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Pela manhã, no parque da cidade, eu os encontrei. Já os vira, de outras vezes, e me haviam chamado a atenção.
Hoje, me permiti ir ao encontro deles para um breve diálogo.
Trata-se de um casal de idosos, que caminhava lentamente, lado a lado.
O que era curioso, estranho mesmo, é que ele carregava um banquinho de plástico na mão. Quem sai a caminhar e leva consigo um banquinho?
Simpáticos, eles me disseram se chamar José e Maria. Exatamente como o famoso casal das páginas bíblicas, tão nossos conhecidos.
Desejando satisfazer a minha curiosidade, depois de algumas breves palavras, ousei perguntar por que ele levava nas mãos um banquinho, enquanto fazia a caminhada matinal.
O velhinho sorriu e me disse que estavam casados há mais de sessenta anos.
Você pode imaginar quantos cafés ela preparou para mim, quantos pratos deliciosos me serviu, nas refeições de cada dia.
Desde que construímos nosso lar, ela cuida de mim, com muito carinho. Lava, passa, deixa a casa perfumada, colocando flores no vaso da sala.
Ela é uma criatura muito especial. Mesmo quando não fala, escuto, graças aos seus gestos, que ela me diz: Amo você.
Então, veja, quando caminhamos, depois de alguns metros, ela fica cansada. É para isso que serve o banquinho: para ela se sentar, descansar um pouco. Depois seguimos a caminhada.
A emoção me dominou. Eis aí um casal, envelhecido nos anos, mas cujo amor e respeito tem o sabor e o perfume dos dias do namoro.
Imaginei quantos terão olhado para aquele senhor, de cabelos brancos, caminhando devagar, ao lado da esposa, e pensado: Que coisa estranha!
Como pode desejar fazer uma saudável caminhada carregando um banquinho?
No entanto, para ele nada importa senão oferecer à sua amada, uma pequena parcela de amor, dizendo: Sente, amor, descanse um pouco. Depois, continuaremos.
* * *
Que bela lição de amor, de respeito, de companheirismo. O que terão trilhado, juntos, nessas mais de seis décadas de matrimônio?
Com certeza, não foram róseos todos os seus dias. Terão ficado tristes, em algum momento, um com o outro, por aqueles pequenos deslizes que sempre se comete: chegar atrasado em um evento, esquecer de comemorar o dia em que se conheceram, sair apressado sem oferecer o beijo amoroso.
Nada que pudesse durar mais que poucas horas, porque o amor tudo perdoa e por tudo se desculpa.
É assim que se constrói uma relação duradoura. É assim que se fortalecem os laços do afeto.
É assim que se envelhece lado a lado, ainda lembrando de gestos de ternura, de carinho, de interesse pelo outro.
Que exemplos dessa ordem nos possam servir para que repensemos nossas próprias relações.
Temos sido atenciosos com os que nos amam? Temos lembrado de olhá-los nos olhos e agradecer por tudo que nos oferecem: dos cuidados aos abraços, aos beijos, às tantas vezes em que, nos vendo sair, nos abençoam com um Vá com Deus?
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 9.10.2021
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