples de matéria, cuja
unidade substancial os espectroscópios terrenos puderam identificar por toda a parte no
universo galáctico.
Organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à
existência dos seres do porvir. Fez a pressão atmosférica adequada ao homem, antecipandose ao seu nascimento no mundo, no curso dos milênios; estabeleceu os grandes centros de
força da ionosfera e da estratosfera, onde se harmonizam os fenômenos elétricos da
existência planetária, e edificou as usinas de ozone a 40 e 60 quilômetros de altitude, para
que filtrassem convenientemente os raios solares, manipulando-lhes a composição precisa à
manutenção da vida organizada no orbe.
Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura, engendrando a
harmonia de todas as forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias.
O VERBO NA CRIAÇÃO TERRESTRE
A ciência do mundo não lhe viu as mãos augustas e sábias na intimidade das
energias que vitalizam o organismo do Globo. Substituíram-lhe a providência com a palavra
“natureza”, em todos os seus estudos e análises da existência, mas o seu amor foi o Verbo da
criação do princípio, como é e será a coroa gloriosa dos seres terrestres na imortalidade sem
fim. E quando serenaram os elementos do mundo nascente, quando a luz do Sol beijava, em
silêncio, a beleza melancólica dos continentes e dos mares primitivos, Jesus reuniu nas
Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra, das
amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso
laboratório planetário em repouso.
Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos,
podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra.
Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa
gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o
germe sagrado dos primeiros homens.

4
Escopro: ferramenta metálica para lavrar pedras, madeiras etc. – N. E.
16 – Francisco Cândido

Muito obrigada pela sua partilha querida amiga

II
A vida organizada
AS CONSTRUÇÕES CELULARES
Sob a orientação misericordiosa e sábia do Cristo, laboravam na Terra numerosas
assembleias de operários espirituais.
Como a engenharia moderna, que constrói um edifício prevendo os menores
requisitos de sua finalidade, os artistas da espiritualidade edificavam o mundo das células
iniciando, nos dias primevos, a construção das formas organizadas e inteligentes dos séculos
porvindouros.
O ideal da beleza foi a sua preocupação dos primeiros momentos, no que se referia
às edificações celulares das origens. É por isso que, em todos os tempos, a beleza, junto à
ordem, constituiu um dos traços indeléveis de toda a criação.
As formas de todos os reinos da natureza terrestre foram estudadas e previstas. Os
fluidos da vida foram manipulados de modo a se adaptarem às condições físicas do planeta,
encenando-se as construções celulares segundo as possibilidades do ambiente terrestre,
tudo obedecendo a um plano preestabelecido pela misericordiosa sabedoria do Cristo,
consideradas as leis do princípio e do desenvolvimento geral.
OS PRIMEIROS HABITANTES DA TERRA
Dizíamos que uma camada de matéria gelatinosa envolvera o orbe terreno em seus
mais íntimos contornos. Essa matéria, amorfa e viscosa, era o celeiro sagrado das sementes
da vida. O protoplasma foi o embrião de todas as organizações do globo terrestre e, se essa
matéria, sem forma definida, cobria a crosta solidificada do planeta, em breve a condensação
da massa dava origem ao surgimento do núcleo, iniciando-se as primeiras manifestações dos
seres vivos.
Os primeiros habitantes da Terra, no plano material, são as células albuminoides, as
amebas e todas as organizações unicelulares, isoladas e livres, que se multiplicam
prodigiosamente na temperatura tépida dos oceanos.
Com o escoar incessante do tempo, esses seres primordiais se movem ao longo das
águas, onde encontram o oxigênio necessário ao entretenimento da vida, elemento que a
terra firme não possuía ainda em proporções de manter a existência animal, antes das
17 – A CAMINHO DA LUZ
grandes vegetações; esses seres rudimentares somente revelam um sentido o do tato, que
deu origem a todos os outros, em função de aperfeiçoamento dos organismos superiores.
A ELABORAÇÃO PACIENTE DAS FORMAS
Decorrido muito tempo, eis que as amebas primitivas se associam para a vida celular
em comum, formando-se as colônias de infusórios, de polipeiros, em obediência aos planos
da construção definitiva do porvir, emanados do mundo espiritual onde todo o progresso da
Terra tem a sua gênese.
Os reinos vegetal e animal parecem confundidos nas profundidades oceânicas. Não
existem formas definidas nem expressão individual nessas sociedades de infusórios; mas,
desses conjuntos singulares, formam-se ensaios de vida que já apresentam caracteres e
rudimentos dos organismos superiores.
Milhares de anos foram precisos aos operários de Jesus, nos serviços da elaboração
paciente das formas. A princípio, coordenam os elementos da nutrição e da conservação da
existência. O coração e os brônquios são conquistados e, após eles, formam-se os pródromos
celulares do sistema nervoso e dos órgãos da procriação, que se aperfeiçoam, definindo-se
nos seres.
AS FORMAS INTERMEDIÁRIAS DA NATUREZA
A atmosfera está ainda saturada de umidade e vapores, e a terra sólida está coberta
de lodo e pântanos inimagináveis. Todavia, as derradeiras convulsões interiores do orbe
localizam os calores centrais do planeta, restringindo a zona das influências telúricas
necessárias à manutenção da vida animal. Esses fenômenos geológicos estabelecem os
contornos geográficos do globo, delineando os continentes e fixando a posição dos oceanos;
surgem, desse modo, as grandes extensões de terra firme, aptas a receber as sementes
prolíficas da vida.
Os primeiros crustáceos terrestres são um prolongamento dos crustáceos marinhos.
Seguindo-lhes as pegadas, aparecem os batráquios, que trocam as águas pelas regiões
lodosas e firmes. Nessa fase evolutiva do planeta, todo o globo se veste de vegetação
luxuriante, prodigiosa, de cujas florestas opulentas e desmesuradas as minas carboníferas
dos tempos modernos são os petrificados vestígios.
OS ENSAIOS ASSOMBROSOS
Nessa altura, os artistas da criação inauguram novos períodos evolutivos, no plano
das formas.
A Natureza torna-se uma grande oficina de ensaios monstruosos. Após os répteis,
18 – Francisco Cândido Xavier (Emmanuel)
surgem os animais horrendos das eras primitivas.
Os trabalhadores do Cristo, como os alquimistas que estudam a combinação das
substâncias, na retorta de acuradas observações, analisavam, igualmente, a combinação
prodigiosa dos complexos celulares, cuja formação eles próprios haviam delineado,
executando, com as suas experiências, uma justa aferição de valores, prevendo todas as
possibilidades e necessidades do porvir.
Todas as arestas foram eliminadas. Aplainaram-se dificuldades e realizaram-se
novas conquistas. A máquina celular foi aperfeiçoada, no limite do possível, em face das leis
físicas do globo. Os tipos adequados à Terra foram consumados em todos os reinos da
Natureza, eliminando-se os frutos teratológicos e estranhos, do laboratório de suas
perseverantes experiências.
A prova da intervenção das forças espirituais, nesse vasto campo de operações, é
que, enquanto o escorpião, gêmeo dos crustáceos marinhos, conserva até hoje, de modo
geral, a forma primitiva, os animais monstruosos das épocas remotas, que lhe foram
posteriores, desapareceram para sempre da fauna terrestre, guardando os museus do
mundo as interessantes reminiscências de suas formas atormentadas.
OS ANTEPASSADOS DO HOMEM
O reino animal experimenta as mais estranhas transições no período terciário, sob
as influências do meio e em face dos imperativos da lei de seleção. Mas, o nosso raciocínio
ansioso procura os legítimos antepassados das criaturas humanas, nessa imensa vastidão do
proscênio5 da evolução anímica.
Onde está Adão com a sua queda do paraíso? Debalde nossos olhos procuram, aflitos,
essas figuras legendárias, com o propósito de localizá-las no Espaço e no Tempo.
Compreendemos, afinal, que Adão e Eva constituem uma lembrança dos Espíritos
degredados na paisagem obscura da Terra, como Caim e Abel são dois símbolos para a
personalidade das criaturas.
Examinada, porém, a questão nos seus prismas reais, vamos encontrar os primeiros
antepassados do homem sofrendo os processos de aperfeiçoamento da Natureza. No período
terciário a que nos reportamos, sob a orientação das esferas espirituais notavam-se algumas
raças de antropoides6, no Plioceno7 inferior. Esses antropoides, antepassados do homem
terrestre, e os ascendentes dos símios que ainda existem no mundo, tiveram a sua evolução
em pontos convergentes e daí os parentescos sorológicos entre o organismo do homem
moderno e o do chimpanzé da atualidade.
Reportando-nos, todavia, aos eminentes naturalistas dos últimos tempos, que
examinaram meticulosamente os transcendentes assuntos do evolucionismo, somos
compelidos a esclarecer que não houve propriamente uma “descida da árvore”, no início da
evolução humana. As forças espirituais que dirigem os fenômenos terrestres, sob a

5
Proscênio: palco, arena, cenário – N. E.
6
Antropoide: subdivisão de primatas que inclui os macacos, os monos e o homem – N. E.
7
Plioceno: período durante o qual estas rochas foram formadas (a época pliocena), aproximadamente 5,3 a 1,6 milhões de anos – N. E.
19 – A CAMINHO DA LUZ
orientação do Cristo, estabeleceram, na época da grande maleabilidade dos elementos
materiais, uma linhagem definitiva para todas as espécies, dentro das quais o princípio
espiritual encontraria o processo de seu acrisolamento, em marcha para a racionalidade.
Os peixes, os répteis, os mamíferos, tiveram suas linhagens fixas de desenvolvimento
e o homem não escaparia a essa regra geral.
A GRANDE TRANSIÇÃO
Os antropoides das cavernas espalharam-se, então, aos grupos, pela superfície do
globo, no curso vagaroso dos séculos, sofrendo as influências do meio e formando os
pródromos das raças futuras em seus tipos diversificados; a realidade, porém, é que as
entidades espirituais auxiliaram o homem do sílex8, imprimindo-lhe novas expressões
biológicas. Extraordinárias experiências foram realizadas pelos mensageiros do invisível. As
pesquisas recentes da Ciência sobre o tipo de Neanderthal9, reconhecendo nele uma espécie
de homem bestializado, e outras descobertas interessantes da Paleontologia, quanto ao
homem fóssil, são um atestado dos experimentos biológicos a que procederam os prepostos
de Jesus, até fixarem no “primata” os característicos aproximados do homem futuro.
Os séculos correram o seu velário de experiências penosas sobre a fronte dessas
criaturas de braços alongados e de pelos densos, até que um dia as hostes do invisível
operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual preexistente, dos homens
primitivos, nas regiões siderais e em certos intervalos de suas reencarnações.
Surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos
tempos do porvir. Uma transformação visceral verificara-se na estrutura dos antepassados
das raças humanas.
Como poderia operar-se semelhante transição? Perguntará o vosso critério
científico.
Muito naturalmente.
Também as crianças têm os defeitos da infância corrigidos pelos pais, que as
preparam em face da vida, sem que, na maioridade, elas se lembrem disso.

8
Homem do sílex: aquele da época pré-histórica que passou a usar artefatos de pedras (sílex) – N. E.
9
Neandertal (ou homem-de-Neandertal): espécie do gênero humano que viveu por volta de 300 mil anos atrás – N. E.
20 – Francisco Cândido Xavier (Emmanuel)

Belíssimo texto Elieth!

III
As raças adâmicas
O SISTEMA DE CAPELA
Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em seus estudos,
observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do Cocheiro, que recebeu, na
Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico sol entre os astros que nos são mais vizinhos,
ela, na sua trajetória pelo Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos,
cantando as glórias divinas do Ilimitado. A sua luz gasta cerca de 42 anos para chegar à face
da Terra, considerando-se, desse modo, a regular distância existente entre a Capela e o nosso
planeta, já que a luz percorre o espaço com a velocidade aproximada de 300.000 quilômetros
por segundo.
Quase todos os mundos que lhe são dependentes já se purificaram física e
moralmente, examinadas as condições de atraso moral da Terra, onde o homem se
reconforta com as vísceras dos seus irmãos inferiores, como nas eras pré-históricas de sua
existência, marcham uns contra os outros ao som de hinos guerreiros, desconhecendo os
mais comezinhos princípios de fraternidade e pouco realizando em favor da extinção do
egoísmo, da vaidade, do seu infeliz orgulho.
UM MUNDO EM TRANSIÇÕES
Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o
globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. As
lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco,
relativamente às transições esperadas no século XX, neste crepúsculo de civilização.
Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral,
dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e
virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à
concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos.
As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberam, então,
localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua,
onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes
conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos
inferiores.
21 – A CAMINHO DA LUZ
ESPÍRITOS EXILADOS NA TERRA
Foi assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de amor e de justiça, aquela turba de
seres sofredores e infelizes. Com a sua palavra sábia e compassiva, exortou essas almas
desventuradas à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e
de amor, no esforço regenerador de si mesmas. Mostrou-lhes os campos imensos de luta que
se desdobravam na Terra, envolvendo-as no halo bendito da sua misericórdia e da sua
caridade sem limites. Abençoou-lhes as lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os
sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração cotidiana e a sua vinda no
porvir.
Aqueles seres angustiados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um mundo de
afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam degredados na
face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e
da amargura; reencarnariam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o
paraíso perdido nos firmamentos distantes.
Por muitos séculos não veriam a suave luz da Capela, mas trabalhariam na Terra
acariciados por Jesus e confortados na sua imensa misericórdia.
FIXAÇÃO DOS CARACTERES RACIAIS
Com o auxílio desses Espíritos degredados, naquelas eras remotíssimas, as falanges
do Cristo operavam ainda as últimas experiências sobre os fluidos renovadores da vida,
aperfeiçoando os caracteres biológicos das raças humanas. A Natureza ainda era, para os
trabalhadores da espiritualidade, um campo vasto de experiências infinitas; tanto assim que,
se as observações do mendelismo10 fossem transferidas àqueles milênios distantes, não se
encontraria nenhuma equação definitiva nos seus estudos de biologia. A moderna genética
não poderia fixar, como hoje, as expressões dos “genes”, porquanto, no laboratório das forças
invisíveis, as células ainda sofriam longos processos de acrisolamento, imprimindo-se-lhes
elementos de astralidade, consolidando-se-lhes as expressões definitivas, com vistas às
organizações do porvir.
Se a gênese do planeta se processara com a cooperação dos milênios, a gênese das
raças humanas requeria a contribuição do tempo, até que se abandonasse a penosa e longa
tarefa da sua fixação.
ORIGEM DAS RAÇAS BRANCAS
Aquelas almas aflitas e atormentadas reencarnaram, proporcionalmente, nas regiões
mais importantes, onde se haviam localizado as tribos e famílias primitivas, descendentes

10 Mendelismo: relativo às pesquisas científicas do monge e naturalista austríaco Gregor J. Mendel (1822-1884) acerca da hereditariedade
das características biológicas, que compõem a base da ciência Genética – N. E.
22 – Francisco Cândido Xavier (Emmanuel)
dos “primatas”, a que nos referimos ainda há pouco. Com a sua reencarnação no mundo
terreno, estabeleciam-se fatores definitivos na história etnológica dos seres.
Um grande acontecimento se verificara no planeta. É que, com essas entidades,
nasceram no orbe os ascendentes das raças brancas. Em sua maioria, estabeleceram-se na
Ásia, de onde atravessaram o istmo de Suez para a África, na região do Egito, encaminhandose igualmente para a longínqua Atlântida, de que várias regiões da América guardam
assinalados vestígios.
Não obstante as lições recebidas da palavra sábia e mansa do Cristo, os homens
brancos olvidaram os seus sagrados compromissos. Grande percentagem daqueles Espíritos
rebeldes, com muitas exceções, só puderam voltar ao país da luz e da verdade depois de
muitos séculos de sofrimentos expiatórios; outros, porém, infelizes e retrógrados,
permanecem ainda na Terra, nos dias que correm, contrariando a regra geral, em virtude do
seu elevado passivo de débitos clamorosos.
QUATRO GRANDES POVOS

As raças adâmicas11 guardavam vaga lembrança da sua situação pregressa, tecendo
o hino sagrado das reminiscências. As tradições do paraíso perdido passaram de gerações a
gerações, até que ficassem arquivadas nas páginas da Bíblia. Aqueles seres decaídos e
degradados, a maneira de suas vidas passadas no mundo distante da Capela, com o
transcurso dos anos reuniram-se em quatro grandes grupos que se fixaram depois nos povos
mais antigos, obedecendo às afinidades sentimentais e linguísticas que os associavam na
constelação do Cocheiro. Unidos, novamente, na esteira do Tempo, formaram desse modo o
grupo dos árias, a civilização do Egito, o povo de Israel e as castas da Índia.
Dos árias descende a maioria dos povos brancos da família indo-europeia; nessa
descendência, porém, é necessário incluir os latinos, os celtas e os gregos, além dos
germanos e dos eslavos.
As quatro grandes massas de degredados formaram os pródromos de toda a
organização das civilizações futuras, introduzindo os mais largos benefícios no seio da raça
amarela e da raça negra, que já existiam.
É de grande interesse o estudo de sua movimentação no curso da História. Através
dessa análise, é possível examinarem-se os defeitos e virtudes que trouxeram do seu paraíso
longínquo, bem como os antagonismos e idiossincrasias peculiares a cada qual.
AS PROMESSAS DO CRISTO
Tendo ouvido a palavra do Divino Mestre antes de se estabelecerem no mundo, as
raças adâmicas, nos seus grupos insulados, guardaram a reminiscência das promessas do

11 Por aqui sabemos que a história bíblica de Adão e Eva é uma metáfora, em que Adão, não sendo um homem, simboliza uma população –
aquela parcela rebelde de Capela (representada pelo paraíso Éden) exilada na Terra – N. E.
23 – A CAMINHO DA LUZ
Cristo, que, por sua vez, as fortaleceu no seio das massas, enviando-lhes periodicamente os
seus missionários e mensageiros. Eis por que as epopeias12 do Evangelho foram previstas e
cantadas alguns milênios antes da vinda do Sublime Emissário.
Os enviados do Infinito falaram, na China milenária, da celeste figura do Salvador,
muitos séculos antes do advento de Jesus. Os iniciados do Egito esperavam-no com as suas
profecias. Na Pérsia, idealizaram a sua trajetória, antevendo-lhe os passos nos caminhos do
porvir; na Índia védica, era conhecida quase toda a história evangélica, que o sol dos milênios
futuros iluminaria na região escabrosa da Palestina, e o povo de Israel, durante muitos
séculos, cantou-lhe as glórias divinas, na exaltação do amor e da resignação, da piedade e do
martírio, através da palavra de seus profetas mais eminentes.
Uma secreta intuição iluminava o espírito divinatório das massas populares. Todos
os povos o esperavam em seu seio acolhedor; todos o queriam, localizando em seus
caminhos a sua expressão sublime e divinizada. Todavia, apesar de surgir um dia no mundo,
como Alegria de todos os tristes e Providência de todos os infortunados, à sombra do trono
de Jessé, o Filho de Deus em todas as circunstâncias seria o Verbo de Luz e de Amor do
Princípio, cuja genealogia se confunde na poeira dos sóis que rolam no Infinito (*).
(*) Nota de Emmanuel – Entre as considerações acima e as do capítulo precedente, devemos ponderar o
interstício13 de muitos séculos. Aliás, no que se refere à historicidade das raças adâmicas, será justo
meditarmos atentamente no problema da fixação dos caracteres raciais. Apresentando o meu pensamento
humilde, procurei demonstrar as largas experiências que os operários do Invisível levaram a efeito, sobre os
complexos celulares, chegando a dizer da impossibilidade de qualquer cogitação mendelista nessa época da
evolução planetária. Aos prepostos de Jesus foi necessária grande soma de tempo, no sentido de fixar o tipo
humano. Assim, pois, referindo-nos ao degredo dos emigrantes da Capela, devemos esclarecer que, nessa
ocasião, já o primata hominis se encontrava arregimentado em tribos numerosas. Depois de grandes
experiências, foi que as migrações do Pamir se espalharam pelo orbe, obedecendo a sagrados roteiros,
delineados nas Alturas. Quanto ao fato de se verificar a reencarnação de Espíritos tão avançados em
conhecimentos, em corpos de raças primigênias14, não deve causar repugnância ao entendimento.
Lembremo-nos de que um metal puro, como o ouro, por exemplo, não se modifica pela circunstância de se
apresentar em vaso imundo, ou disforme. Toda oportunidade de realização do bem é sagrada. Quanto ao
mais, que fazer com o trabalhador desatento que estraçalha no mal todos os instrumentos perfeitos que lhe
são confiados? Seu direito, aos aparelhos mais preciosos, sofrerá solução de continuidade. A educação
generosa e justa ordenará a localização de seus esforços em maquinaria imperfeita, até que saiba valorizar
as preciosidades em mão. A todo tempo, a máquina deve estar de acordo com as disposições do operário,
para que o dever cumprido seja caminho aberto a direitos novos. Entre as raças negra e amarela, bem como
entre os grandes agrupamentos primitivos da Lemúria, da Atlântida15 e de outras regiões que ficaram
imprecisas no acervo de conhecimentos dos povos, os exilados da Capela trabalharam proficuamente,
adquirindo a provisão de amor para suas consciências ressequidas. Como vemos, não houve retrocesso, mas
providência justa de administração, segundo os méritos de cada qual, no terreno do trabalho e do
sofrimento para a redenção.

12 Epopeia: poema extenso que narra as ações, os feitos memoráveis de um herói histórico ou lendário que representa uma coletividade;
poema épico, poema heroico – N. E.
13 Interstício: intervalo de tempo – N. E.
14 Primigênio: primitivo – N. E.
15 Sabemos por esta obra que as civilizações Lemúria e Atlântida são os povos terrenos do ciclo evolutivo anterior ao ciclo iniciado .

 A vida

A vida da gente é sim, uma roda gigante, um dia em baixo, outro em cima. Sempre está circulando naquilo que mais precisamos, mas é necessário uma tamanha sabedoria para não nos perdermos no tempo, e acharmos que já fizemos de tudo e que a vida é obrigada a nos recompensar por cada passo nosso. Nunca se esqueça que nas voltas que a vida dá, hoje podemos estar por cima, mas amanha poderemos estar por baixo. Nunca diminua ou pise quem neste momento está abaixo de você, pois na roda da vida, amanha poderá ser você que estará por baixo e precisará de ajuda. Seja íntegro, caridoso e respeite a todos, que o Universo agradece. 

Consumismo impede que a vida seja desfrutada

O dinheiro, coisa estranha, pode ser tudo e nada ao mesmo tempo. Se utilizado bem, com consciência, leva ao progresso, impulsiona a prosperidade; se empregado de maneira equivocada, ao invés de auxiliar, torna-se estéril, carrega miséria e morte, promove flagelo, atormenta a existência.
Abordo o tema por sentir que, nesses últimos meses, atravessamos dias de exagerada valorização da riqueza e da cobiça. Avareza, um dos pecados capitais, está presente em nosso cotidiano de maneira cada vez mais marcante.
Infelizmente, em nosso meio assumidamente consumista e desperdiçador, falta harmonia e equilíbrio. Desejos (muitas vezes banais) se sobrepõem à possibilidade de transcendência, impedindo que a vida seja desfrutada em seu amplo esplendor de possibilidades.
Nesses tempos, abundantes como nunca de bens materiais e confortos de todo tipo, vivemos carentes, paradoxalmente, de prodigalidade. O dinheiro deixou de ser um meio e se tornou um fim em si mesmo. Muitas pessoas, iludidas, esquecem, cegadas pelo excesso de querer acumular, como saborear as frutas do jardim. Sem respeitar a utilidade do dinheiro, por todo canto a cobiça se espalha, uma idolatria vazia e perigosa.
Vamos entender com cuidado: o dinheiro não é mais do que dinheiro. Sem essa certeza, criaremos sociedades injustas e carentes de senso de dignidade, dando ao dinheiro mais importância do que ele tem. Refletindo bem, o dinheiro é coisa melancólica. Morrer com trinta milhões no banco é desperdiçar trinta milhões de oportunidades. Ainda pior, é assumir não compreender trinta milhões de vezes que não podemos viver sem os demais, sem nos socializarmos, sem nos unirmos uns com os outros.
Plutarco, grande na sabedoria e na sensibilidade, indicava: "a bebida elimina a sede, a comida satisfaz a fome; mas o ouro não elimina nunca a avareza". Tinha razão, o avaro nunca acumulou o bastante, nunca está seguro de ter o suficiente. Vive insatisfeito, interessado em ter um capital que não emprega para nada, pois, sem objetivos legítimos, sua trajetória não passa de um vício grotesco.
Com sua visão límpida das coisas, Gandhi indicou: "Na Terra, há o suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não tanto para satisfazer a avareza de alguns".
Acertou no diagnóstico e nas corajosas formas práticas de enfrentar serenamente o problema. Inspirados pelo otimismo inabalável que caracterizou a trajetória dessa grande figura devemos, entendendo que a contrapartida da avareza é a generosidade, lutar com confiança para que se espalhe tanto a generosidade material como sua irmã mais velha, a dos sentimentos.
Do ponto de vista da espiritualidade, posso afiançar que, na medida em que a generosidade se destaca, enfraquecem nossos carmas e a vida fica iluminada. Isso sim é que é poupança! 
Autoria: Marina Gold
 
 
 

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