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A Dança Tem que Continuar (Quando as Nuvens Dançam)

Quem já parou vai saber do que estou falando.

Dessa sensação de que nada mais vai, não vai o corpo, não vai a mente, não vai o coração.

Não vai mesmo, a lugar nenhum.

É como se tudo estagnasse, a água vai parando, as moscas zumbindo, e a vida fedendo.

Os pensamentos, ah, os pensamentos.

Sim, eles têm vida própria, mas pensamentos que não caminham ficam dando voltas e mais voltas.

São carrosséis de filmes de terror.

Bichos duros de olhos arregalados girando e rodopiando lá dentro.

Contando sempre a mesma história, de boca fechada, ou histórias sem boca, de diversos ângulos, nos convencendo de que estamos vendo o filme inteiro quando na verdade nem entramos na sala do cinema. Estamos na latrina.

É mais ou menos isso: a queda da mente e do corpo.

Porque o corpo também vai falhando, vai doendo, vai ardendo, não quer se mexer, não consegue se mexer.

Vai tossindo de todos os poros, reclamando do simples fato de que tem que ser.

Tem que respirar, tem que andar, tem que levantar.

É a água suja acelerando na espiral descendente, buscando o ralo e o esgoto da existência.

É mais ou menos isso, viver sem viver.

Quando chega nesse ponto, tem que ser radical.

Sacudir as profundezas, buscar os terremotos, banhar nos vulcões.

Lá dentro, arregaçar-se todo.

Atirar-se ao rio.

E lá fora: tremer.

O corpo tem que acordar.

Banhos de gelo, viagens a pé, mudar a rotina.

Ousar um passo e outro passo e mais um passo: para fora de si.

Aventurar.

Transar ou parar de transar.

Agarrar a árvore, agarrar até ouvir a música ou ela nos ouvir.

Gritar, quebrar janelas e portas internas, e sair do que era.

Sair do conhecido, do que já não serve mais.

Exigir de si mesmo e do mundo e dos olhos e dos sentidos.

Um novo olhar.

Um meditar, um retiro, um se afastar, e se enclausurar em outros mundos, com outras visões, e outras ideias.

Pode ser até parado por fora, mas tem que ferver por dentro.

Pois nada mais serve.

Não serve pensar, negociar, querer ou não querer.

Não servem escolhas e mais escolhas de não-escolhas.

Não serve ajuda gentil, não servem remédios, mordaças para a dor, e afins, e distrações, não servem desvios.

Quando tudo para é o grito de socorro mais visceral e ancestral, um grito sem grito.

É a flecha cravando-se no alvo.

E aí começa a contagem regressiva.

É achar a fonte ou é água lamacenta esvaindo-se sangrenta na rachadura do deserto.

É uma luta, sim.

É a guerra primordial, não do bem contra o mal, mas do ser com o não ser.

Pois o não, o avesso do sim, do que é, do aqui, do agora, não existe, e todo parar é negação alucinada.

É história mal contada.

Por isso, aconteça o que acontecer: não dá.

Realmente não dá para parar.

autor desconhecido

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