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Estamos a três dias do Natal e dou comigo a lembrar os tempos em que os presépios tinham musgo apanhado pelos campos, pratas ou vidros que imitavam água, toscas figuras de barro pintado. E tudo fazia sentido, numa composição virada para uma criança recém-nascida, esperança e paz deste mundo.
Não havia Pai Natal nem árvore. Todos os preparativos eram feitos na noite de 24. Grandes alguidares onde se batiam os sonhos e, no lume, a canja da galinha criada no quintal. Bem antes de deitar, a chaminé era limpa, enfeitada, e os sapatos brilhantes ficavam ali à espera. Na verdade, a espera era nossa, das crianças. O que estaria lá de manhã? Doces, um brinquedo talvez? Um livro, sempre, a partir da idade de os saber compreender.
Porque me lembrei deste Natal frio, sem grandes enfeites, sem grandes brilhos, feito com os parcos recursos disponíveis? Que vou pedir à estrela que brilhar no céu nessa noite?
Tenho que voltar à simplicidade da infância, aquela época em que o Natal era humilde como sempre devia ter sido. Só isso. E a paz tranquila desses tempos.
Será esse o meu pedido de Natal, o meu voto de Ano Novo. A possibilidade de viver em paz comigo e com os outros.
Será possível pedir algo mais este ano?
V. V.
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