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Quando eu for pequeno, mãe, quero ouvir de novo a tua voz na campânula de som dos meus dias inquietos, apressados, fustigados pelo medo. Subirás comigo as ruas ingremes com a certeza dócil de que só o empedrado e o cansaço da subida me entregarão ao sossego do sono.
Quando eu for pequeno, mãe, os teus olhos voltarão a ver nem que seja o fim do destino desenhado por uma estrela cadente no cetim azul das tardes sobre a bala dos veleiros imaginados.
Quando eu for pequeno, mãe, nenhum de nós falará da morte, a não ser para confirmarmos que ela só vem quando a chamamos e que os animais fazem um circulo para sabermos de antemão que vai chegar.
Quando eu for pequeno, mãe, trarei as papoilas e os búzios para a tua mesa de tricotar encontros, e então ficaremos debaixo de um alpendre a ouvir uma banda a tocar enquanto o pai ao longe nos acena, lenço branco na mão com as iniciais bordadas, anunciando que vai voltar porque eu sou pequeno e a orfandade até nos olhos deixa marcas.

José Jorge Letria

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Comentário de Ana Cruz Nobre em 29 novembro 2018 às 13:54

UM POEMA QUE NOS FALA DA SAUDOSA INFÂNCIA DE TODOS OS QUE A TIVERAM...
OBRIGADA AMIGA PELA SUA PARTILHA !

Comentário de Conceição Valadares em 28 novembro 2018 às 15:53

Obrigada Martinha. Beijinhos

Comentário de Marta Maria (adm) em 27 novembro 2018 às 14:33

Lindo poema Conceição. Todo o blog está lindo... Beijinhos

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