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É preocupante observar como certas patologias do comportamento humano são tidas como algo natural. O ciúme é uma dessas doenças, porquanto ao impedir a natural e curativa expressão do amor deve ser tratada na condição de patologia.

Infelizmente, mesmo nos dias atuais, ainda são utilizadas expressões do tipo: o ciúme é o tempero do amor – quando o mais correto seria estabelecer que é o destempero –; tenho ciúmes porque cuido – quando seria mais verdadeiro dizer que se é possessivo –; dentre outras formas que encontramos para verificar a deturpação com que o ciúme é tratado.

Nossos padrões de expressão afetiva têm raízes em nossa infância, no aprendizado da expressão das nossas emoções. Quanto mais acolhedor, afetuoso, respeitoso e pautado em valores nobres for a convivência familiar, mais rica e profunda torna-se a base afetiva, pois possibilita um “repertório” mais variado de expressões saudáveis na convivência com o outro, que não passa a ser tido como uma ameaça. Mas como nem sempre essa formação inicial se dá da forma ideal, as marcas de abandono, negligência, violência ou desrespeito daquilo que presenciamos e/ou sofremos na pele, constroem barreiras na nossa capacidade afetiva, gerando baixa autoestima e, consequentemente, insegurança nas relações com o outro.

Como consequência da baixo autoestima, acionamos mecanismos de defesa em nossas relações, e não raro o ciúme se faz presente. Qualquer expressão de afetividade por parte do outro que não seja dirigida a mim passa ser vista como uma ameaça, gerando críticas expressas ou veladas. Dependendo do grau de insegurança do indivíduo, assim como dos seus valores morais, o ciúme passa a gerar agressividade nos seus vários níveis.

Por ser possessivo, o ciumento acha-se no direito de tratar o outro como sendo de sua propriedade, passando à tentativa de controlar qualquer expressão da individualidade do outro. Não raro nos deparamos com pacientes que checam o telefone do(a) companheiro(a), acessam (sem permissão) suas redes sociais, e-mail ou qualquer outra forma de expressão do outro, o que leva a desentendimentos que poderiam ser evitados tivesse a relação uma forma mais madura de lidar com as questões que trazem incômodo. E quando esses fatores não são cuidados devidamente, tornam aquilo que deveria ser belo e saudável em algo doentio para todas as partes envolvidas.

O caminho para a cura passa, inicialmente, pela aceitação de que algo está errado, para que se possa buscar a terapia conveniente. Por incrível que possa parecer essa aceitação é algo doloroso para o ciumento, que não quer reconhecer que sua possessividade é uma doença. Afinal, é sempre mais fácil achar que o culpado é o outro. Quando o primeiro passo é dado, a terapia irá investigar a formação dos padrões afetivos do paciente, para poder encontrar as raízes do seu comportamento doentio. Muitas vezes isso leva a avaliar a relação dos pais ou seus substitutos, assim como a importância que era dada para a educação de ordem emocional e afetiva dentro do lar.

Infelizmente, na maioria dos lares e escolas não há uma educação emocional afetiva, e por conta disso não aprendemos a lidar convenientemente com nossos medos, raiva, paixões e afetos, o que amplia o campo de insegurança, já que esses fatores vêm à tona constantemente.

A terapia estimula que o paciente mantenha um contato mais íntimo com suas emoções e afetos, treinando sua expressão e verificando os bloqueios que surgem durante isso. Esse exercício fortalece a autoestima, pois ao aceitar nossos pontos de insegurança, e aprender a lidar com eles, passamos a não mais ver o outro como uma ameaça. Ademais, a sombra que se consegue ver no outro com tanta intensidade é parte do comportamento do ciumento, que deve cuidar dos aspectos que deseja esconder na relação com o outro, e não simplesmente projetá-los.

A religião também possui um papel importante, ao promover uma avaliação e desenvolvimento dos valores morais. Afinal, o outro merece no mínimo nosso respeito. E mesmo nos casos em que as suspeitas sobre o comportamento negativo do outro se verifiquem, ninguém possui o direito de agredir, verbal e/ou fisicamente, sendo livre para escolher não mais manter a relação, se não se sente confortável.

Fora isso, qualquer investimento para libertar nossa amorosidade de forma madura e plena é valiosa, pois na condição de força curativa por excelência, o amor nos aproxima de Deus.

Cláudio Sinoti
Fonte: Correio Espírita

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