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A misteriosa Índia. Um entardecer cálido e alaranjado. As andorinhas traçavam arabescos sobre o firmamento ilimitado. Um avô sábio caminhava feliz junto do seu neto. Era um menino vivaz e esperto, cheio de inquietudes espirituais, ávido de respostas.
— Avô — disse ele, quebrando o perfeito silêncio da tarde. — Quero perguntar-te uma coisa: quando o corpo morre, o que acontece?
— O corpo morre, mas o Ser nunca morre. Ele é o Ser de todo o Universo. É a essência subtil de tudo o que existe.
— Ó avô! — exclamou o menino. — Não percebo... podes explicar melhor?
O avô disse:
— Vai buscar um fruto daquele castanheiro e traz-mo.
O menino, desembaraçado, pegou numa castanha e manteve-a entre as suas mãos.
— Tira-lhe a casca — disse o avô — e diz-me o que vês.
— O fruto.
— Abre o fruto. O que vês?
— Grãos — disse o menino.
— Abre um grão. O que vês?
— Grãozinhos minúsculos.
— Abre um. O que vês?
— Nada, avô, nada.
E o avô declarou:
— Essa essência subtil que tu não vês é o Ser. Mantém a grande árvore de pé. Mantém-nos vivos a ti e a mim. Faz com que o rio flua e o fogo arda. Anima todos os vastos espaços. Tu, meu querido neto, não vês essa essência subtil, mas ela está aí. Respira em ti, pensa em ti, fala em ti.
O menino, satisfeito, agarrou a mão trémula e envelhecida do seu querido avô. Caminhando aprazivelmente, fundiram-se com o horizonte, como o açúcar se funde com a água.
Ramiro Calle
Os melhores contos espirituais do Oriente
Esfera dos Livros, Lisboa, 2010
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Muito bom. Uma maneira inteligente para explicar o tema.
Adul, meu anjo. Lindo, amei ler
Um texto maravilhoso. É assim mesmo a essência da vida, o espirito que
apesar da morte física, continua a existir... beijinhos
Lindooooo!!! Obrigada Adul
LINDOOOO !!! OBRIGADA ADUL
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