E, de repente, seu planejamento vira confete. Planilhas e cronogramas, tão lindos no papel, não conseguem virar realidade. Em alguma encruzilhada elas se despediram do seu Eu e o descompasso reina. E agora? A resposta do mundo geralmente é: força a barra! Vai aos trancos e barrancos! No pain, no gain! (ai, como eu odeio essa frase).
Mas, antes de ativar o modo Rambo, paro e me pergunto: quem sabe mais sobre mim, as planilhas ou a minha alma? O que as planilhas realmente entendem do fluxo da vida, dos aprendizados do caminho, das dores e lições do mundo?
O texto que estava preparando para esta semana é todo animado, falando sobre um tema empolgante e potencializador. Mas este final de semana foi doloroso, e terminar esse texto seria como colocar a máscara do sorriso no palhaço que chora. Sinceramente, o mundo digital já tem textos fakes e copywrites suficientes. O radar de todos está captando falsidade de longe, não é? Então, mais alma por favor. Escolhi honrar meu estado de espírito, aceitar que sairia um péssimo texto se forçasse a barra. Aceitei que esta semana meu cronograma virou à esquerda e eu segui em frente.
Parece muito simples, mas quantas vezes nós nos obrigamos a fazer algo só porque “tem que ser”? E, o pior, fazemos isso no automático, sem nos questionarmos qual seria o real prejuízo de fazermos algo afinado com o modo como nós estamos nos sentindo. Isso vale para tudo: uma festa, uma saída para o cinema, um encontro, um café, uma conversa. Qual seriam as consequências de falar não, deixar para depois, respeitar nosso momento?
Além disso, há também o outro lado da moeda: o(s) outro(s) merece(m) nossa presença plena, nossa melhor versão naquele momento. Seria justo com você postar um texto onde eu o estimulo a ficar animado e feliz sendo que eu não consigo estar assim agora? Pense bem: sua família precisa estar com você desanimado (ou emburrado) naquela festa? Sua amiga merece ter uma conversa morna e distante durante aquele café que vocês vem marcando há tempos?
Falamos nas últimas postagens sobre as sombras e como elas se formam. Que são lados nossos que renegamos, muitas vezes por não atenderem nossas expectativas de uma vida feliz e perfeita. E esses lados são tão válidos quanto aquelas qualidades bem vistas. Não necessariamente nosso estado de espírito é uma sombra, mas lidar com estados de espírito “negativos” é similar ao tratamento que damos às sombras. Também devemos respeitá-lo, acolhê-lo e refletir qual é a lição que ele apresenta. O que ele vem trazendo? Quais as emoções que afloram nele? Quanto mais você aceitá-lo e permitir que se manifeste, mais rápido ele se esclarece, se acalma, se cura. E é isso que estou fazendo agora, permitindo que neste momento as emoções venham à tona para cicatrizar e curar.
Ao criar o Caminhando em Beleza, queria compartilhar com as pessoas como é a jornada de uma pessoa que está buscando sintonizar sua alma com seu caminho, contar meus aprendizados, ferramentas e insights. Há momentos em que aceitar o que a alma sente é fundamental para seguir vivendo uma jornada de forma autêntica e potencializadora.
O caminho nem sempre está no mapa, o GPS falha, a gente se perde. Mas lá na frente nos encontramos, o estado de espírito e o cronograma se abraçam e seguimos pela estrada de tijolos amarelos. Mais importante disso tudo é honrar o seu momento, o trecho da jornada, o aprendizado que se apresentou. Colocar mais uma lição na mochila, olhar de novo para a bússola e seguir agradecendo as bênçãos e lições do caminho, mesmo que não sejam sorridentes e coloridas.