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Os animais decidiram fazer um concurso para ver qual deles era o mais forte.
 A ideia do concurso foi do Elefante.
 ─ Encontramo-nos todos na quarta-feira. Veremos quem tem FORÇA.
 O primeiro a chegar foi o Chimpanzé, que chegou aos saltos.
 ─ Força! Eu tenho força. Vejam só estes BRAÇOS! Esperem só até verem a minha força!
 O Chimpanzé sentou-se. Chegou o Veado.
 ─ Força! Olhem para estas PERNAS! Tenho tanta força!
 O Veado sentou-se.
 A seguir veio o Leopardo. Mostrava as garras e rugia.
 ─ Força! Olhem para estas GARRAS! Eu tenho força!
 O Leopardo sentou-se. Depois veio o Bode, que baixou os seus chifres fortes.
 ─ Força! Vejam estes CHIFRES! Isto é força.
 O Bode sentou-se. Chegou o Elefante. Caminhava muito devagar.
 ─ El... e... fante... significa força.
 O Elefante sentou-se.
 Esperaram e voltaram a esperar.
 Faltava mais um animal.
 
 Finalmente o Homem chegou, a correr.
 ─ Força! Força!
 O Homem exibia os seus músculos.
 ─ Eis-me aqui! Podemos começar!
 O Homem tinha trazido a sua espingarda para a floresta e tinha-a escondido nos arbustos. Era por isso que estava atrasado.
 O Elefante encarregou-se de dar início ao concurso.
 ─ Agora que o Homem chegou, podemos começar. Chimpanzé, mostra-nos a tua força!
 O Chimpanzé deu um pulo. Correu para uma pequena árvore e trepou-a. Dobrou-a e deu-lhe um nó. Desceu da árvore e disse:
 ─ Então? Isto não é força?
 Os animais exultaram.
 ─ Força! Força! Força! Força! Isso é que é força!
 Depois acalmaram.
 ─ Bem... Chimpanzé. Senta-te. O próximo!
 O Veado pôs-se de pé com um salto. Correu três quilómetros em direção à floresta.
 Correu outros três quilómetros de volta.
 Nem sequer estava ofegante. Vangloriou-se:
 ─ Vejam só! Se isto não é força...
 Os animais concordaram.
 ─ Força! Força! Força! Força! Isso é que é força!
 ─ Bem... Veado. Senta-te. O próximo!
 O Leopardo pôs-se de pé e esticou as garras enormes. Começou a esgravatar a terra. Scrung... scrung... scrung…scrung... Como o pó voava! Os animais saltaram para trás. Estavam assustados.
 O Leopardo perguntou:
 ─ Aaaah! Isto é força ou não é?
 ─ Força! Força! Força! Força! Isso é que é força!
 ─ Bem… Leopardo. Senta-te. O próximo!
 
 O Bode era o seguinte. Baixou os chifres enormes. Havia por ali um campo de canas e o Bode começou a escavar o campo. Shuuu... shuuu... shuuu... shuuu...
 Os chifres fizeram uma estrada através do campo.
 O Bode voltou-se. E escavou outra estrada até ao lugar onde estavam os animais.
 Depois perguntou:
 ─ Não é força, isto?
 Os animais ficaram impressionados.
 ─ Força! Força! Força! Força! Isso é que é força!
 ─ Bem… Bode. Senta-te. A seguir?
 A seguir vinha o Elefante. Havia muitas árvores em redor que cresciam bem juntas. O Elefante encostou o seu ombro enorme de encontro às árvores. Eeennhh... eeennhh... eeennhh... kangplong! As árvores caíram todas.
 O Elefante exclamou:
 ─ Que tal? Isto não é força?
 Os animais ficaram impressionados.
 ─ Força! Força! Força! Força! Isso é que é força!
 ─ Bem… Elefante. Senta-te. O próximo!
 Era a vez do Homem. O Homem correu para o meio do círculo. Começou a rodopiar. Deu saltos mortais. Fez a roda. Fez o pino. Volteou em redor deles sem cessar. Depois parou e perguntou:
 ─ Força! Força! Isto não é força?
 Os animais entreolharam-se.
 ─ Bem... foi excitante.
 ─ Mas era força, aquilo?
 ─ Nem por isso...
 ─ Só sabes fazer isso?
 O Homem sentiu-se insultado.
 ─ Muito bem, então vejam isto!
 O Homem subiu a uma palmeira.
 Tão depressa! Tão depressa! Atirou cocos da palmeira.
 Desceu da árvore. Perguntou de novo:
 ─ Força! Força! Isto não é força?
 Os animais olharam para ele.
 ─ Chamarias àquilo força?
 ─ Só subiu a uma árvore.
 ─ Isso não é bem força.
 ─ Há mais alguma coisa...?
 O Homem estava zangado.
 ─ Força? Eu mostro-vos o que é FORÇA!
 
 O Homem correu para o arbusto. Agarrou na arma. Correu de novo para junto deles. O Homem apontou a arma ao Elefante. Ting... Puxou o gatilho. Kangalang! O Elefante tombou. Estava morto. Morto.
 O Homem dava pulos e gabava-se:
 ─ Força! Força! Isto não é FORÇA?
 O Homem olhou em redor.
 Os animais tinham ido embora. Tinham fugido para a floresta.
 ─ Força!...
 Não havia ninguém para o ouvir gabar-se. O Homem estava sozinho. Na floresta, os animais juntaram-se a um canto para trocar impressões.
 ─ Viste aquilo?
 ─ Era força aquilo?
 ─ Chamarias àquilo força?
 ─ Não. Aquilo era MORTE.
 ─ Aquilo era MORTE.
 
 A partir desse dia, os animais não voltaram a caminhar com o Homem.
 Quando o Homem entra na floresta, tem de caminhar sozinho.
 Os animais ainda falam do Homem...
 Da criatura Homem...
 O Homem é aquele que não conhece a diferença entre força e morte.
Read MacDonald
 Peace Tales
 Arkansas, August House Publishers, Inc., 2005
 (Tradução e adaptação)
Os comentários estão fechados para esta entrada de blog
                Comentário de Marta Maria (adm) em 24 novembro 2019 às 17:14            O ser humano na sua pequenez, sempre confunde que a sua força está no poder de matar. Ele esquece que a sua inteligência, suas habilidades pessoais, são a maior força que ele tem.

O homem acha que a força dele está no poder de uma arma infelizmente.
 Bom domingo.
                Comentário de Margarida Maria Madruga em 23 novembro 2019 às 22:53            Pois é. A força do homem está na garganta, nas armas, nas drogas... na covardia.
MUITO BEM CONSTRUIDA ESTA FÁBULA ADUL ! OBRIGADA PELA PARTILHA!
 TENHA UMA BOA NOITE!
Lindíssimo Adul!!!
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