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Yakouba

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A toda a volta ouve-se o tam-tam.

No coração da África, numa pequena aldeia, prepara-se um festim.

É dia de festa. Toda a gente se prepara, todos se enfeitam...

É um dia sagrado. O clã dos mais velhos reúne-se e escolhe as crianças que estão em idade de serem guerreiros.

Para Yakouba é um grande dia.

É preciso provar que é corajoso e que, sozinho, pode enfrentar o leão. E que debaixo de um sol escaldante ousa caminhar, desafiar ravinas, contornar as colinas... De dia e de noite, pode espiar e estar alerta, sabe como esquecer o medo que nos faz encolher, que transfigura as sombras, que faz crer que as plantas têm garras... Sabe esquecer o vento assustador.

É preciso provar que sabe esperar horas a fio e que, depois, de repente... é preciso provar que sabe armar-se de coragem e lançar-se para um combate sem tréguas...

É então que Yakouba cruza o olhar do leão. Um olhar tão profundo que se pode ler nos olhos dele.

— Como podes ver, estou ferido. Lutei toda a noite contra outro leão. Ser-te-á fácil vencer-me. Podes matar-me sem grande esforço e, nesse caso, serás um homem aos olhos dos teus irmãos. Ou então podes poupar-me a vida, e sairás daqui mais crescido, mas desprezado pelos teus pares. Tens a noite para refletir.

De manhã cedo, Yakouba agarrou na lança, lançou um último olhar ao leão cansado, e tomou o caminho da aldeia.

Na aldeia, os anciãos e o pai esperam-no. É recebido por um grande silêncio. Os outros tornaram-se guerreiros respeitados por todos. A Yakouba é confiada apenas a guarda do rebanho. Mas nunca mais o rebanho foi atacado pelos leões.

Na vida, é preciso ter coragem para seguir o próprio caminho.

E é preciso ousar ser diferente... apesar das consequências.

Thierry Dedieu
Yakouba
Paris, Seuil Jeunesse, 1994
(Tradução e adaptação)

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