Conheci um idoso Que exigiu ser enterrado nu,
Como nu nasceu,
E colocassem ao lado de seu corpo
Apenas um par de sapatos velhos.
Intrigados, os filhos lhe questionaram:
Diga-nos pai, o porquê de tamanho absurdo?
E o velho inundado de primaveras respondeu:
Nele estão todos os caminhos
Por aonde andei,
Porque na vida o importante
Não é o ter, nem o saber,
Mas caminhar,
Apesar de todos obstáculos
Presentes nos caminhos.
Para onde vou,
Levo comigo minhas caminhadas, meus calos
Minhas experiências,
Todos meus erros, todos meus acertos
E todos os espinhos
Que vez por outra perfuraram
O tecido de minha alma.
Sem os sapatos velhos e
Os caminhos percorridos,
Não poderia ser o que sou.
Eu vou, mas o corpo e os sapatos ficam,
Como testemunhas de um tempo
E da história de um ser humano
Que por aqui andou.
O velho deu um longo suspiro
E não mais, nessa vida acordou...