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Abandonada

Há dias em que me esqueço em um lugar, e fico assim quietinha, no meu sótão, a Limpar os ferimentos, a descansar de tudo e nem adianta me procurar, que eu me escondo mais, é passar o tempo, deixar que cicatrizem, até poder voltar pra vida, e começar tudo de novo. E tudo sempre igual. Estou tão a flor da pele. Tão a flor da pele, que sangro com qualquer mau humor dos outros. As mentiras de cara lavada que chegam a mim, sangram, sangram porque eu sou de verdade. Só eu sei, mas quem se importa se tenho pele ou não? Cada um leva sua vida, a minha dor é só é só mais uma e tantas tão maiores que as minhas, mas eu consigo senti-las em mim. São poucos os que me vêem de verdade, então me escondo do mundo, de mim, de tudo, e nesse esconde, esconde se não saio, fico como aquela criança que foi esquecida no meio da brincadeira, num sótão qualquer. Mas ai abro a janela do sótão o dia está tão lindo, é um convite a vida e novamente eu vivo e novamente eu sangro esse é o ciclo da minha vida, até o fim da brincadeira.

Autor: Nelma Barros Correia