Mensagens de Adul Rodri (Adm) - Global Social2024-03-29T15:40:48ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodrihttps://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/912646757?profile=RESIZE_48X48&width=48&height=48&crop=1%3A1https://adulmigos.ning.com/profiles/blog/feed?user=3a97o29w9225n&xn_auth=noAnjostag:adulmigos.ning.com,2023-04-22:3625305:BlogPost:12172892023-04-22T11:01:35.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div class="gsblogentry"><p><img src="http://adulrede.com/imagens/parablog/anjos4.jpg"/></p>
<p>Anjos<br/> são essas pessoas<br/>
que nos amam<br/>
sem nos julgar,<br/>
que nos perdoam<br/>
num olhar<br/>
e nos fazem tão bem<br/>
que a gente queria asas<br/>
para junto delas<br/>
sempre estar.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Sirlei L. Passolongo</p>
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<p>Anjos<br/> são essas pessoas<br/>
que nos amam<br/>
sem nos julgar,<br/>
que nos perdoam<br/>
num olhar<br/>
e nos fazem tão bem<br/>
que a gente queria asas<br/>
para junto delas<br/>
sempre estar.</p>
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<p class="poeta">Sirlei L. Passolongo</p>
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<p></p>O tempotag:adulmigos.ning.com,2023-04-22:3625305:BlogPost:12172042023-04-22T11:00:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="http://adulrede.com/imagens/parablog/ampulheta.jpg" class="align-center"/></p>
<p>O tempo<br/> (essa ampulheta gigantesca)<br/>
castiga<br/>
maltrata<br/>
dilacera<br/>
corrompe<br/>
inunda<br/>
E UNE<br/>
(o céu e o meu olhar...)</p>
<p></p>
<p class="poeta">Míriam Torres</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="http://adulrede.com/imagens/parablog/ampulheta.jpg" class="align-center"/></p>
<p>O tempo<br/> (essa ampulheta gigantesca)<br/>
castiga<br/>
maltrata<br/>
dilacera<br/>
corrompe<br/>
inunda<br/>
E UNE<br/>
(o céu e o meu olhar...)</p>
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<p class="poeta">Míriam Torres</p>
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<p></p>Cheques temporáriostag:adulmigos.ning.com,2023-01-27:3625305:BlogPost:11970122023-01-27T20:30:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="chequestemporarios" class="align-center" src="https://i.ibb.co/FW2Fp74/chequestemporarios.jpg"></img></p>
<p>Sou aluna finalista do secundário e trabalho numa loja de calçado de desporto. Certo dia, uma senhora entrou na loja com o filho de seis anos para comprar sapatos. Encontraram um par de sapatos de que ele gostou e dirigiram-se à caixa para pagar. Quando a mãe abriu o livro de cheques, reparei que eram cheques temporários, e tive de lhe dizer que a política da loja não permitia aceitar aquele tipo de cheques.</p>
<p>Entretanto, a…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/FW2Fp74/chequestemporarios.jpg" alt="chequestemporarios" class="align-center"/></p>
<p>Sou aluna finalista do secundário e trabalho numa loja de calçado de desporto. Certo dia, uma senhora entrou na loja com o filho de seis anos para comprar sapatos. Encontraram um par de sapatos de que ele gostou e dirigiram-se à caixa para pagar. Quando a mãe abriu o livro de cheques, reparei que eram cheques temporários, e tive de lhe dizer que a política da loja não permitia aceitar aquele tipo de cheques.</p>
<p>Entretanto, a criança andava a passear pela loja com os sapatos novos já calçados, e ia-os mostrando, cheio de alegria, aos outros clientes. Quando a mãe lhe disse que tinha de os tirar, os olhos do menino ficaram cheios de lágrimas. Profundamente emocionada, disse-lhe que podia conservá-los, e passei um cheque dos meus para pagar os sapatos. Comovidíssima, a mãe fez questão de me passar um cheque temporário, além de me fornecer o seu endereço e contactos, para que eu soubesse que podia confiar nela.</p>
<p>Só mais tarde é que reparei que ela tinha acrescentado dez dólares ao valor de custo dos sapatos. E que tinha escrito, no espaço reservado a observações: "O montante em excesso destina-se à simpática funcionária da sapataria."</p>
<p></p>
<p class="poeta">The Editors of Conari Press<br/> Random Acts of Kindness - Then & Now<br/>
Conari Press, 2013<br/>
(Tradução e adaptação)</p>
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<p></p>Somos chamadostag:adulmigos.ning.com,2023-01-27:3625305:BlogPost:11967202023-01-27T00:34:08.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="somoschamados" class="align-center" src="https://i.ibb.co/283tZS6/somoschamados.jpg"></img></p>
<p>Somos chamados a fazer o bem<br></br> Sem dia fixo ou hora marcada<br></br> Há sempre alguém que espera<br></br>
Um gesto de cura<br></br>
Uma mão estendida<br></br>
Um abraço de compaixão<br></br>
E não podemos fechar os olhos<br></br>
Não podemos arranjar desculpas<br></br>
A nossa missão é sempre fazer o bem<br></br>
Sem dia fixo ou hora marcada<br></br>
É essa a lição que Jesus nos ensina<br></br>
Chama para a luz quem sofre<br></br>
Coloca no centro o irmão ferido<br></br>
E…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/283tZS6/somoschamados.jpg" alt="somoschamados" class="align-center"/></p>
<p>Somos chamados a fazer o bem<br/> Sem dia fixo ou hora marcada<br/>
Há sempre alguém que espera<br/>
Um gesto de cura<br/>
Uma mão estendida<br/>
Um abraço de compaixão<br/>
E não podemos fechar os olhos<br/>
Não podemos arranjar desculpas<br/>
A nossa missão é sempre fazer o bem<br/>
Sem dia fixo ou hora marcada<br/>
É essa a lição que Jesus nos ensina<br/>
Chama para a luz quem sofre<br/>
Coloca no centro o irmão ferido<br/>
E abraça a sua dor<br/>
A trata as suas feridas<br/>
A toda a hora<br/>
Em todos os dias e momentos<br/>
O amor não tem dia fixo<br/>
Nem hora marcada!<br/>
Semeia a paz e faz o bem<br/>
E terás Jesus contigo<br/>
A deixar-se curar por ti<br/>
A deixar-se abraçar por ti<br/>
A deixar-se amar por ti.<br/>
Ama sempre<br/>
Sem dia fixo ou hora marcada<br/>
E encontrarás caminhos eternos de Vida.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Autor desconhecido</p>
</div>
</center>
<p></p>A aranha e a fétag:adulmigos.ning.com,2023-01-23:3625305:BlogPost:11964352023-01-23T20:24:05.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="aaranhaeafe" class="align-center" src="https://i.ibb.co/D83bD6L/aaranhaeafe.jpg"></img></p>
<p>Uma vez um homem estava sendo perseguido por vários malfeitores que queriam matá-lo.<br></br> O homem, correndo, virou em um atalho que saía da estrada e entrava pelo meio do mato e, no desespero, elevou uma oração a Deus da seguinte maneira:<br></br> - Deus Todo Poderoso, fazei com que dois anjos venham do céu e tapem a entrada da trilha para que os bandidos não me matem!!!<br></br> Nesse momento escutou que os homens se aproximavam da trilha…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/D83bD6L/aaranhaeafe.jpg" alt="aaranhaeafe" class="align-center"/></p>
<p>Uma vez um homem estava sendo perseguido por vários malfeitores que queriam matá-lo.<br/> O homem, correndo, virou em um atalho que saía da estrada e entrava pelo meio do mato e, no desespero, elevou uma oração a Deus da seguinte maneira:<br/> - Deus Todo Poderoso, fazei com que dois anjos venham do céu e tapem a entrada da trilha para que os bandidos não me matem!!!<br/> Nesse momento escutou que os homens se aproximavam da trilha onde ele se escondia e viu que na entrada da trilha apareceu uma minúscula aranha.<br/> A aranha começou a tecer uma teia na entrada da trilha.<br/> - Senhor, eu vos pedi anjos, não uma aranha. Senhor, por favor, com tua mão poderosa coloca um muro forte na entrada desta trilha, para que os homens não possam entrar e me matar...<br/> Então ele abriu os olhos esperando ver um muro tapando a entrada e viu apenas a aranha tecendo a teia.<br/> Os malfeitores estavam entrando na trilha, na qual ele se encontrava, e ele estava esperando apenas a morte.<br/> Quando passaram em frente da trilha o homem escutou:<br/> - Vamos, entremos nesta trilha.<br/> - Não, não está vendo que tem até teia de aranha? Nada entrou por aqui. Continuemos procurando nas próximas trilhas.</p>
<p>Fé é crer no que não se vê, é perseverar diante do impossível.<br/> Às vezes pedimos muros para estarmos seguros, mas Deus pede que tenhamos confiança n'Ele para deixar que Sua Glória se manifeste e faça algo como uma teia, que nos dá a mesma proteção de uma muralha.<br/> Nunca desanime em meio às lutas, siga em frente, pois Deus disse: "diga ao fraco que Eu sou forte".<br/> São nos momentos mais difíceis que encontramos em Deus a nossa força.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Autor desconhecido</p>
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<p></p>A visita do anjotag:adulmigos.ning.com,2023-01-08:3625305:BlogPost:11914652023-01-08T18:32:52.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="99cc75" class="align-center" src="https://i.ibb.co/thSXSzy/99cc75.png"></img></p>
<p>Um homem estava a pegar nas chaves do carro (a mulher já tinha saído para levar as crianças à escola) quando tocaram à campainha.</p>
<p>Irritado, pois já se atrasara bastante, ele abre a porta:</p>
<p>— Sim?</p>
<p>O ser andrógino, belo e feio, alto e baixo, negro e louro, faz um sinalzinho dobrando o indicador:</p>
<p>— Vim buscar-te.</p>
<p>Não era preciso explicar, o homem entendeu logo: o Anjo da Morte estava ali, e não havia…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/thSXSzy/99cc75.png" alt="99cc75" class="align-center"/></p>
<p>Um homem estava a pegar nas chaves do carro (a mulher já tinha saído para levar as crianças à escola) quando tocaram à campainha.</p>
<p>Irritado, pois já se atrasara bastante, ele abre a porta:</p>
<p>— Sim?</p>
<p>O ser andrógino, belo e feio, alto e baixo, negro e louro, faz um sinalzinho dobrando o indicador:</p>
<p>— Vim buscar-te.</p>
<p>Não era preciso explicar, o homem entendeu logo: o Anjo da Morte estava ali, e não havia como escapar. Mas, acostumado a negociações, mesmo perturbado ele rapidamente pensou que era cedo, cedo demais, e tentou argumentar:</p>
<p>— Mas, como, o quê? Agora, assim, sem aviso, sem nada? Nem um prazo decente?</p>
<p>O Anjo sorri um sorriso bondoso e perverso, suspira e diz:</p>
<p>— Mas ninguém tem a originalidade de me receber com simpatia neste mundo? Nunca ninguém está preparado? Está certo que só tens quarenta anos, mas mesmo os de oitenta...</p>
<p>O homem agarrou mais firmemente a chave do carro que acabara por encontrar no bolso do casaco, e insistiu:</p>
<p>— Vá lá, dá-me uma oportunidade.</p>
<p>O Anjo teve pena, aquele grandalhão estava realmente apavorado. Ah, os humanos... Então teve um acesso de bondade e concedeu:</p>
<p>— Tudo bem. Eu dou-te uma oportunidade, se me deres três boas razões para não vires comigo desta vez.</p>
<p>(Passaria um brilho malicioso nos olhos azuis e negros daquele Anjo?)</p>
<p>O homem aprumou-se, claro, sabia que ia dar resultado, sempre fora um bom negociador. Mas, quando abriu a boca para começar a sua ladainha de razões – muito mais que três, ah sim – o Anjo ergueu um dedo imperioso:</p>
<p>— Espera aí. Três boas razões, mas... não vale dizer que os teus negócios precisam de ser organizados, a tua mulher nem sabe assinar cheques, os teus filhos nada conhecem da realidade. O que interessa és tu, tu mesmo. Porque valeria a pena deixar-te ainda aqui por algum tempo?</p>
<p>Já narrei esta fábula noutro livro e, nele, quem abria a porta era uma mulher. A objeção que o Anjo lhe fazia antes de ela começar a recitar os seus motivos era:</p>
<p>— Não vale dizer que é porque o marido e os filhos precisam de ti...</p>
<p>Muitas vezes contei esta historiazinha, e inevitavelmente homens e mulheres ficam surpresos e pensativos, sem resposta imediata ainda que de brincadeira.</p>
<p>E nós? Com que argumentos persuadiríamos o anjo visitante de ainda não nos levar? Eles seriam falsos, inventados no momento, ou brotariam da nossa eventual contemplação – e reavaliação – da vida, e do sentido de tudo, dos nossos projetos e esperanças?</p>
<p>Isto é, se acaso alguma vez interrompemos a nossa agitação para fazer um questionamento destes. Pois, em geral, atordoamo-nos na agitação dos media, da moda, do consumo, da corrida pelo melhor salário, melhor lugar, melhor mesa no restaurante, melhor modo de enganar o outro e subir.</p>
<p>Ainda que infimamente no nosso ínfimo posto.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Lya Luft<br/> Pensar é transgredir<br/>
Lisboa, Presença, 2005</p>
</div>
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<p></p>Natal Antigotag:adulmigos.ning.com,2022-12-24:3625305:BlogPost:11900372022-12-24T14:39:53.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="Natal Antigo" class="align-center" src="https://i.ibb.co/ZXs7W4g/natalantigo.jpg"></img></p>
<p>Estamos a três dias do Natal e dou comigo a lembrar os tempos em que os presépios tinham musgo apanhado pelos campos, pratas ou vidros que imitavam água, toscas figuras de barro pintado. E tudo fazia sentido, numa composição virada para uma criança recém-nascida, esperança e paz deste mundo.</p>
<p>Não havia Pai Natal nem árvore. Todos os preparativos eram feitos na noite de 24. Grandes alguidares onde se batiam os sonhos e, no lume,…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/ZXs7W4g/natalantigo.jpg" alt="Natal Antigo" class="align-center"/></p>
<p>Estamos a três dias do Natal e dou comigo a lembrar os tempos em que os presépios tinham musgo apanhado pelos campos, pratas ou vidros que imitavam água, toscas figuras de barro pintado. E tudo fazia sentido, numa composição virada para uma criança recém-nascida, esperança e paz deste mundo.</p>
<p>Não havia Pai Natal nem árvore. Todos os preparativos eram feitos na noite de 24. Grandes alguidares onde se batiam os sonhos e, no lume, a canja da galinha criada no quintal. Bem antes de deitar, a chaminé era limpa, enfeitada, e os sapatos brilhantes ficavam ali à espera. Na verdade, a espera era nossa, das crianças. O que estaria lá de manhã? Doces, um brinquedo talvez? Um livro, sempre, a partir da idade de os saber compreender.</p>
<p>Porque me lembrei deste Natal frio, sem grandes enfeites, sem grandes brilhos, feito com os parcos recursos disponíveis? Que vou pedir à estrela que brilhar no céu nessa noite?</p>
<p>Tenho que voltar à simplicidade da infância, aquela época em que o Natal era humilde como sempre devia ter sido. Só isso. E a paz tranquila desses tempos.</p>
<p>Será esse o meu pedido de Natal, o meu voto de Ano Novo. A possibilidade de viver em paz comigo e com os outros.</p>
<p>Será possível pedir algo mais este ano?</p>
<p></p>
<p class="poeta">V. V.</p>
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<p></p>Não fique tristetag:adulmigos.ning.com,2022-12-14:3625305:BlogPost:11891162022-12-14T18:47:30.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="Amigo não tira a paz" class="align-center" src="https://i.ibb.co/NFqDCG9/Nuance.jpg"></img></p>
<p>Não fique triste! Procure o conforto que o céu dá a todos aqueles que se conformam e aceitam as dores com resignação.<br></br> Se aquela criatura que você ama acima de tudo, mais do que você mesmo, foi ingrata com você, não fique triste:<br></br> peça que o Pai a ajude e que ela se torne cada vez mais feliz...<br></br> Entregue ao Pai Todo-Compreensivo aqueles a quem você ama,<br></br> e ame-os você também.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Minutos de…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/NFqDCG9/Nuance.jpg" alt="Amigo não tira a paz" class="align-center"/></p>
<p>Não fique triste! Procure o conforto que o céu dá a todos aqueles que se conformam e aceitam as dores com resignação.<br/> Se aquela criatura que você ama acima de tudo, mais do que você mesmo, foi ingrata com você, não fique triste:<br/> peça que o Pai a ajude e que ela se torne cada vez mais feliz...<br/> Entregue ao Pai Todo-Compreensivo aqueles a quem você ama,<br/> e ame-os você também.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Minutos de Sabedoria - 215</p>
</div>
</center>
<p></p>Vamos Rezar a Oração para o nosso Anjo da Guarda...tag:adulmigos.ning.com,2022-12-14:3625305:BlogPost:11891112022-12-14T18:34:35.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="Amigo não tira a paz" class="align-center" src="https://i.ibb.co/jVGPmD3/Angel.jpg"></img></p>
<p>Santo Anjo da Guarda, meu poderoso protetor,<br></br> guardai-me sempre na paz de vosso amor.</p>
<p>Dos perigos, livrai-me;<br></br> do mal, libertai-me;<br></br> e nos momentos de angústia, consolai-me!</p>
<p>Durante o sono, velai sobre o meu descanso,<br></br> não deixais o mal de mim se aproximar.<br></br> Sob as asas do seu amor,<br></br> possa meus sonhos habitar!</p>
<p>Nesta noite de luz, afugentai as trevas do medo,<br></br> afastai também as…</p>
</div>
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<p></p>
<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/jVGPmD3/Angel.jpg" alt="Amigo não tira a paz" class="align-center"/></p>
<p>Santo Anjo da Guarda, meu poderoso protetor,<br/> guardai-me sempre na paz de vosso amor.</p>
<p>Dos perigos, livrai-me;<br/> do mal, libertai-me;<br/> e nos momentos de angústia, consolai-me!</p>
<p>Durante o sono, velai sobre o meu descanso,<br/> não deixais o mal de mim se aproximar.<br/> Sob as asas do seu amor,<br/> possa meus sonhos habitar!</p>
<p>Nesta noite de luz, afugentai as trevas do medo,<br/> afastai também as tentações,<br/> para que minha alma tranquila<br/> descanse sem aflições.</p>
<p>E que no alvorecer de um novo dia,<br/> eu acorde feliz e restaurado,<br/> e seja para o mundo<br/> testemunha de ser sempre por vós amado!<br/> Amém</p>
<p></p>
<p class="poeta">Oração</p>
</div>
</center>
<p></p>Amigo não tira a paztag:adulmigos.ning.com,2022-12-11:3625305:BlogPost:11880682022-12-11T01:20:31.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="Amigo não tira a paz" class="align-center" src="https://i.ibb.co/P5Gx20H/Degrade.jpg"></img></p>
<p>Amigo não tira a paz, não invade o espaço.<br></br> Amigo é calmaria é medida certa.<br></br> Amigo não chega de hora em hora para cutucar com assuntos que doem.<br></br>
Amigo abraça na dor e silencia quando machuca, sente junto e só.<br></br>
Amigo não usa meias palavras, palavra de amigo é inteira.<br></br>
Amigo não expõe o outro diante dos olhos e ouvidos alheios.<br></br>
Amigo acolhe o silêncio da gente.<br></br>
Amigo é anjo que nos abraça quando a…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/P5Gx20H/Degrade.jpg" alt="Amigo não tira a paz" class="align-center"/></p>
<p>Amigo não tira a paz, não invade o espaço.<br/> Amigo é calmaria é medida certa.<br/>
Amigo não chega de hora em hora para cutucar com assuntos que doem.<br/>
Amigo abraça na dor e silencia quando machuca, sente junto e só.<br/>
Amigo não usa meias palavras, palavra de amigo é inteira.<br/>
Amigo não expõe o outro diante dos olhos e ouvidos alheios.<br/>
Amigo acolhe o silêncio da gente.<br/>
Amigo é anjo que nos abraça quando a gente desaprende a voar.<br/>
Amigo é laço e não nó, amigo é "PRESENTE".</p>
<p></p>
<p class="poeta">Rita Maidana</p>
</div>
</center>
<p></p>O Impossível Carinhotag:adulmigos.ning.com,2022-12-11:3625305:BlogPost:11880662022-12-11T01:13:09.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="O Impossível Carinho" class="align-center" src="https://i.ibb.co/MfD4xZ3/Susan.jpg"></img></p>
<p>O Impossível Carinho<br></br> Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo<br></br> Quero apenas contar-te a minha ternura<br></br>
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás<br></br>
Eu te pudesse repor<br></br>
Eu soubesse repor<br></br>
No coração despedaçado<br></br>
As mais puras alegrias de tua infância!</p>
<p></p>
<p class="poeta">Manuel…</p>
</div>
</center>
<p></p>
<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/MfD4xZ3/Susan.jpg" alt="O Impossível Carinho" class="align-center"/></p>
<p>O Impossível Carinho<br/> Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo<br/>
Quero apenas contar-te a minha ternura<br/>
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás<br/>
Eu te pudesse repor<br/>
Eu soubesse repor<br/>
No coração despedaçado<br/>
As mais puras alegrias de tua infância!</p>
<p></p>
<p class="poeta">Manuel Bandeira</p>
</div>
</center>
<p></p>Os contos de fadas são assimtag:adulmigos.ning.com,2022-12-10:3625305:BlogPost:11885602022-12-10T21:30:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="L-Ile-Feerique" class="align-center" src="https://i.ibb.co/CBxnBrg/L-Ile-Feerique.jpg" width="100%"></img></p>
<p>Os contos de fadas são assim.<br></br> Uma manhã, a a gente acorda<br></br> E diz: "era só um conto de fadas..."<br></br>
E a gente sorri de si mesma.<br></br>
Mas, no fundo, não estamos sorrindo.<br></br>
Sabemos muito bem que os contos de fadas<br></br>
São a única verdade da vida.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Antoine de…</p>
</div>
</center>
<p></p>
<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/CBxnBrg/L-Ile-Feerique.jpg" width="100%" alt="L-Ile-Feerique" class="align-center"/></p>
<p>Os contos de fadas são assim.<br/> Uma manhã, a a gente acorda<br/>
E diz: "era só um conto de fadas..."<br/>
E a gente sorri de si mesma.<br/>
Mas, no fundo, não estamos sorrindo.<br/>
Sabemos muito bem que os contos de fadas<br/>
São a única verdade da vida.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Antoine de Saint-Exupéry</p>
</div>
</center>
<p></p>O valioso tempo dos madurostag:adulmigos.ning.com,2022-12-10:3625305:BlogPost:11880562022-12-10T18:52:38.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="O valioso tempo dos maduros" class="align-center" src="https://i.ibb.co/VtfCHdm/unnamed.jpg" style="border: 5px double #555;"></img></p>
<p>Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.</p>
<p>Tenho muito mais passado do que futuro.</p>
<p>Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.</p>
<p>As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.</p>
<p>Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.</p>
<p>Não quero estar em reuniões onde desfilam egos…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/VtfCHdm/unnamed.jpg" alt="O valioso tempo dos maduros" class="align-center" style="border: 5px double #555;"/></p>
<p>Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.</p>
<p>Tenho muito mais passado do que futuro.</p>
<p>Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.</p>
<p>As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.</p>
<p>Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.</p>
<p>Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.</p>
<p>Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.</p>
<p>Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.</p>
<p>Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.</p>
<p>Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.</p>
<p>Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana: que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.</p>
<p>O essencial faz a vida valer a pena.</p>
<p>E para mim, basta o essencial!</p>
<p></p>
<p class="poeta">Mário de Andrade</p>
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<p></p>O dia mais belo: hojetag:adulmigos.ning.com,2022-10-25:3625305:BlogPost:11820372022-10-25T22:09:42.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="Sky-Blue" class="align-center" src="https://i.ibb.co/PrSV1yC/Sky-Blue.jpg"></img></p>
<p>O dia mais belo: hoje<br></br> A coisa mais fácil: errar<br></br> O maior obstáculo: o medo<br></br> O maior erro: o abandono<br></br> A raiz de todos os males: o egoísmo<br></br> A distração mais bela: o trabalho<br></br> A pior derrota: o desânimo<br></br> Os melhores professores: as crianças<br></br> A primeira necessidade: comunicar-se<br></br> O que traz felicidade: ser útil aos demais<br></br> O pior defeito: o mau humor<br></br> A pessoa mais perigosa: a mentirosa…<br></br></p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/PrSV1yC/Sky-Blue.jpg" alt="Sky-Blue" class="align-center"/></p>
<p>O dia mais belo: hoje<br/> A coisa mais fácil: errar<br/> O maior obstáculo: o medo<br/> O maior erro: o abandono<br/> A raiz de todos os males: o egoísmo<br/> A distração mais bela: o trabalho<br/> A pior derrota: o desânimo<br/> Os melhores professores: as crianças<br/> A primeira necessidade: comunicar-se<br/> O que traz felicidade: ser útil aos demais<br/> O pior defeito: o mau humor<br/> A pessoa mais perigosa: a mentirosa<br/> O pior sentimento: o rancor<br/> O presente mais belo: o perdão<br/> o mais imprescindível: o lar<br/> A rota mais rápida: o caminho certo<br/> A sensação mais agradável: a paz interior<br/> A maior proteção efetiva: o sorriso<br/> O maior remédio: o otimismo<br/> A maior satisfação: o dever cumprido<br/> A força mais potente do mundo: a fé<br/> As pessoas mais necessárias: os pais<br/> A mais bela de todas as coisas: O AMOR!</p>
<p></p>
<p class="poeta">Madre Teresa de Calcutá<br/>Fonte: <a href="https://www.pensador.com/frase/NjQ2NDI/" target="_blank" rel="noopener">Pensador.com/autor/madre_teresa_de_calcuta</a></p>
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<p></p>O que me assusta não são os fantasmastag:adulmigos.ning.com,2022-10-25:3625305:BlogPost:11819512022-10-25T22:04:42.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="The-Haunted-Mansion" class="align-center" src="https://i.ibb.co/27mJ9bn/The-Haunted-Mansion.jpg"></img></p>
<p>O que me assusta não são os fantasmas, espíritos, assombrações, os ectoplasmas, nem os ditos "demónios", mas sim os "egotistas" tomados de idiotismo, que tiram suas próprias conclusões maldosas, disseminando a discórdia. Alguns seres geram conflitos a sua volta ou na sociedade em que vive devido as suas opiniões oriundas de seus "eus" maquiavélicos e repugnantes, e isso nada mais é que, caráter de gente mesquinha, mentirosa,…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/27mJ9bn/The-Haunted-Mansion.jpg" alt="The-Haunted-Mansion" class="align-center"/></p>
<p>O que me assusta não são os fantasmas, espíritos, assombrações, os ectoplasmas, nem os ditos "demónios", mas sim os "egotistas" tomados de idiotismo, que tiram suas próprias conclusões maldosas, disseminando a discórdia. Alguns seres geram conflitos a sua volta ou na sociedade em que vive devido as suas opiniões oriundas de seus "eus" maquiavélicos e repugnantes, e isso nada mais é que, caráter de gente mesquinha, mentirosa, fofoqueira, nojenta e falsos moralistas que gosta de ver o circo pegar fogo! Isso também ocorre devido às suas más interpretações dos fatos ou causas, onde tudo parece ser proposital, digno de gente de má índole. Escuta e olha tudo de forma tão distorcida que a informação que chega à sua massa cefálica automaticamente é refletida no som de suas palavras mordazes e diabólicas, criando na mente dos fracos uma cena contraditória e patética do que realmente está acontecendo. Por que tudo isso me assusta?<br/> Na verdade, o que é assustador é imaginar que as pessoas um dia deixem de ser chamado de SERES HUMANOS, e passem a serem chamados de SERES TREVOSOS.<br/>
Salve os cegos, surdos e mudos!</p>
<p></p>
<p class="poeta">Mislene lopes<br/> Fonte: <a href="https://www.pensador.com/frase/MTA4OTIzMQ/" target="_blank" rel="noopener">Pensador.com/autor/mislene_lopes</a></p>
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</center>O meu jardim secretotag:adulmigos.ning.com,2022-10-22:3625305:BlogPost:11816432022-10-22T16:30:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="omeujardimsecreto1.png" class="align-center" src="https://i.ibb.co/WfDs7q7/omeujardimsecreto1.png"></img></p>
<p>O meu nome é João. A minha família tinha um pequeno armazém numa ruazinha próxima a uma rua movimentada. Os meus pais viviam ocupados e eu tinha asma, por isso passava a maior parte do tempo no sótão. Gostava muito de desenhar e adorava debruçar-me na janela a observar uma misteriosa área verde que havia na vizinhança, bem perto de casa.<br></br> Essa área pertencera a uma fábrica, agora abandonada, cercada por muros altos, e nela havia…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/WfDs7q7/omeujardimsecreto1.png" alt="omeujardimsecreto1.png" class="align-center"/></p>
<p>O meu nome é João. A minha família tinha um pequeno armazém numa ruazinha próxima a uma rua movimentada. Os meus pais viviam ocupados e eu tinha asma, por isso passava a maior parte do tempo no sótão. Gostava muito de desenhar e adorava debruçar-me na janela a observar uma misteriosa área verde que havia na vizinhança, bem perto de casa.<br/> Essa área pertencera a uma fábrica, agora abandonada, cercada por muros altos, e nela havia muitas árvores grandes cobertas por frondosas trepadeiras. Que bosque misterioso! Embora a maioria das pessoas não pudesse entrar, parecia que muitos animais moravam lá. Durante o dia, ou à noite, depois da chuva ou sob a luz da lua, havia diferentes sons que vinham do bosque...</p>
<p>Às vezes eu ouvia muitos sussurros, e era como se estivessem a contar-me um segredo. Então, deitava-me na minha cama e ficava a ouvir, atentamente... Quando os sons se aproximavam mais da minha janela, eu ficava bem quietinho e respirava em silêncio até o som desaparecer.<br/> E todos os dias perguntava a mim mesmo: "Que animais vivem no bosque?".<br/>
Mesmo a minha mãe, que cresceu nas montanhas, dizia muitas vezes, enquanto lavava a louça:<br/>
— Porque é que eu ouço o som de um texugo bebé, se esses animais só vivem nas florestas?<br/>
A minha mãe também achava aqueles barulhos estranhos...</p>
<p><img src="https://i.ibb.co/KFgYvGS/omeujardimsecreto2.png" alt="omeujardimsecreto2" class="align-center"/></p>
<p>Uma senhora gentil, que era freguesa do armazém, comentava:<br/> — Este bosque é tão bonito! Sempre que passo por ele, não consigo evitar de parar um pouquinho e de ficar a apreciar a vista.<br/>
A minha mãe respondia:<br/>
— As árvores crescem muito próximas umas das outras. Deve haver alguns animais estranhos no bosque.</p>
<p>Sempre que eu ouvia as palavras de minha mãe, uma linda imagem formava-se na minha cabeça. Imaginava que, à noite, quando as pessoas estavam a dormir, todos os animais saíam do bosque e brincavam entre as árvores à beira da estrada e no parque. Os animais das montanhas próximas também desciam e iam para o bosque à procura de aventuras.<br/> E, como o bosque era bem perto de minha casa, quando estava calor, os sapos tomavam um bom banho na pia da cozinha de minha mãe. Os passarinhos voavam e comiam o arroz que caía no chão.<br/>
Uma gata listrada desfilava com frequência pela nossa casa e subia para o telhado para tomar banhos de sol. Certa vez, chegou mesmo a ter uma ninhada num armário nosso!</p>
<p>Um dia, ao abrir a porta do sótão, encontrei um esquilo sentado no parapeito da janela. Olhei para ele, e ele virou a cabeça para olhar para mim. Depois de nos encararmos durante três segundos, fugiu por um galho de árvore acima. Havia, no parapeito, sementes pequenas e grandes que, provavelmente, o esquilo deixou para trás.<br/> A minha mãe pegou nas sementes e disse:<br/>
— Todas as árvores crescem de uma sementinha como esta!<br/>
Surpreso, olhei para aquelas sementes mágicas e plantei-as em vasos, regando-as diariamente, e esperando que elas brotassem.<br/>
Por causa do bosque, a minha casa tornou-se um lugar muito interessante. Todos os dias acontecia alguma coisa bem emocionante! E, por isso, decidi transformar o bosque no meu jardim secreto, no meu refúgio!</p>
<p>Numa tarde de outono, o bosque estava forrado com lindas flores amarelas e eu decidi ir à procura de algumas sementes para plantar nos meus vasos. Usei uma corda para descer para o outro lado do muro.<br/> E foi a primeira vez que entrei no meu jardim secreto!<br/>
Peguei em algumas sementes e olhei curioso para o grande bosque.<br/>
Quando eu passava por debaixo de uma figueira, ouvi ruídos vindos do topo da árvore, como se muitos pezinhos estivessem a fugir...<br/>
Fiquei tão assustado que nem olhei para trás.<br/>
Corri logo para o meu sótão! Talvez o bosque fosse um refúgio para os animais, e as pessoas não devessem entrar sem serem convidadas. Ou talvez as mães dos animais lhes tenham dito para não se aproximarem de estranhos, assim como a minha mãe me dizia.</p>
<p><img src="https://i.ibb.co/NW6t6KW/omeujardimsecreto3.png" alt="omeujardimsecreto3" class="align-center"/></p>
<p>Então decidi não mais voltar ao bosque.<br/> Bastava-me olhar para o refúgio, que era meu e dos animais, ouvir os seus misteriosos sons e sentir o cheiro fresco das plantas e flores... E sentia-me feliz!</p>
<p>Certo dia, acordei com um forte barulho e com o brilho do sol entrando no meu quarto. Abri a janela e vi que as árvores e as flores do bosque tinham sido quase que totalmente cortadas. Uma escavadora agitava a sua garra gigante.<br/> Fiquei chocado e furioso.<br/>
A correr, desci as escadas e vi que os homens haviam colocado todos os galhos cortados numa pilha desordenada. As folhas que costumavam dançar ao vento estavam agora caídas no chão.<br/>
— Por que cortaram as árvores? — gritei para os trabalhadores.<br/>
O dono do terreno, que estava por ali, disse:<br/>
— Vamos levantar um grande prédio aqui, e essas árvores iriam bloquear os trabalhos.<br/>
— Mas não podem cortar esta árvore!<br/>
Com os braços ao redor do tronco, tentei proteger a velha figueira.<br/>
— Este terreno não é teu! — respondeu o dono, dando pontapés à árvore.<br/>
— Mas ela pertence a todos nós!<br/>
Eu estava tão nervoso que as minhas mãos até tremiam.<br/>
Mas arrastaram-me e empurraram-me para fora do lugar.</p>
<p>A minha mãe correu para mim e abraçou-me.<br/> — O que aconteceu, João?<br/>
— Acabou, mãe! O nosso refúgio foi destruído!<br/>
Solucei e gritei durante o caminho até ao sótão.<br/>
Naquela noite, fiz um desenho após outro. Mas o meu coração não encontrava paz!<br/>
A escavadora trabalhava todos os dias.<br/>
Entre cabos de aço e cimento, um enorme monstro crescia, crescia e... crescia.<br/>
As folhagens das árvores iam desaparecendo, e eu não podia mais sentir o cheiro fresco de relva trazido pelo vento. As pétalas amarelas pararam de flutuar ao vento.<br/>
E, em silêncio, fechei a minha cortina.</p>
<p><img src="https://i.ibb.co/T4b2hkk/omeujardimsecreto4.png" alt="omeujardimsecreto4" class="align-center" style="float: left;" width="340" height="360"/></p>
<p>Naquele inverno, a minha asma voltou. E, por isso, limitava--me a ficar no meu pequeno sótão, observando a imensa sombra do lado de fora da janela. E as sombras também começaram a envolver o meu coração.</p>
<p>Certa manhã, ouvi um som familiar do lado de fora da minha janela. Abri as cortinas e vi muitos pequenos brotos que cresciam nos vasos, no parapeito da minha janela. E como eles brilhavam sob a luz do sol! Sabia agora que ia voltar a ver, da minha janela, o verde que pensara para sempre perdido!</p>
<p style="text-align: right;">You-Ran Zhang</p>
<p><em>Durante a minha infância, uma pequena floresta preenchia a minha imaginação. Era o meu refúgio. Havia tantas árvores bonitas! No outono, o brilho da árvore Flor de Ouro, com as suas pequenas flores amarelas, iluminava toda a floresta. Percebi que as árvores sorriam para mim. As flores amarelas logo se transformavam em fios de sementes vermelhas em formato de vagem, o presente mais precioso que as árvores podiam oferecer-me! Durante o dia, a luz do sol era filtrada por entre o topo das árvores e os raios multicoloridos davam à floresta um ar misterioso. À noite, os sons de corujas, sapos e outros animais misturavam-se numa sinfonia, estimulando a minha imaginação.<br/> Mas, numa certa manhã, o som estridente de uma serra elétrica sacudiu-me e acordou-me, enquanto destruía a minha amiga de infância — a floresta. A escola primária do final da alameda decidira derrubar a exuberante floresta para "limpar o ambiente"! Apesar dos meus protestos e empenho para tentar salvar as árvores, eles continuaram a destruir a floresta toda. Sentia-me profundamente ferido. Tomado pela tristeza, também eu me sentia doente.<br/>
Queria tanto fazer algo por aquela pequena floresta e, assim, encontrar uma maneira de cicatrizar o meu coração ferido!<br/>
Decidi então escrever este livro em memória da minha amizade com a pequena floresta. É uma história que viverá dentro de mim para sempre...</em></p>
<p><em>No passado, muitos relatos semelhantes enfatizaram a destruição de grandes e luxuriantes ambientes. Neste livro, eu pretendo insistir na importância de TODOS cuidarmos do meio ambiente, redescobrindo a beleza de cada recanto do nosso bairro.</em></p>
<p></p>
<p class="poeta">Shu-Nu Yan<br/> Meu jardim secreto<br/>
São Paulo, Editora FTD, 2009<br/>
(Adaptação)</p>
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<p></p>A irmã do Condetag:adulmigos.ning.com,2022-10-18:3625305:BlogPost:11814822022-10-18T13:30:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img class="align-center" src="https://i.pinimg.com/564x/ba/7f/5e/ba7f5e52ef53f833fb844f1c441fb05d.jpg"></img></p>
<p>Tutelada pelos homens através dos tempos, e apesar das conquistas obtidas nas últimas décadas, a Mulher ainda hoje luta para afirmar a sua liberdade.<br></br> Em múltiplas situações tem sido alvo de preconceitos, e é vítima de violência simplesmente por ser Mulher.</p>
<p>A jovem sempre admirara o vizinho, um jovem rei que passava horas a ler no seu jardim particular. Era tão bem-parecido! Se ele olhasse para cima e a notasse ali,…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.pinimg.com/564x/ba/7f/5e/ba7f5e52ef53f833fb844f1c441fb05d.jpg" class="align-center"/></p>
<p>Tutelada pelos homens através dos tempos, e apesar das conquistas obtidas nas últimas décadas, a Mulher ainda hoje luta para afirmar a sua liberdade.<br/> Em múltiplas situações tem sido alvo de preconceitos, e é vítima de violência simplesmente por ser Mulher.</p>
<p>A jovem sempre admirara o vizinho, um jovem rei que passava horas a ler no seu jardim particular. Era tão bem-parecido! Se ele olhasse para cima e a notasse ali, espiando-o pela fresta da sua única janela, fechada por tábuas...</p>
<p>Há muito que sonhava com o dia em que poderia conversar com o seu soberano. Talvez ele também demonstrasse algum interesse por ela...</p>
<p>E assim, de sonho em sonho, a jovem não conseguia esquecer o príncipe. Um sonho impossível, diga-se de passagem, pois o seu irmão, o conde, trancara-a no quarto desde muito nova, logo após a morte dos pais, e espalhara a notícia de que ela também falecera. Tudo para herdar sozinho os bens da família.</p>
<p>Com a prisão, vieram as proibições: a irmã jamais voltaria a ter contato com outras pessoas. O que incluía os criados que lhe passavam água, alimentos e roupas por debaixo da porta. Nenhum deles tinha permissão de lhe dirigir a palavra.</p>
<p>Terá sido talvez por estar presa que a jovem tanto se interessara pelo rei. Era a única pessoa que ela conseguia ver, mesmo de longe, no meio da sua solidão.</p>
<p>Curiosamente, o palácio do rei e o palácio do conde dividiam uma única parede numa mesma lateral de construção. Por sorte, a referida parede era uma das do quarto da jovem. Quando se apercebeu disso, uma ideia foi tomando forma na sua mente.</p>
<p>Arranjaria uma maneira de contactar com ele.</p>
<p>Desde criança, o rei sempre dormira muito pouco, no máximo umas três horas por noite. Ao contrário do que se possa pensar, a falta de sono não o prejudicava. Estava sempre bem-disposto e ainda aproveitava as horas a mais para a leitura, a sua grande paixão.</p>
<p>Possuía, de facto, uma rotina. De madrugada ainda, após dormir o que julgava suficiente, pegava num livro, deixava o quarto e ia para o seu jardim. Aí acendia duas tochas penduradas no muro que dividia com o seu vizinho, o conde, sentava-se num banco de pedra e lia até ao amanhecer.</p>
<p>Numa dessas madrugadas, no final da primavera, descobriu que uma pessoa o observava, parcialmente oculta atrás de uma pilastra. Surpreso, olhou na sua direção. Ninguém ia ao jardim; todos sabiam o quanto o rei valorizava a sua privacidade durante aqueles tranquilos momentos de leitura.</p>
<p>— Quem está aí? — intimou.</p>
<p>Era uma jovem alguns anos mais nova do que ele. De pele muito clara, como se há tempos não tomasse sol, era pequena e delicada.</p>
<p>— Bom dia... — murmurou timidamente.</p>
<p>Viera do interior do palácio real, mas o rei não se lembrava de a ter visto em lugar algum. Talvez fosse uma criada que ainda desconhecesse as regras da casa. O seu vestido simples ajudava a confirmar a sua suposição.<br/> Usava os cabelos delicadamente entrançados, e dela emanava um suave aroma a alfazema. O rei sorriu ao notá-lo.<br/> Diante da sua reação, ela animou-se a sair do esconderijo.</p>
<p>— Posso perguntar de que trata o livro? — perguntou.<br/> — É uma novela de cavalaria.<br/> — Há personagens que sejam príncipes e princesas?<br/> — Várias.<br/> — E perigos?<br/> — Muitos.</p>
<p>Quando se deu conta, o rei falava com interesse sobre o livro, o que geralmente acontece quando se gosta do que se está a ler.</p>
<p>— Desculpe — acabou por dizer. — Falo demais quando fico empolgado.<br/> — É bom ouvi-lo.</p>
<p>Ele sorriu. Ela também.</p>
<p>— Posso emprestar-lhe o livro, se quiser — propôs o rei.<br/> — Não sei ler.<br/> — Desculpe. Esqueci-me de que a maioria das mulheres não sabe ler nem escrever.<br/> — E não lhes é ensinado nada?<br/> — A bordar, e a cuidar da casa e dos filhos.<br/> — Por que motivo não podem também aprender a ler e a escrever?</p>
<p>O rei não encontrou uma resposta. Sempre fora assim e já ninguém se recordava do motivo.</p>
<p>— Fale-me de si — disse para mudar de assunto.</p>
<p>A jovem retraiu-se, mostrando constrangimento. Ele achou melhor não insistir.</p>
<p>— Aproxime-se — pediu. — Vou mostrar-lhe as letras.</p>
<p>Trémula de emoção, ela assentiu. Sentou-se ao seu lado e, mordendo os lábios, esperou que o rei lhe mostrasse o texto.</p>
<p>— Esta é a letra "a" — indicou. — E quando ela se une a outra letra, forma uma sílaba, que formará uma palavra e que poderá dar origem a uma frase e...<br/> — Significa que tudo está ligado entre si?</p>
<p>O rei gostou daquele modo de ver o mundo.</p>
<p>— É verdade, tudo está ligado entre si — concordou. — E cada palavra tem um significado que se une a outro, e que formará um texto que...<br/> — Como se o autor tecesse uma tapeçaria?<br/> — Exato!</p>
<p>Era uma rapariga esperta, e ele admirava pessoas com quem pudesse manter uma conversa inteligente.</p>
<p>Ensinou-lhe outras letras, leu-as em voz alta, soletrou palavras. Não se apercebeu do nascer do sol e os primeiros raios que iluminaram o jardim e os arredores.</p>
<p>— Preciso de me ir embora! — avisou a jovem.</p>
<p>E, antes que ele pudesse impedi-la, correu para o interior do palácio real.</p>
<p>Na madrugada seguinte, a jovem estava de volta. O rei chamou-a para junto de si, ela anuiu e, juntos, retomaram a aula.</p>
<p>Durante semanas, aquela tornou-se a nova rotina noturna do rei. Não fazia perguntas sobre a vida da sua recente aluna para não a constranger. E, durante o dia, também não se preocupava em procurá-la entre os criados, pois eram muitas as tarefas que ocupavam as suas horas de trabalho como governante.</p>
<p>Embora muito apegado aos seus livros, ele decidiu emprestar-lhe um, não sem antes lhe fazer mil recomendações para que não riscasse as páginas e não o abrisse demasiado, para não estragar a encadernação...</p>
<p>Como se carregasse o mais valioso dos tesouros, ela desapareceu depois no interior do palácio, ao nascer do dia.</p>
<p>Demorou bastante a devolvê-lo. Mas, a cada dia, conseguia ler alguns parágrafos e comentava o que lia com o rei. Às vezes não entendia o significado de uma palavra mais difícil, e outras vezes precisava de informações complementares sobre geografia ou outras áreas do saber, para entender certos pormenores da narrativa. À exceção disso, sentia-se empolgada por aquela história repleta de aventura e romance.</p>
<p>Com o tempo, foi começando a ler cada vez mais rapidamente, e o rei emprestou-lhe então um segundo livro. Repetiu as mesmas recomendações apenas por hábito. A jovem provara que sabia cuidar com muito carinho dos livros reais.</p>
<p>— Na história, havia uma princesa que administrava sozinha o próprio reino — comentou ela.<br/> — Ah, é uma grande heroína! Até em armas pega quando a guerra se aproxima e...<br/> — Uma mulher pode governar um reino?<br/> — Se ela tiver direito ao trono, porque não poderá governar?<br/> — O que é "ter direito"?</p>
<p>O jovem recostou-se no banco de pedra. Aquela madrugada fria anunciava a proximidade do inverno. Em breve teriam de mudar para um dos salões do palácio.</p>
<p>Ele falou sobre direitos e deveres, e sobre o que aprendera nos livros de filosofia e de história das civilizações. Quando quis citar um exemplo, emudeceu ao pensar no seu próprio reino, em que os súbditos tinham muito mais deveres do que direitos. As mulheres, então, eram as mais afetadas pelas decisões tomadas pelos homens.</p>
<p>A consciência desse facto deixou-o pensativo. Havia uma enorme diferença entre a teoria que encontrava nos livros e a prática de seu dia a dia como rei.</p>
<p>— Não sei se entendi —admitiu a jovem.<br/> — E eu acho que só agora entendi — admitiu ele também.</p>
<p>Ao amanhecer, quando a viu partir, o rei seguiu-a com olhos cheios de carinho e de admiração. Graças àquela mulher tão especial, entendera o óbvio: que todos os seus súbditos, sem exceção, tinham também o direito de aprender a ler e a escrever.</p>
<p>— Escolas para as meninas também? — estranharam os conselheiros reais.<br/> — Sim, para todos os meninos e todas as meninas -— confirmou o rei. — E para os adultos que ainda não tenham sido alfabetizados. É meu desejo que as escolas se espalhem por todo o reino.</p>
<p>Acatada a ordem, os conselheiros trataram de a fazer cumprir.</p>
<p>Naquela manhã, o rei não conseguiu parar de pensar na jovem. Venceu a tentação de procurá-la entre os criados, desejando ansiosamente a chegada da madrugada.</p>
<p>E também foi naquela manhã que a jovem entendeu que os livros que lia a tornavam mais consciente da realidade. Se havia uma princesa capaz de governar sozinha um reino, por que motivo tinha ela de viver aprisionada desde criança?</p>
<p>Letras, sílabas, palavras, frases, parágrafos, histórias... Se a ajudavam a alçar voos, porque estaria ela impedida de conhecer a liberdade?</p>
<p>Pela primeira vez, ousou pedir a um dos criados que chamasse o conde. Precisava de falar com ele.</p>
<p>O irmão, porém, não apareceu.</p>
<p>Aos poucos, a jovem prisioneira começou a sentir a revolta crescer no seu coração. Sufocava. Precisava com urgência de respirar um pouco de ar puro. Que a madrugada não tardasse!</p>
<p>Horas mais tarde, após a meia-noite, entrou no túnel que escavara na parede e que escondia atrás de uma tapeçaria. Rastejou por alguns minutos até sair do outro lado, já no interior do palácio real, atrás de um imenso quadro no alto de uma das escadarias. Era essa a sua passagem secreta para a felicidade.</p>
<p>Como era hábito, desceu silenciosamente os degraus e escapuliu-se para o jardim.</p>
<p>— Hoje demoraste — queixou-se o rei.</p>
<p>A jovem olhou para cima, para a sua janela fechada por tábuas.</p>
<p>— Vossa Majestade conhece o seu vizinho? — perguntou, sentando-se ao seu lado no banco.<br/> — Sim, claro! É um conde, grande amigo meu. Valoroso cavaleiro, homem honrado, de confiança. Porquê a pergunta?</p>
<p>Uma tristeza imensa invadiu o coração da jovem. O rei jamais iria defendê-la contra um homem tão importante como aquele, ainda mais sendo amigo dele. Para piorar, seria a palavra de uma mulher contra a palavra de um valoroso e honrado cavaleiro, que teria a liberdade de sustentar qualquer mentira que desejasse.</p>
<p>— Por nada — mentiu. — É que vejo sempre aquela janela fechada e pergunto-me porque nunca se abre.<br/> — Que janela? — perguntou o rei, virando-se para observar. — Aquela? Acreditas que nunca reparei que havia ali uma janela?</p>
<p>"Acredito", pensou a jovem, amarga.</p>
<p>— Hoje noto-te agitada — disse o rei. — E muito triste também. O que aconteceu?</p>
<p>Ela forçou um sorriso.</p>
<p>— Não mintas — pediu. — Eu conheço-te.</p>
<p>"Conhece mesmo, majestade?", pensou para si. Com grande esforço, conteve a vontade de chorar.</p>
<p>O rei acariciou-lhe o rosto, tentando adivinhar-lhe os pensamentos. Aproximou-se, a jovem sentiu-lhe a respiração demasiado próxima... E o gosto de um beijo delicioso.</p>
<p>E assim decorreu aquela madrugada...</p>
<p>O rei despertou com a claridade do sol a bater-lhe no rosto. Apesar da habitual falta de sono, adormecera. E ainda por cima ao relento, no meio de um canteiro de flores.</p>
<p>Fazia frio. O rei encolheu-se sob o seu manto e, sentindo ainda o sabor dos beijos da jovem, deu por si sozinho no jardim.</p>
<p>Naquela manhã, resolveu procurá-la por entre a criadagem. Não a encontrou. E o mais intrigante é que não existia nenhuma criada que correspondesse à descrição feita por ele. Na capital do reino, onde se encontrava o palácio real, os guardas também não foram capazes de a encontrar.</p>
<p>— Essa mulher existe mesmo, Majestade? — perguntou o comandante da guarda. — Ninguém desaparece assim tão rapidamente, como se fosse fumo.</p>
<p>O rei não respondeu. Controlou a sua impaciência, certo de que a encontraria de madrugada.</p>
<p>O que ele não podia adivinhar é que, naquela manhã, o conde entrara no quarto da irmã pela primeira vez em muitos anos. Primeiro, discutiu com ela por ter tentado falar com o criado e, depois, por achar que tinha o direito de chamar o irmão.</p>
<p>E foi nesse momento que a prisioneira finalmente entendeu o que significava ter direitos.</p>
<p>— Porque não posso viver em liberdade? — atreveu-se a perguntar.</p>
<p>O conde estreitou os olhos.</p>
<p>— De onde tiraste essa ideia? — perguntou com desconfiança.</p>
<p>Passando em revista o quarto, reparou na fresta entre as tábuas da janela.</p>
<p>— Claro, é a espiares o mundo que arranjas essas ideias — deduziu.</p>
<p>E ordenou imediatamente a um dos criados que trouxesse pregos, martelo e um pedaço de madeira. E, para garantir que não haveria falhas, ele próprio vedou a fresta.</p>
<p>— Agora sim — disse, satisfeito.</p>
<p>Nem mesmo um fio de luz seria capaz de penetrar naquele ambiente opressivo.</p>
<p>— Liberta-me, irmão, por favor! — ela implorou. — Dou-te a minha palavra que não irei reivindicar a minha parte da herança.</p>
<p>O conde pareceu apanhar um choque.</p>
<p>— Onde foste buscar mais essa ideia? — preocupou-se.<br/> — Que ideia?<br/> — De que tens direito à minha fortuna!<br/> — E porque não teria?</p>
<p>Mais uma vez ele passou em revista o aposento, chegando à conclusão de que oferecia muito espaço para a irmã circular.</p>
<p>— Claro, é por teres tanto espaço que te lembraste disso — deduziu.</p>
<p>E ordenou de imediato a um dos criados que trouxesse água, cimento, pá e uma resistente corrente de ferro. E, para garantir uma vez mais que não haveria falhas, ele próprio abriu um buraco no chão, colocou nele uma das extremidades da corrente, preparou o cimento, usou-o para cobrir tudo, e depois prendeu a outra extremidade à volta de um dos tornozelos da irmã.</p>
<p>— Agora sim — disse, mais satisfeito.</p>
<p>Chorosa, a jovem achou preferível guardar silêncio.</p>
<p>— É melhor estares aqui, viva, do que morta, dentro de um caixão — disse-lhe o irmão à laia de conforto. — Não duvides de que te mato se voltares a falar com os criados.</p>
<p>A madrugada veio e a jovem não apareceu. Preocupado, o rei andava de um lado para o outro no jardim. Vigiava a pilastra atrás da qual a jovem se escondera da primeira vez que a vira, observava a porta por onde ela costumava entrar e sair, percorria com os olhos todo o jardim, as paredes externas dos dois palácios vizinhos, e reparou, de súbito, que a janela fechada com tábuas parecia diferente — "parece-me que havia uma fresta ali" — e, cada vez mais nervoso, voltou a concentrar-se na porta.</p>
<p>O dia mal tinha acabado de nascer e já ele ordenava aos guardas que partissem em busca da jovem e percorressem todo o reino sem esquecer as zonas mais recônditas.</p>
<p>Novas madrugadas vieram, insones e deprimentes. "Ela nunca mais voltará...", desesperou-se o rei.</p>
<p>Com a chegada do inverno e das suas neves, tornou-se impossível ir ao jardim, o que só aumentou o seu sofrimento.</p>
<p>— Como pode alguém desaparecer desta forma? — perguntava aos seus conselheiros.</p>
<p>Não havia uma resposta. Pelo menos não uma que conhecessem.</p>
<p>O inverno terminou e a tristeza do rei permaneceu, para preocupação dos seus súbditos. Continuava a ser um soberano responsável, cumpridor das suas obrigações e cada vez mais interessado em governar melhor e com mais justiça para todos. Mas o seu abatimento não passava despercebido a quem tinha por ele verdadeira estima.</p>
<p>A primavera trouxe-lhe em seguida madrugadas agradáveis que ele passou no jardim, tentando distrair-se com as suas leituras. "Sinto que algo de terrível lhe deve ter acontecido", pensava frequentemente. "Ela precisa de mim!"</p>
<p>Mas foi somente numa madrugada quente de verão que o comandante da guarda apareceu no jardim empunhando um livro.</p>
<p>— É vosso, não é, Majestade? —quis confirmar.</p>
<p>Sim, era. E justamente o último que emprestara à jovem.</p>
<p>— O-onde conseguiu isso, comandante?<br/> — Venha comigo, Majestade. É melhor ver com os seus próprios olhos.</p>
<p>No alto de uma das escadarias do palácio real, um guarda esperava por eles. Segurava uma criança adormecida e embrulhada num vestido.</p>
<p>— O livro estava junto com este recém-nascido, que encontrámos aqui mesmo, aos pés daquele quadro — explicou o comandante, ao mesmo tempo que indicava a pintura do austero bisavô do rei, de coroa na cabeça e pose majestosa.</p>
<p>— E porque abandonariam uma criança? — perguntou o rei, confuso, dirigindo-se ao guarda, que reprimia um sorriso. — Foi você que o encontrou?<br/> — Sim, Majestade.<br/> — E viu mais alguém? A mãe dele, talvez?<br/> — Majestade, nós temos uma teoria — disse o comandante. — Este bebé tem poucas horas de vida. E se o senhor fizer as contas... Bom, a jovem que procuramos desapareceu há mais ou menos nove meses.<br/> — E o que tem isso a ver com?...<br/> — O bebé é a sua cara, Majestade! — atropelou o guarda, sem poder conter-se mais.</p>
<p>O rei franziu a testa. De súbito, encontrou a explicação.</p>
<p>— Porque sou eu o pai — disse, perplexo.<br/> — Essa é a nossa convicção — explicou o comandante. — Achamos que a rapariga deixou o menino aqui, juntamente com o livro, para que Vossa Majestade soubesse quem o trouxe, e depois desapareceu de novo.<br/> — É um menino? — emocionou-se o rei.</p>
<p>O bebé tinha cabelos claros como os seus e o mesmo formato de testa e nariz.</p>
<p>— Vossa Majestade reconhece o vestido que envolve a criança? Pertence à jovem?</p>
<p>Ele encolheu os ombros. Os vestidos pareciam todos iguais!</p>
<p>— E como acha que ela entrou aqui e saiu sem ser vista? — perguntou.<br/> — Ainda não temos uma explicação para isso, Majestade.</p>
<p>O rei franziu as sobrancelhas, analisando o local em que o bebé fora deixado, a parede ao fundo, o quadro do bisavô. Obedecendo a uma intuição, deslocou a pintura para a esquerda.</p>
<p>Surpreso, descobriu que ocultava um túnel aberto no interior de uma estrutura de madeira e pedra, frágil o suficiente para ser escavada com as próprias mãos.</p>
<p>— O que há do outro lado? — quis saber.<br/> — O palácio do conde — disse o comandante.<br/> — Geminado apenas deste lado do nosso palácio, certo?<br/> — Sim, Majestade.<br/> — Parece que o enigma foi solucionado, não? — alegrou-se o guarda, enquanto embalava o bebé numa atitude bastante paternal.<br/> — Ainda não — disse o rei. — Comandante, arranje agora mesmo a planta do palácio do conde. Vou estudá-la e então... Veremos o que de facto está a acontecer.</p>
<p>Após arrastar-se de volta ao quarto, a prisioneira voltou a colocar a corrente em redor do tornozelo. No desespero para salvar o filho que trouxera sozinha ao mundo, torcera o próprio pé para se libertar. A seguir, lutando contra a dor, levara-o ao palácio real. Ali o menino estaria em segurança, tinha a certeza.</p>
<p>Naquela altura, o rei já devia ter-se esquecido dela e, distraído como era, nem se preocuparia em fazer as contas. O menino acabaria no orfanato do reino. Abandonado, mas vivo. Quanto a ela, restava-lhe acreditar que o conde jamais descobriria as suas roupas sujas de placenta e de sangue do parto, que escondera atrás da tapeçaria.</p>
<p>Desde que a ameaçara de morte, ele não voltara a entrar no quarto. Isso permitira que a jovem tivesse uma gravidez sem sobressaltos, apesar do medo crescente. Se o conde descobrisse a criança, iria matá-la, a irmã não tinha a menor dúvida. Seria um herdeiro a menos. Além disso, nunca acreditaria se ela lhe contasse quem era o pai.</p>
<p>E depois, com muita sorte... Se o conde não encontrasse o túnel, e se ela conseguisse lidar com a entorse, que não sabia como tratar... Talvez pudesse sair de vez em quando, furtivamente, para visitar o filho no orfanato.</p>
<p>Essa era a esperança que a mantinha viva. E a única, pois desistira, havia muito, de conhecer a liberdade. Como único homem da família, o conde tinha plenos poderes sobre a irmã. Era a tradição.</p>
<p>Se tentasse fugir, ele cumpriria a promessa de a matar.</p>
<p>O conde ficou muito contente com a visita do rei, que, sem convite, aparecera para jantar. Recebeu-o à porta e, sorridente, conduziu-o ao salão, onde ordenou que os criados lhe servissem a melhor das refeições. Jantaram, conversaram, e o rei riu-se com as piadas que o conde sabia contar como ninguém. Já o serão ia avançado quando o soberano desferiu a pergunta:</p>
<p>— Outro dia, no meu jardim, reparei que uma das janelas do seu palácio está fechada com tábuas. E tentei perceber qual seria o motivo...<br/> — Ah, Majestade — disse o conde, fingindo algum pesar. — Aquele era o quarto da minha irmã mais nova. Lembra-se dela?<br/> — Na verdade, não.<br/> — Ela morreu dias após o falecimento dos meus pais naquele trágico acidente de carruagem. Tão criança ainda... Uma pena.<br/> — Morreu de quê?<br/> — Doente. Era muito frágil, a pobrezinha.<br/> — E porque está a janela trancada?<br/> — O quarto ficou fechado até hoje. Nunca mais tive coragem de lá entrar.<br/> — E faz tempo, não? Uns dez anos?<br/> — Sim.<br/> — Se estivesse viva, quantos anos teria a sua irmã?<br/> — Seria uma jovem.</p>
<p>Encheram as suas taças de vinho e brindaram à memória dos parentes falecidos. O rei elogiou a bebida, e perguntou se poderia visitar a adega. Envaidecido, o conde disse que seria uma honra mostrar-lhe o local.</p>
<p>Deixaram o salão, indo o conde à frente, enquanto discorria sobre vinhos e exibia os seus conhecimentos sobre o assunto. À entrada da adega, virou-se para o rei e, espantado, constatou que estava sozinho.</p>
<p>Durante o trajeto, o rei tinha virado à esquerda, e subira a correr uma escada. Encontrava-se num dos corredores do palácio a consultar mentalmente a planta que memorizara em pormenor, quando descobriu a porta do único quarto que tinha uma janela fechada com tábuas.</p>
<p>Tentou abri-la. Estava trancada.</p>
<p>— Majestade? — ouviu a voz do conde nos primeiros degraus da escada. — Está perdido?</p>
<p>Com um forte pontapé, o rei arrombou a porta. Como o interior do aposento estava inundado de escuridão, pegou numa das tochas acesas do corredor e entrou.</p>
<p>A mulher que ele amava tinha um dos tornozelos preso a uma corrente. Sentada no chão, junto à janela, tremia de medo. Levou alguns segundos para o reconhecer e, então, sorriu timidamente.</p>
<p>— Ser o soberano não lhe dá o direito de invadir a minha casa! — criticou o conde, surgindo atrás do rei.<br/> — Esta é a sua irmã, não é? Na minha opinião, parece bem viva.<br/> — Isso é assunto de família, Majestade. Como manda a tradição, ela está sob minha tutela.<br/> — E como também manda a tradição, ela está agora sob a tutela do marido. Ou por acaso pretende manter a minha rainha como sua prisioneira?</p>
<p>O conde engasgou-se e, pasmado, só conseguiu balbuciar:</p>
<p>— C-como?</p>
<p>Nesse momento, o comandante da guarda e mais três subordinados saíram de trás de uma tapeçaria. Vinham do túnel, armados e com ar ameaçador.</p>
<p>— Além de rainha, a sua irmã é a mãe do meu primogénito — declarou o rei com tranquilidade. — Atrever-se-ia, caro conde, a separar uma família feliz?</p>
<p>A jovem foi levada para o palácio real, onde pôde reaver o filho e restabelecer-se na companhia do marido e dos inúmeros livros que leriam lado a lado.</p>
<p>Como mandava a tradição, o rei exigiu que o dote do casamento fosse pago pelo único parente homem da sua esposa. O conde nem protestou. Abriu mão de uma quantia considerável, a mesma a que a irmã tinha direito como herdeira da fortuna da família. E teve ainda de suportar o desprezo do reino inteiro, pois os súbditos preferiram ser solidários com uma rainha que se tornou tão admirada como o marido.</p>
<p>Uma mulher que conhecia as letras, as sílabas, as palavras, as frases, os parágrafos...</p>
<p>E as histórias.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Helena Gomes<br/> Princesas, bruxas e uma sardinha na brasa:<br/> contos de fadas para pensar sobre o papel da mulher<br/> São Paulo (SP): Biruta, 2017<br/> (Adaptação)</p>
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</center>A Infânciatag:adulmigos.ning.com,2022-10-12:3625305:BlogPost:11803772022-10-12T13:21:08.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="placer-vista" class="align-center" src="https://i.ibb.co/BNVZ70q/placer-vista.jpg"></img></p>
<p>Se há algo que recordo da minha infância, são as eternas tardes de verão na aldeia. A luz do sol e os passeios pelo bosque com a minha avó.</p>
<p><span style="font-size: 24pt;">A</span> minha avó dizia que eu tinha mãos de pianista. Não é verdade, mas era assim que ela as via. Suponho que as avós têm a capacidade de ver tudo o que de bom há em nós. Tudo aquilo que poderemos chegar a ser.</p>
<p>As suas mãos, em contrapartida, eram…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/BNVZ70q/placer-vista.jpg" alt="placer-vista" class="align-center"/></p>
<p>Se há algo que recordo da minha infância, são as eternas tardes de verão na aldeia. A luz do sol e os passeios pelo bosque com a minha avó.</p>
<p><span style="font-size: 24pt;">A</span> minha avó dizia que eu tinha mãos de pianista. Não é verdade, mas era assim que ela as via. Suponho que as avós têm a capacidade de ver tudo o que de bom há em nós. Tudo aquilo que poderemos chegar a ser.</p>
<p>As suas mãos, em contrapartida, eram grandes, com dedos grossos e toscos. Eram as mãos de alguém que tinha trabalhado a terra desde menina. Eu gostava mais das mãos dela do que das minhas. Eram mãos que pareciam uma casa, um lugar ao qual se regressa.</p>
<p><span style="font-size: 24pt;">A</span> minha avó não pôde ir à escola por culpa da guerra. A guerra dos homens, que rouba o direito às crianças. Mas possuía a sabedoria do campo e das estações. Outro tipo de conhecimento que agora estamos a esquecer.</p>
<p>Um dia, enquanto andávamos por trilhos e caminhos, cruzámo-nos com uma víbora. A minha avó ficou nervosa e gritou: «Pisa-a, pisa-a!» Quando, na verdade, queria dizer precisamente o contrário!</p>
<p>Eu deixei a serpente em paz e, assim, também a serpente nos deixou em paz.</p>
<p>Todos, por vezes, cometemos erros. Incluindo as avós. Ao longo dos anos, apesar das distâncias, dos telefonemas, dos quilómetros, do tempo... voltámos a passear juntos, e recordávamos aquele dia em que nos tínhamos cruzado com uma víbora. Ambos ríamos e a minha avó dizia:</p>
<p>— Eu jamais diria uma coisa dessas! Teria dito, de preferência, «Deixa-a ir, deixa-a ir!»</p>
<p>E eu arreliava-a, e pensava nas suas bonitas mãos, mãos que pareciam uma casa. Um lugar ao qual se regressa.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Adolfo Serra</p>
</div>
</center>E as palmeiras até são nossas!tag:adulmigos.ning.com,2022-10-04:3625305:BlogPost:11799072022-10-04T07:00:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div style="width: 90%; border: 5px double #fff; border-radius: 40px; background: #A0522D; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #BC8F8F, -21px -21px 75px 9px #BC8F8F, 10px 10px 50px 0px #BC8F8F;"><div class="fundofake-luxury" style="width: 100%; border-radius: 40px; font-size: 16pt; color: #fff; text-shadow: 3px 3px 10px #000;"><p></p>
<p><img alt="EMh8-Oj-QXs-AAMfny" class="align-center" src="https://i.ibb.co/SVnBHxt/EMh8-Oj-QXs-AAMfny.jpg" style="width: 90%; border: 0px double #fff; border-radius: 50px; /*box-shadow: 5px 5px 10px 0px #f5f5f5, -5px -5px 20px 0px #FFDEAD, -5px -5px 20px 0px #FFDEAD, 5px 5px 20px 0px #FFDEAD; */ filter: drop-shadow(0px 0px 20px #FFDEAD);"></img></p>
<div style="padding: 20px;"><p>O Dr. Magdy e eu saímos da luz tremeluzente mas suave da floresta…</p>
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<p><img src="https://i.ibb.co/SVnBHxt/EMh8-Oj-QXs-AAMfny.jpg" alt="EMh8-Oj-QXs-AAMfny" class="align-center" style="width: 90%; border: 0px double #fff; border-radius: 50px; /*box-shadow: 5px 5px 10px 0px #f5f5f5, -5px -5px 20px 0px #FFDEAD, -5px -5px 20px 0px #FFDEAD, 5px 5px 20px 0px #FFDEAD; */ filter: drop-shadow(0px 0px 20px #FFDEAD);"/></p>
<div style="padding: 20px;"><p>O Dr. Magdy e eu saímos da luz tremeluzente mas suave da floresta de palmeiras para o sol forte, passámos junto das bananeiras e das últimas cabanas, pela passadeira de orla florida, e fomos ter onde acabava a terra fértil e começa a terra morta. Onde acabavam os jardins floridos e começava a areia seca. Subimos até ao deserto para, lá em cima, visitar, na superfície infinita, as escavações das pirâmides dos antigos faraós resgatadas da areia.</p>
<p>Regressámos ao fim de algumas horas. Parámos na primeira e única cabana das redondezas e saímos do carro. A cabana estava à sombra de três palmeiras particularmente bonitas, de forma que Magdy quis fotografá-las. Focou a máquina e fez clic. Tudo o resto era silêncio.</p>
<p>Nesse silêncio que pairava no ar, entrou, de repente, uma menina pequena. Com cabelos desgrenhados e movimentos ágeis, descalça, escura e magra, aproximou-se em silêncio de Magdy.</p>
<p>— Queres fotografar as palmeiras, mas para isso tens de pagar — disse, quando se pôs à frente dele.</p>
<p>Olhava-o com um olhar desafiador e estendia a mão na sua direção.</p>
<p>— Vai-te embora! — disse Magdy, que mediu a distância com passadas, carregou no botão e depois passou para o outro lado da estrada.</p>
<p>A menina esfarrapada e frágil atravessou-se-lhe no caminho.</p>
<p>Ele afastou-a para o lado como a um cão incómodo. Ela seguiu-o e disse-lhe:</p>
<p>— As palmeiras são nossas — repetia ela, cada vez mais insistente e com a voz subindo de tom. — Se queres tirar-lhes uma fotografia, tens de pagar.</p>
<p>— Vai à fava! — repetiu ele.</p>
<p>A pequena olhou-o, furiosa, e repetiu com uma voz estridente:</p>
<p>— Tens de pagar. As palmeiras são nossas! São as nossas palmeiras!</p>
<p>Magdy, até aí bastante paciente, não suportou aquele tom.</p>
<p>— É atrevida e desavergonhada — disse, virando-se para mim.</p>
<p>Com poucas palavras enxotou a criança, o que a exaltou ainda mais.</p>
<p>Eu não compreendia o que diziam, porque ambos usavam palavras pouco usuais, limitando‑se a lançá-las simplesmente à cara um do outro. Contudo, percebi uma frase que a menina disse, porque, essa frase, disse-a devagar, palavra a palavra, cheia de desprezo e de raiva.</p>
<p>— Vocês são avarentos, como todos os ricos. Avarentos e maus!</p>
<p>Magdy tirou mais uma fotografia e nessa até a menina ficou, pois tinha recuado para junto das palmeiras. Mal se ouviu o disparo da máquina, ela recomeçou de novo, com a voz a tremer de raiva:</p>
<p>— São as nossas palmeiras! E eu, eu… Oh, vocês, ricos!...</p>
<p>Pareceu-me que, no gaguejar selvático, também transparecia medo. Acreditaria ainda aquela criança na antiga crença pagã de que, com a imagem, também se obtinha o domínio do objeto? Perguntei-lhe:</p>
<p>— Tens medo por teres ficado na fotografia?</p>
<p>A menina olhou-me admirada e respondeu-me, subitamente calma:</p>
<p>— Não, não tenho medo nenhum.</p>
<p>E, sem mais uma palavra, regressou à cabana. Segui-a, preocupada, e quis entrar, mas a menina tinha trancado a porta por dentro. Não abriu quando bati. Magdy também se aproximou. Franziu o sobrolho quando se ouviu, saído da cabana, um fraco gemido de recém-nascido.</p>
<p>— Uma criança doente! — disse ele, e pediu à menina que abrisse.</p>
<p>Mas a porta permaneceu fechada. E de nada adiantou um segundo pedido nosso.</p>
<p>— E a mãe que não está junto do filho doente… — disse eu.</p>
<p>— Ela está no campo. Tem de trabalhar.</p>
<p>Em seguida, através da porta, Magdy disse à menina que era médico e que podia ajudar. Mas ela não respondeu. Ficámos parados, indecisos.</p>
<p>Após alguns momentos, ouvimos a menina dizer para a criança:</p>
<p>— Vais morrer e a mãe vai bater-me porque não sei pedir esmola. Os estrangeiros têm muito dinheiro mas não nos dão nada. E as palmeiras até são nossas!</p>
<p></p>
</div>
<p class="poeta">Ilse van Heyst<br/> Lene Mayer-Skumanz (org.)<br/>
Hoffentlich bald<br/>
Wien, Herder Verlag, 1986<br/>
(Tradução e adaptação)</p>
<p></p>
</div>
</div>
</center>
<p></p>Alejotag:adulmigos.ning.com,2022-09-10:3625305:BlogPost:11777312022-09-10T03:17:34.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="alejo.jpg" class="align-center" src="https://i.ibb.co/Kh8qXP5/alejo.jpg"></img></p>
<p>Quando o Alejo chegou às nossas vidas, trazia consigo um misto de esperança e desamparo. Hoje, já com onze anos e cego, continua a ser o mesmo cachorro encantador que resgatámos do abandono.</p>
<p>Apareceu à porta da oficina onde eu trabalhava e ali lhe demos um lar. Como nenhum dos empregados o podia levar para casa, o cãozinho ficava na oficina, onde se tornou mais um companheiro de tarefas. Aos fins-de-semana, revezávamo-nos para…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/Kh8qXP5/alejo.jpg" alt="alejo.jpg" class="align-center"/></p>
<p>Quando o Alejo chegou às nossas vidas, trazia consigo um misto de esperança e desamparo. Hoje, já com onze anos e cego, continua a ser o mesmo cachorro encantador que resgatámos do abandono.</p>
<p>Apareceu à porta da oficina onde eu trabalhava e ali lhe demos um lar. Como nenhum dos empregados o podia levar para casa, o cãozinho ficava na oficina, onde se tornou mais um companheiro de tarefas. Aos fins-de-semana, revezávamo-nos para lhe dar de comer e fazer um pouco de companhia. O Alejo tornou-se um amigo de que gostávamos muito.</p>
<p>Num dia muito triste para todos, fomos informados de que a oficina ia fechar e de que devíamos procurar um novo emprego. O que implicava procurar um novo lar para o Alejo.</p>
<p>Ficámos preocupados com o nosso sustento e com o futuro do nosso amigo velhinho e cego, que não podíamos de forma alguma abandonar. Colámos anúncios nas redondezas, visitámos as clínicas veterinárias mais próximas, perguntamos a amigos, familiares e conhecidos. Em vão. Compreendo que fosse pouco apelativo tomar conta de um cachorro velho e cego. Contudo, ninguém imaginava a recompensa que receberia com a presença do Alejo.</p>
<p>Um dia, apareceu um anjo disfarçado de idoso, que eu já vira caminhar pelo bairro. Aproximou-se para perguntar algo de que já não me recordo e, mal o vi, a minha alma estremeceu.</p>
<p>“É ele!” disse para comigo mesma. Quando comentei o encontro com os meus companheiros de trabalho, acharam que tinha enlouquecido.</p>
<p>— É uma pessoa de idade. Não podes sobrecarregá-lo com o trabalho de ter de cuidar de um cão — argumentaram.</p>
<p>Algo me dizia que o Alejo não seria um peso, muito pelo contrário, mas a cautela impediu-me de ir à procura do idoso. De qualquer modo, também não foi preciso. O anjo disfarçado regressou no dia seguinte com os olhos cheios de esperança.</p>
<p>— Parece que ainda não encontraram um lar para este velho cão — disse a sorrir.</p>
<p>— Ainda não, avozinho — respondi com amabilidade.</p>
<p>— Não precisas de procurar mais, filha. O cão vem viver comigo e vamos entender-nos muito bem.</p>
<p>— Desculpe, avozinho — interrompeu um colega de trabalho. — O Alejo é cego e pode vir a ser uma carga pesada para si, não lhe parece?</p>
<p>— Não creio, filho. Sabes, eu também não vejo bem e ando muito devagarinho. Estou sozinho e preciso de companhia. Precisamos um do outro.</p>
<p>— Tem a certeza, avozinho? — insistiu o meu colega.</p>
<p>— Não tenho qualquer dúvida. Fica descansado que não vou pedir ao cão que me leia o jornal, nem que façamos corridas. Não se fala mais no assunto.</p>
<p>E não se falou mais no assunto. O Alejo levantou-se do chão, aproximou-se do seu novo amigo e lambeu-lhe as mãos.</p>
<p>— Não te vou oferecer luxos, amigo, mas vais ver que ambos ficaremos bem confortáveis — disse o idoso, muito feliz.</p>
<p>Despedimo-nos do nosso querido amigo. Íamos ter saudades dele e, embora estivéssemos contentes por ele ter encontrado um lar, tínhamos medo de que o velhinho estivesse a cometer um erro.</p>
<p>Mas quem estava a cometer um erro eramos nós. O Alejo e o idoso entenderam-se lindamente: faziam companhia um ao outro, caminhavam com o mesmo passo lento, e gostavam muito um do outro. O velhinho não voltou a sentir-se só e o Alejo encontrou um verdadeiro lar.</p>
<p>Quando a oficina fechou portas, todos tínhamos aprendido não só a começar de novo, mas também a dar valor à velhice. Aprendemos que nunca é tarde para dar amor, para cuidar de alguém, para acompanhar e sentir-se acompanhado.</p>
<p>Sobretudo, aprendemos que, quando o passo se torna lento, o melhor mesmo é ter a nosso lado alguém que caminhe com o mesmo ritmo.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Liana Roxana Castello Casali</p>
</div>
</center>
<p></p>Fluo, um corvo diferentetag:adulmigos.ning.com,2022-09-02:3625305:BlogPost:11766542022-09-02T15:30:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div class="gsblogentry"><img alt="T161844-651" class="align-center" src="https://i.ibb.co/88QXGDr/T161844-651.jpg"></img> <br></br> <img alt="T161844-652" src="https://i.ibb.co/80yjn93/T161844-652.jpg" style="width: 230px; float: left;"></img><p></p>
<p></p>
<p>O sol quase desaparecia no horizonte.</p>
<p>Fluo voltou para o seu ramo habitual e reparou que os vizinhos se afastavam dele...</p>
<p>— O que se passa, amigos? Cheiro mal? Pisei a cauda de alguém?</p>
<p>Ninguém respondeu, mas os outros corvos trocaram olhares cúmplices.</p>
<p></p>
<img alt="T161844-653" src="https://i.ibb.co/DtbKtty/T161844-653.jpg" style="width: 230px; float: right;"></img> <br></br>
<p>— Uma imagem com árvore, planta, rebanho</p>
<p>Bem, boa noite! — acrescentou Fluo.</p>
<p>Já dormiam…</p>
</div>
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<p></p>
<center><div class="gsblogentry"><img src="https://i.ibb.co/88QXGDr/T161844-651.jpg" alt="T161844-651" class="align-center"/><br/> <img src="https://i.ibb.co/80yjn93/T161844-652.jpg" alt="T161844-652" style="width: 230px; float: left;"/><p></p>
<p></p>
<p>O sol quase desaparecia no horizonte.</p>
<p>Fluo voltou para o seu ramo habitual e reparou que os vizinhos se afastavam dele...</p>
<p>— O que se passa, amigos? Cheiro mal? Pisei a cauda de alguém?</p>
<p>Ninguém respondeu, mas os outros corvos trocaram olhares cúmplices.</p>
<p></p>
<img src="https://i.ibb.co/DtbKtty/T161844-653.jpg" alt="T161844-653" style="width: 230px; float: right;"/><br/>
<p>— Uma imagem com árvore, planta, rebanho</p>
<p>Bem, boa noite! — acrescentou Fluo.</p>
<p>Já dormiam quando, de repente, deflagrou um incêndio.</p>
<p>Numa grande agitação de bater de asas e de muitos pios, todo o grupo voou e juntou-se numa outra árvore.</p>
<p>— É por causa do Fluo! — atirou um descontente. — Ele faz com que reparem sempre em nós!</p>
<p></p>
<p>Sozinho no seu ramo, Fluo fazia o possível por desaparecer, encolhendo-se, baixando-se, mas a sua plumagem multicolor iluminava esse dia cinzento de novembro.</p>
<p>Tudo isso fazia com que ele se sentisse muito mal!</p>
<img src="https://i.ibb.co/b5x41Pp/T161844-654.jpg" alt="T161844-654" class="align-center"/><br/>
<p>Romualdo, o líder dos corvos, pôs-se à beira dele e tossicou discretamente.</p>
<p>— Oh, assustaste-me! — disse Fluo, sobressaltado.</p>
<p>— Nós não te queremos nenhum mal — garantiu Romualdo —, só que tu não és como nós, não és todo negro!</p>
<p>— Mas... o que posso fazer, Romualdo?</p>
<img src="https://i.ibb.co/j6s1NNQ/T161844-655.jpg" alt="T161844-655" class="align-center"/><br/>
<p>— Absolutamente nada, desde que vás embora!</p>
<p>— Ir embora para onde?</p>
<p>— Para um sítio qualquer... Mas isso não nos diz respeito!</p>
<p>Fluo abriu as asas e partiu, sem nada dizer.</p>
<p>Nunca antes partira ao acaso, para outro sítio… E não sabia para onde ir nem que direção seguir!</p>
<p>Depois de um grande voo, pousou num telhado.</p>
<p>— Olá! — disse uma rola. — Espero que não fiques aqui!</p>
<p>— Por que razão? Também não te agrado?</p>
<p>— Que ideia absurda! Claro que sim! Mas creio que o telhado é muito frágil — disse ela, arrulhando amigavelmente.</p>
<p>— Pouco importa! Temos todo o telhado para nós!</p>
<p>— É um engano — respondeu a rola, num tom já menos amável. — Se eu estivesse no teu lugar, ia-me embora!</p>
<img src="https://i.ibb.co/42q0jmx/T161844-656.jpg" alt="T161844-656" class="align-center"/><br/>
<p>"Afinal, nada é mais prejudicial do que viver nos telhados no meio dos fumos das chaminés," disse Fluo para si próprio. "Existe, de certeza, outro lugar onde me queiram bem!"</p>
<p>"Ah, uma floresta! Aqui, pelo menos, respira-se ar puro!"</p>
<img src="https://i.ibb.co/87NkRKF/T161844-657.jpg" alt="T161844-657" class="align-center"/><br/>
<p>E logo se dirigiu para um grande pinheiro frondoso.</p>
<img src="https://i.ibb.co/P9G6VNg/T161844-658.jpg" alt="T161844-658" class="align-center"/><br/>
<p>— Foi convidado? — resmungou uma voz estranha e fanhosa.</p>
<p>— Eu? Eu não, porquê? — respondeu o corvo, surpreendido.</p>
<p>Dos ramos da árvore emergiram umas penas com um olhar ríspido.</p>
<p>— Quem és? — inquietou-se Fluo.</p>
<p>— O guardião deste pinheiro — disse o pássaro. — E tu?</p>
<p>— Sou um corvo sem casa! — retorquiu Fluo.</p>
<p>— Vejo que és um corvo com muitas cores... Mas toda a gente sabe que os corvos são negros!</p>
<p>— É por isso que estou aqui — suspirou Fluo. — Em minha casa não me querem! Podemos partilhar esta bela árvore espaçosa?</p>
<p>— Sabes, eu tenho os meus hábitos — disse o guardião. — Não quer dizer que os outros me aborreçam, mas resmunga-se, fala-se entredentes, dizem-se disparates, fala-se da vida alheia, tagarela-se e cochicha-se, resumindo... não suporto isso! Enfim, vou ser simpático contigo. Podes ficar aqui esta noite, excecionalmente, porque eu gosto de visitas, sobretudo quando estão de passagem...</p>
<p>Muito antes de o guardião acordar, Fluo seguiu o seu caminho.</p>
<p>Despertou-lhe a atenção uma vedação coberta de pardais que piavam, cheios de energia.</p>
<img src="https://i.ibb.co/BBkLFDc/T161844-659.jpg" alt="T161844-659" class="align-center"/><br/>
<p>— Pardais! Eis a companhia de que preciso!</p>
<p>Fluo distanciou-se um pouco para não incomodar.</p>
<p>Uns momentos depois, estava rodeado de pardais.</p>
<p>— Olha! Um corvo multicolor! — exclamou um.</p>
<p>— Há quanto tempo não assustamos um corvo tão bonito? — perguntou outro.</p>
<img src="https://i.ibb.co/JvWpXKs/T161844-660.jpg" alt="T161844-660" style="width: 230px; float: left;"/><br/>
<p></p>
<p>E, como um enxame de vespas, lançam-se sobre ele.</p>
<p>Fluo teve de abandonar rapidamente a vedação e os seus pardais hostis.</p>
<p>Durante todo o dia voou sem rumo até à exaustão...</p>
<p>Foi então que avistou o mar.</p>
<p></p>
<img src="https://i.ibb.co/D1qd8Bq/T161844-661.jpg" alt="T161844-661" style="width: 250px; float: right;"/><br/>
<p></p>
<p>O mar!!! Não o imaginava tão grande e profundo!</p>
<p>— Aqui, seguramente, existe um pequeno lugar para mim! — pensou Fluo.</p>
<p>Ao longe, surgiu um barco, e Fluo decide embarcar.</p>
<p>— Que maravilha! — disse em alta voz, todo satisfeito. — Vou viajar! Se não posso ser um corvo, vou ser um pirata!</p>
<p></p>
<img src="https://i.ibb.co/hWWqQ9K/T161844-662.jpg" alt="T161844-662" class="align-center"/><p>Na coberta do navio, algumas gaivotas conversavam.</p>
<p>Fluo cumprimentou-as, mas elas nem sequer viraram a cabeça.</p>
<p>— Posso ficar com vocês? — perguntou-lhes.</p>
<p>— Tssss, que impertinência! — disse a que parecia mais velha. — Não vês que pertencemos à nobre raça das prateadas?</p>
<p>— É mesmo típico desta gente! — sussurrou a sua vizinha.</p>
<p>— Já não se está em paz em nenhum lugar! — resmungou uma terceira.</p>
<p>De repente, um espesso nevoeiro cobriu o barco.</p>
<p>"Excelente!" disse Fluo para si próprio. "Vou aproveitar para me pôr a milhas!"</p>
<p>E atirou-se de cabeça para o nevoeiro que mais parecia algodão.</p>
<img src="https://i.ibb.co/DzwbnXC/T161844-663.jpg" alt="T161844-663" style="width: 230px; float: left;"/><p>— Vou partir! Estou a voar! Já estou longe! — disse Fluo, voando com toda a força.</p>
<p>— E por que razão te vais embora, Fluo? — resmungou o corvo que dormitava encostado a ele.</p>
<p>— Não querem ver-se livres de mim? — perguntou, inquieto.</p>
<p>— Fluo, deixa-nos dormir! — murmuraram os outros corvos, sonolentos.</p>
<p>— Mas, o que se passa com ele? — perguntaram os que acordaram.</p>
<p>— Ah, meus amigos, se vocês soubessem... Que pesadelo!</p>
<p>— Conta! Adoramos histórias terríveis, sobretudo aquelas que só existem nos nossos sonhos!</p>
<p>E Fluo contou...</p>
<p>— Sim, sim! — exclamou Romualdo. — Essas histórias acontecem todos os dias... Mas não entre os corvos! Somos todos unidos e todos são bem-vindos!</p>
<img src="https://i.ibb.co/7WwYn7s/T161844-664.jpg" alt="T161844-664" class="align-center"/><p></p>
<p class="poeta">Carola Holland; Edith Schreiber-Wicke (ill.)<br/> Pas assez noir<br/>
Mijade, 1998<br/>
(Tradução e adaptação)</p>
</div>
</center>
<p></p>Um Cartógrafo da Almatag:adulmigos.ning.com,2022-07-23:3625305:BlogPost:11693212022-07-23T20:30:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div style="width: 90%; padding: 15px; background: #445a6b !important; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #445a6b, -21px -21px 75px 9px #445a6b, 10px 10px 50px 0px #445a6b;"><div class="fundowood-pattern" style="border-radius: 5px; box-shadow: 0px 0px 8px 3px #f5f5f5;"><br></br> <img alt="unnamedpaz" class="align-center" src="https://i.ibb.co/ZJyT750/unnamed.jpg" style="border: 5px double #000; border-radius: 65px; box-shadow: 0px 0px 10px 5px #f5f5f5;" width="90%"></img><p style="padding: 20px; font-family: 'Merienda', cursive; font-size: 14pt; color: #fff;">Assim que descobri a leitura, a pequena livraria do senhor Manuel…</p>
</div>
</div>
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<p></p>
<center><div style="width: 90%; padding: 15px; background: #445a6b !important; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #445a6b, -21px -21px 75px 9px #445a6b, 10px 10px 50px 0px #445a6b;"><div class="fundowood-pattern" style="border-radius: 5px; box-shadow: 0px 0px 8px 3px #f5f5f5;"><br/> <img src="https://i.ibb.co/ZJyT750/unnamed.jpg" width="90%" alt="unnamedpaz" class="align-center" style="border: 5px double #000; border-radius: 65px; box-shadow: 0px 0px 10px 5px #f5f5f5;"/>
<p style="padding: 20px; font-family: 'Merienda', cursive; font-size: 14pt; color: #fff;">Assim que descobri a leitura, a pequena livraria do senhor Manuel transformou-se num dos lugares mais mágicos do mundo. No início, ia com o meu pai aos sábados de manhã, mas depois passei a ir sozinha sempre que recebia dinheiro para comprar livros.<br/> <br/>
A loja era estreita e comprida com um balcão corrido a todo o comprimento. As paredes estavam forradas de estantes do teto ao chão, onde velhas lombadas desbotadas conviviam com livros mais recentes.<br/>
<br/>
O senhor Manuel recebia-nos a todos com deferênciaM. S.Era baixo, de rosto comprido e boca pequena, que abria em suspenso enquanto escutava os clientes. O olhar acerado, onde eu lia sinais de inteligência, conhecimento e amabilidade, perscrutava-nos demoradamente, como se nos lesse a alma.<br/>
<br/>
Dono de uma sagacidade ímpar, sabia interpretar um desejo vago, meias palavras ou um olhar que se quedava por instantes sobre uma lombada. Com uma surpreendente ligeireza de mosqueteiro, subia para cima do escadote e retirava, com gestos leves e espessos como o vento, um livro da estante.<br/>
<br/>
Os breves segundos que antecediam a revelação do mistério faziam o meu coração bater mais depressa. Por fim, pousava cuidadosamente o livro escolhido sobre o balcão.<br/>
<br/>
O senhor Manuel sabia sugerir o livro certo para cada momento.<br/>
<br/>
Nas ocasiões em que não havia clientes na loja, encontrava-o de espanador na mão a limpar o pó das estantes, assobiando. Quando o via nas alturas pensava que o senhor Manuel era uma pessoa boa, que cuidava zelosamente dos livros até encontrar um leitor para cada um deles.<br/>
<br/>
Tinha a largueza de horizontes das pessoas instruídas.<br/>
<br/>
Eu era uma criança sempre em festa nos dias em que comprava um livro. Corria para casa e não saía do quarto até folhear a última página e reler duas ou três vezes a última linha, numa tentativa vã de adiar a despedida dolorosa.<br/>
<br/>
A minha imaginação fértil vivia as aventuras e os desaires dos meus heróis.<br/>
<br/>
Se lia as Aventuras de Huckleberry Finn, enfrentava com afoiteza os perigos do Mississípi sobre uma jangada, na companhia de Huckleberry e Jim. Se lia Os Desastres de Sofia, passava a ser a Sofia. Participei em inúmeros piqueniques clandestinos com as gémeas, celebrados à meia-noite na penumbra do dormitório do Colégio de Santa Clara. Vivi intensamente as aventuras e feitos extraordinários dos destemidos Cinco.<br/>
<br/>
Era preciso muita coragem. Mas eu sobrevivi a tudo.<br/>
<br/>
Quando voltava à livraria, levava o resumo do livro que lera já pronto no calor do coração, pois o senhor Manuel gostava que lhe fizesse um resumo da história. Debruçado ao balcão, escutava-me sempre com um entusiasmo juvenil, como se ouvisse aquele enredo pela primeira vez.<br/>
<br/>
Por fim, dizia à guisa de recomendação, "se gostaste desse livro, também vais gostar deste".<br/>
<br/>
E era sempre assim.<br/>
<br/>
Um encadeado de histórias, um desfilar de personagens e aventuras que nunca cessava. Quando eu, com o meu espírito crítico, comentava que achara a história algo inverosímil, ele sorria com bonomia, dizendo que não era preciso acreditar numa história para se gostar dela.<br/>
<br/>
Houve um período de tempo em que deixei de visitar a livraria. Uma amiga herdara de uma tia-avó uns livros antigos de lombadas gastas e folhas amarelecidas e, revelando já na altura um espírito empreendedor, vendeu‑mos por um preço compatível com as minhas poupanças.<br/>
<br/>
Iniciei-me, assim, no culto de Barbara Cartland. Passei um mês a ler e a suspirar. Sofri muito com aquelas vidas apaixonadas, amores arrebatadores, segredos angustiantes e cantos de rouxinóis solitários. Não me esqueço também das tardes que passei de coração dilacerado a ler Amor de Perdição. Eu própria me comovia com o pathos do meu sofrimento imaginário.<br/>
<br/>
Quando finalmente regressei à pequena livraria, esta estava fechada.<br/>
<br/>
Durante o período da minha ausência, o senhor Manuel não resistira a um ataque cardíaco fulminante. Foram dar com ele inconsciente no chão da livraria, com os braços que embalaram tantos livros, tombados sem vida.<br/>
<br/>
Mais tarde, alguém comprou a loja e transformou-a num café.<br/>
<br/>
Nunca entrei nesse café.<br/>
<br/>
Para mim, esse lugar permaneceria para sempre a livraria do senhor Manuel, esse grande cartógrafo da alma.</p>
<p></p>
<p class="poeta" style="font-size: 14pt;">M. S.</p>
</div>
</div>
</center>
<p></p>O Mestre das Pinturastag:adulmigos.ning.com,2022-06-19:3625305:BlogPost:11642402022-06-19T13:00:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div style="width: 90%; background: #595e9e; !important; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 60px 0px #3b5280, -15px -15px 55px 9px #3b5280, 10px 10px 40px 0px #3b5280;"><br></br><div class="fundoblack-orchid" style="width: 90%; padding: 20px; font-family: 'Sansita Swashed', cursive; font-size: 14pt; color: #fff;"><br></br><p><img class="align-center" src="https://i.ibb.co/qjkmd3Z/omestredaspinturas.jpg" style="border-radius: 25px; box-shadow: 5px 5px 10px 0px #f5f5f5, -5px -5px 20px 0px #f5f5f5, -5px -5px 20px 0px #f5f5f5, 5px 5px 20px 0px #f5f5f5;" width="90%"></img></p>
<p>Um belo dia, de visita a casa de um seu amigo, um rico mandarim da próspera província de Siam, vê-se, a dada altura,…</p>
</div>
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<p></p>
<center><div style="width: 90%; background: #595e9e; !important; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 60px 0px #3b5280, -15px -15px 55px 9px #3b5280, 10px 10px 40px 0px #3b5280;"><br/><div class="fundoblack-orchid" style="width: 90%; padding: 20px; font-family: 'Sansita Swashed', cursive; font-size: 14pt; color: #fff;"><br/><p><img src="https://i.ibb.co/qjkmd3Z/omestredaspinturas.jpg" width="90%" class="align-center" style="border-radius: 25px; box-shadow: 5px 5px 10px 0px #f5f5f5, -5px -5px 20px 0px #f5f5f5, -5px -5px 20px 0px #f5f5f5, 5px 5px 20px 0px #f5f5f5;"/></p>
<p>Um belo dia, de visita a casa de um seu amigo, um rico mandarim da próspera província de Siam, vê-se, a dada altura, fascinado diante de uma pintura que o seu anfitrião lhe mostra.</p>
<p>Tenta, de imediato, comprar-lha, mas este recusa, aceitando, no entanto, indicar-lhe o pintor responsável pela obra.</p>
<p>O mandarim dirige-se logo a casa do pintor, rogando-lhe que lhe faça também uma pintura.</p>
<p>O mestre aceita, mas com duas condições. O mandarim deverá esperar seis meses até à conclusão da obra, e adiantar-lhe-á metade da soma do trabalho, cujo total totalizará cinco mil yenes.</p>
<p>Ainda que surpreendido pela soma reclamada e pelo tempo que a obra irá demorar a ser concluída, o mandarim, sempre recordado da maravilhosa pintura em casa do amigo, aceita as condições do mestre.</p>
<p>Os dias passam. As semanas passam.</p>
<p>O mandarim impacienta-se.</p>
<p>Um dia, por mero acaso, cruza-se num passeio com o pintor, que observava um esquilo a brincar num ramo.</p>
<p>E interroga-o...</p>
<p>— Em que ponto vai a obra, mestre?</p>
<p>O artista apenas murmura:</p>
<p>— Tenho tido muito trabalho.</p>
<p>Passa-se um mês. E logo outro.</p>
<p>O mandarim não aguenta mais a espera. Ele quer ver em que ponto se encontra a obra.</p>
<p>E decide ir até ao atelier do pintor.</p>
<p>Este impede-o de entrar.</p>
<p>O mandarim parte, irritado.</p>
<p>Chega finalmente o dia da entrega. O mestre das pinturas apresenta-se em casa do mandarim, carregando nos braços rolos e mais rolos de papel de arroz.</p>
<p>O mandarim, que se encontrava a dormir a sesta, levanta-se, apanha um rolo de papel e desenrola-o. O papel está virgem.</p>
<p>Eis que, então, o mestre retira de uma pequena caixa um pincel e um tinteiro. Ajoelha-se, e ali, com um gesto amplo, delineado, suave, como se executasse uma assinatura, desenha um esquilo que desce de um ramo de árvore. A obra, pois de uma verdadeira obra se tratava, era de cortar a respiração.</p>
<p>O mandarim fica mudo de espanto.</p>
<p>O mestre das pinturas solicita então o restante valor que lhe é devido. O mandarim enfurece-se. Como pode aquilo ser? Fazê-lo esperar seis meses para depois, em poucos segundos, lhe sarrabiscar um desenho?</p>
<p>E recusa-se a pagar.</p>
<p>O artista pega no desenho e, sob o olhar do mandarim, rasga a folha.</p>
<p>O grande senhor fica fora de si.</p>
<p>O mestre desenrola calmamente um segundo rolo de papel e executa uma vez mais o desenho.</p>
<p>Idêntico. Não! Ainda mais perfeito.</p>
<p>O mandarim está agora histérico.</p>
<p>Com receio de que o pintor o rasgue, agarra freneticamente o segundo rolo de papel, e atira o dinheiro para o chão.</p>
<p>O mestre apanha as moedas espalhadas e convida o mandarim a segui-lo.</p>
<p>Chegados ao atelier do pintor, o mandarim fica estupefacto. A toda a volta, pelas paredes, juncando o solo, em pilhas sobre as mesas, estão centenas e centenas de pinturas com o mesmo desenho: um esquilo a descer de um ramo de árvore.</p>
<p>O mestre abre então as gavetas da sua secretária. Estão a abarrotar de folhas de esboços cujos desenhos representam ramos de árvores e esquilos nas mais diversas posições. E comenta:</p>
<p>— A demora que considerou excessiva correspondeu ao período durante o qual estive a observar a vida e os hábitos dos esquilos. Aquilo que tomou por um atraso imperdoável foi apenas o tempo que me foi necessário para interiorizar o gesto perfeito, escolher o papel certo, ajustar o tom da tinta e encontrar o pincel mais adequado para representar a pelagem do animal, bem como a textura do ramo. O salário que lhe solicitei serviu apenas para pagar a minha ração diária de arroz. Agora, vou pedir-lhe que me deixe, pois tenho de aprender a desenhar o voo dos grous cinzentos e a tarefa anuncia-se difícil.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Thierry Dedieu<br/> Le maître des estampes<br/> Paris, Seuil Jeunesse, 2010<br/> (Tradução e adaptação)</p>
</div>
</div>
</center>
<p></p>Associar de novo o capitalismo ao cuidado e à compaixãotag:adulmigos.ning.com,2022-05-14:3625305:BlogPost:11571022022-05-14T22:04:56.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div class="gsblogentry"><p><img alt="capitalismo" class="align-center" src="https://i.ibb.co/zZsg7BP/capitalismo.jpg"></img></p>
<p>O sentimento de solidão que parece tão constante na sociedade de hoje não apareceu simplesmente do nada. Foi alimentado, em considerável medida, por um projeto político em particular: o capitalismo neoliberal. Uma forma de capitalismo egocêntrica e obcecada consigo mesma, que normalizou a indiferença, fez do egoísmo uma virtude e diminuiu a importância da compaixão e da atenção. Um capitalismo do tipo “subir a pulso” e “trabalhar…</p>
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<center><div class="gsblogentry"><p><img src="https://i.ibb.co/zZsg7BP/capitalismo.jpg" alt="capitalismo" class="align-center"/></p>
<p>O sentimento de solidão que parece tão constante na sociedade de hoje não apareceu simplesmente do nada. Foi alimentado, em considerável medida, por um projeto político em particular: o capitalismo neoliberal. Uma forma de capitalismo egocêntrica e obcecada consigo mesma, que normalizou a indiferença, fez do egoísmo uma virtude e diminuiu a importância da compaixão e da atenção. Um capitalismo do tipo “subir a pulso” e “trabalhar cada vez mais”, que nega o papel fundamental que tanto os serviços públicos como a comunidade local desempenharam ao longo da história para ajudar as pessoas a prosperarem, e que perpetua, pelo contrário, a narrativa de que o destino de cada um está apenas nas suas mãos.<br/><br/> Não quer isto dizer que, antes, a solidão não existisse. Acontece que, ao terem transformado as nossas relações em transações, e os cidadãos em consumidores, e ao terem criado cada vez mais clivagens de rendimento e de riqueza, os quarenta anos de capitalismo neoliberal conseguiram, no melhor cenário, marginalizar valores como os da solidariedade, da comunidade, união e amabilidade, e, no pior cenário, pôr estes valores praticamente de lado. Temos, por isso de promover uma nova forma de política em cujo âmago encontremos o cuidado e a compaixão.<br/><br/> O objetivo político de levar os cidadãos a sentirem que alguém lhes protege a retaguarda não é irreconciliável com o capitalismo. É, na verdade, um mal-entendido fundamental do capitalismo pressupor que a sua variante neoliberal do tipo “Come ou sê comido” e “Cada um por si” é a única forma possível. Até Adam Smith, pai do capitalismo, embora mais conhecido como eloquente defensor dos mercados livres e da liberdade individual, escreveu extensamente, no seu livro Teoria dos Sentimentos Morais, sobre a importância da empatia, da comunidade e do pluralismo. Compreendeu que o estado tem um claro papel no que toca a proporcionar as infraestruturas da comunidade — e que, quando é preciso controlar os mercados para proteger a sociedade, estes devem ser de facto controlados.<br/><br/> Por conseguinte, embora o capitalismo neoliberal — com o seu foco estreito nos mercados livres e na desregulamentação, com a primazia que atribui aos direitos do capital, e com o seu antagonismo em relação ao estado-providência, mesmo que à custa da coesão social e do bem-comum — tenha dominado grande parte do mundo nas últimas quatro décadas, a verdade é que esta não é a nossa única opção para o futuro. Juntos, teremos de definir e de criar uma forma de capitalismo mais cooperativa, que produza resultados não apenas no plano económico, mas também no plano social.</p>
<p></p>
<p class="poeta">Noreena Hertz<br/> O Século da Solidão<br/> Círculo de Leitores, 2021</p>
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<p></p>Quase tão levetag:adulmigos.ning.com,2022-05-14:3625305:BlogPost:11568582022-05-14T21:00:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div style="width: 90%; padding: 15px; background: #445a6b !important; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #445a6b, -21px -21px 75px 9px #445a6b, 10px 10px 50px 0px #445a6b;"><div class="fundowood-pattern" style="border-radius: 5px; box-shadow: 0px 0px 8px 3px #f5f5f5;"><br></br> <img alt="unnamedpaz" class="align-center" src="https://i.ibb.co/hc8L3kw/quasetaoleve.jpg" style="border: 5px double #000; border-radius: 40px; box-shadow: 0px 0px 10px 5px #f5f5f5;" width="90%"></img><p style="padding: 20px; font-family: 'Merienda', cursive; font-size: 14pt; color: #fff;">Naquela manhã de primavera o inesperado aconteceu, o velho monge não…</p>
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<center><div style="width: 90%; padding: 15px; background: #445a6b !important; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #445a6b, -21px -21px 75px 9px #445a6b, 10px 10px 50px 0px #445a6b;"><div class="fundowood-pattern" style="border-radius: 5px; box-shadow: 0px 0px 8px 3px #f5f5f5;"><br/> <img src="https://i.ibb.co/hc8L3kw/quasetaoleve.jpg" width="90%" alt="unnamedpaz" class="align-center" style="border: 5px double #000; border-radius: 40px; box-shadow: 0px 0px 10px 5px #f5f5f5;"/><p style="padding: 20px; font-family: 'Merienda', cursive; font-size: 14pt; color: #fff;">Naquela manhã de primavera o inesperado aconteceu, o velho monge não conseguiu voar. Havia feito suas abluções, havia meditado longamente e longamente repetido as palavras sagradas. Havia elevado o espírito, mas o corpo, ah! o corpo não abandonara seu peso.<br/> <br/>
Com certeza, pensou o velho penitenciando-se, faltou-me a fé. E humildemente voltou a purificar-se na água gelada e, nu no ar cortante, orou até sentir-se tomado pelo calor de mil sóis.<br/>
<br/>
Mas, luminosa embora sua alma, não houve meio do corpo pairar acima do chão. Onde, onde falhei? perguntava-se o velho do fundo da sua sabedoria. E não encontrando em si mesmo a resposta, envolveu-se no pano áspero que era toda a sua indumentária e, cajado na mão, saiu caminhando à procura.<br/>
<br/>
Não precisou andar muito para chegar ao grande carvalho que se erguia perto do mosteiro. Ali, em fins de tarde, tantos e tão ruidosos eram os pássaros, que cada folha parecia ter asas. O velho olhou longamente os pássaros, àquela hora ocupados com suas crias, seus ninhos, sua interminável caça de insetos. Parecia justo e fácil que se movessem no ar. Talvez sejam mais puros, pensou. E querendo pôr à prova a pureza do seu próprio corpo, permaneceu por longo tempo de pé, debaixo da copa, até ter ombros e cabeça cobertos de excrementos das aves.<br/>
<br/>
Porém aquele corpo magro e pequeno, aquele corpo quase tão leve quanto o de um pássaro, negava-se a dar-lhe a felicidade do vôo. E o velho recomeçou a andar.<br/>
<br/>
Caminhando, olhava o céu ao qual sentia não mais pertencer. Ouviu o grito do gavião e o viu abater-se, altivo e feroz, sobre uma presa. Até ele, que agride os mais fracos, tem o direito que eu não mereço, pensou contrito. E mais andou. Viu o azul cortado por um bando de patos selvagens em migração. Lá se vão, de uma terra a outra, de um a outro continente, disse em silêncio o velho, enquanto eu não sou digno nem de mínimas distâncias. E mais andou. E viu as andorinhas e viu o melro e viu o corvo e viu o pintassilgo, e a todos saudou, e a todos prestou reverência.<br/>
<br/>
O dia chegava ao fim. Sombras aladas cortavam a escuridão, morcegos e insetos cruzavam-se nas sombras. Ainda sem resposta e já sem forças, o velho monge sentou-se frágil sobre as pernas cruzadas, repousou as mãos no colo, meditou. Vaga-lumes acendiam por instantes o espaço à sua frente. Empoeirado, sujo, com pés e mãos cheios de impurezas, o velho ainda assim sentiu-se mais leve e abençoado do que havia estado de manhã. Seu corpo não ascendia. Pelo contrário, pesava mais sobre o solo do que pesa um pássaro pousado.<br/>
<br/>
Mas aos poucos a paz iluminava intensíssima sua alma porque, do seu corpo, delgadas e pálidas como se extensão da própria pele, raízes brotavam, logo mergulhando chão adentro. Seu tempo do ar havia acabado. Começava agora para ele o tempo da terra, daquela terra que em breve o acolheria.</p>
<p></p>
<p class="poeta" style="font-size: 14pt;">Marina Colasanti<br/> Do seu coração partido<br/>
São Paulo, Global Editora, 2009</p>
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<p></p>Yakoubatag:adulmigos.ning.com,2022-05-02:3625305:BlogPost:11549292022-05-02T19:00:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div style="width: 90%; border: 6px double #b32d19; border-radius: 40px; background: #e3bf66; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #cf6c42, -21px -21px 75px 9px #cf6c42, 10px 10px 50px 0px #cf6c42;"><div class="fundoflower-trail" style="width: 100%; border-radius: 40px;"></div>
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<p></p>
<center><div style="width: 90%; border: 6px double #b32d19; border-radius: 40px; background: #e3bf66; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #cf6c42, -21px -21px 75px 9px #cf6c42, 10px 10px 50px 0px #cf6c42;"><div class="fundoflower-trail" style="width: 100%; border-radius: 40px;"><div class="fundowhite-tiles" style="width: 100%; border-radius: 40px; font-size: 18pt; text-indent: 30px; font-weight: bold; color: #fff; text-shadow: 3px 3px 8px #000;"><p></p>
<p><img src="https://i.ibb.co/C9KfMdM/unnamedleao.png" alt="unnamedleao" class="align-center" style="width: 90%; filter: drop-shadow(0px 0px 15px #000);"/></p>
<div style="padding: 20px; -webkit-text-stroke-width: 1px; -webkit-text-stroke-color: #8c2111;"><p>A toda a volta ouve-se o tam-tam.</p>
<p>No coração da África, numa pequena aldeia, prepara-se um festim.</p>
<p>É dia de festa. Toda a gente se prepara, todos se enfeitam...</p>
<p>É um dia sagrado. O clã dos mais velhos reúne-se e escolhe as crianças que estão em idade de serem guerreiros.</p>
<p>Para Yakouba é um grande dia.</p>
<p>É preciso provar que é corajoso e que, sozinho, pode enfrentar o leão. E que debaixo de um sol escaldante ousa caminhar, desafiar ravinas, contornar as colinas... De dia e de noite, pode espiar e estar alerta, sabe como esquecer o medo que nos faz encolher, que transfigura as sombras, que faz crer que as plantas têm garras... Sabe esquecer o vento assustador.</p>
<p>É preciso provar que sabe esperar horas a fio e que, depois, de repente... é preciso provar que sabe armar-se de coragem e lançar-se para um combate sem tréguas...</p>
<p>É então que Yakouba cruza o olhar do leão. Um olhar tão profundo que se pode ler nos olhos dele.</p>
<p>— Como podes ver, estou ferido. Lutei toda a noite contra outro leão. Ser-te-á fácil vencer-me. Podes matar-me sem grande esforço e, nesse caso, serás um homem aos olhos dos teus irmãos. Ou então podes poupar-me a vida, e sairás daqui mais crescido, mas desprezado pelos teus pares. Tens a noite para refletir.</p>
<p>De manhã cedo, Yakouba agarrou na lança, lançou um último olhar ao leão cansado, e tomou o caminho da aldeia.</p>
<p>Na aldeia, os anciãos e o pai esperam-no. É recebido por um grande silêncio. Os outros tornaram-se guerreiros respeitados por todos. A Yakouba é confiada apenas a guarda do rebanho. Mas nunca mais o rebanho foi atacado pelos leões.</p>
<p>Na vida, é preciso ter coragem para seguir o próprio caminho.</p>
<p>E é preciso ousar ser diferente... apesar das consequências.</p>
<p></p>
<p class="poeta" style="text-indent: 0px; font-weight: normal; -webkit-text-stroke-width: 0px; -webkit-text-stroke-color: #8c2111;">Thierry Dedieu<br/> Yakouba<br/> Paris, Seuil Jeunesse, 1994<br/> (Tradução e adaptação)</p>
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<p></p>Conto de Páscoatag:adulmigos.ning.com,2022-04-15:3625305:BlogPost:11495662022-04-15T21:00:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div style="width: 90%; border: 5px double #fff; border-radius: 40px; background: #008B8B; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #008B8B, -21px -21px 75px 9px #008B8B, 10px 10px 50px 0px #008B8B;"><div class="fundoarabesque" style="width: 100%; border-radius: 40px; font-size: 16pt; text-indent: 30px; color: #fff; text-shadow: 3px 3px 10px #000;"><p></p>
<p><img alt="https://static.mundodasmensagens.com/upload/listas/m/e/mensagens-de-pascoa-kX5z7-fxl.png" class="align-center" src="https://i.ibb.co/rs6XV9L/pascoa1.png" style="width: 90%; border: 0px double #fff; border-radius: 50px; filter: drop-shadow(0px 0px 20px #FFDEAD);"></img></p>
<div style="padding: 20px;"><p>Sentado na beira da calçada, com um ovo de…</p>
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<center><div style="width: 90%; border: 5px double #fff; border-radius: 40px; background: #008B8B; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #008B8B, -21px -21px 75px 9px #008B8B, 10px 10px 50px 0px #008B8B;"><div class="fundoarabesque" style="width: 100%; border-radius: 40px; font-size: 16pt; text-indent: 30px; color: #fff; text-shadow: 3px 3px 10px #000;"><p></p>
<p><img src="https://i.ibb.co/rs6XV9L/pascoa1.png" alt="https://static.mundodasmensagens.com/upload/listas/m/e/mensagens-de-pascoa-kX5z7-fxl.png" class="align-center" style="width: 90%; border: 0px double #fff; border-radius: 50px; filter: drop-shadow(0px 0px 20px #FFDEAD);"/></p>
<div style="padding: 20px;"><p>Sentado na beira da calçada, com um ovo de chocolate pequenino nas mãos, olhar sério, aquele menino se pôs a imaginar. Havia muitas coisas que ele não entendia, por mais que tentasse.</p>
<p>Durante a semana toda, na escola, na rua, em casa, em todos os lugares só se ouvia falar de Páscoa, coelhinho e ovos de chocolate. A professora até colocou Jesus no meio da história, mas só aumentou a sua confusão; ele não conseguia organizar o pensamento. Jesus não é aquele que nasceu no Natal? Faz tão pouquinho tempo, e ele já morreu??!!</p>
<p>Não, decididamente ele não entendia nada. Não sabia exactamente o que uma coisa tinha a ver com a outra. Afinal de contas, por que comemorar, se Jesus morreu? Por que os ovos são de chocolate? E o coelho, o que ele faz nessa história?</p>
<p>Complicado!!! Separava somente as coisas que entendia, e sabia o que era.</p>
<p>Entendia que estava esperando ganhar um ovo bem grande, daqueles que tinha visto na televisão, embrulhado num papel brilhante e com um laço de fita vermelha, que não veio, e ele sabia por quê: o dinheiro não deu.</p>
<p>Ele sabia. Nem seu pai e nem sua mãe tinham prometido dar-lhe um ovo de Páscoa; e ele sabia, também, que o coelhinho não o trazia para ninguém. Então, como é que ele poderia satisfazer a sua vontade de comer chocolate? Como ia passar o domingo de Páscoa sem comer ovo de Páscoa? E a ideia veio assim, de repente!!! Por que não???</p>
<p>Foi até o primeiro semáforo daquela movimentada avenida e, quando o sinal ficava vermelho ele se lançava entre os carros e ia pedindo:</p>
<p>"Moço, dá um ovo de Páscoa pra mim?"</p>
<p>"Senhor, poderia me dar um ovo de Páscoa?"</p>
<p>"Moça, dá um ovo de chocolate pra mim?"</p>
<p>Assim, ia pedindo e ouvindo as mais esfarrapadas respostas, quando alguém respondia.</p>
<p>Até que, enfim, parou um carro velho, todo manchado de ferrugem. Dentro, um homem com cara de bravo... ele tomou coragem, foi até lá e arriscou o mesmo pedido:</p>
<p>"Moço, eu quero um ovo de Páscoa".</p>
<p>E qual não foi sua surpresa quando aquele homem pegou, no banco do passageiro, um embrulhinho e lho estendeu pelo vidro.</p>
<p>"Brigado, moço!!!"</p>
<p>E saiu em disparada.</p>
<p>De volta à sua calçada, ele olhou o ovinho e sorriu feliz. Afinal, agora ele comemoraria a Páscoa.</p>
<p></p>
</div>
<p class="poeta" style="width: 90%; border-radius: 10px; box-shadow: 0px 0px 10px 5px #f5f5f5;">Autor desconhecido</p>
<p></p>
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</center>
<p></p>Feng e os Papagaios de Papeltag:adulmigos.ning.com,2022-04-15:3625305:BlogPost:11497492022-04-15T20:30:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div style="width: 90%; border: 5px double #fff; border-radius: 40px; background: #A0522D; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #BC8F8F, -21px -21px 75px 9px #BC8F8F, 10px 10px 50px 0px #BC8F8F;"><div class="fundofake-luxury" style="width: 100%; border-radius: 40px; font-size: 16pt; color: #fff; text-shadow: 3px 3px 10px #000;"><p></p>
<p><img alt="https://www.folhadaregiao.com.br/wp-content/uploads/2019/08/PIPA.jpg" class="align-center" src="https://i.ibb.co/XJPnFxR/unnamedpapagaios.png" style="width: 90%; border: 0px double #fff; border-radius: 50px; /*box-shadow: 5px 5px 10px 0px #f5f5f5, -5px -5px 20px 0px #FFDEAD, -5px -5px 20px 0px #FFDEAD, 5px 5px 20px 0px #FFDEAD; */ filter: drop-shadow(0px 0px 20px #FFDEAD);"></img></p>
<div style="padding: 20px;"><p style="text-align: center;">Para aprender o segredo do papagaio…</p>
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<p></p>
<center><div style="width: 90%; border: 5px double #fff; border-radius: 40px; background: #A0522D; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #BC8F8F, -21px -21px 75px 9px #BC8F8F, 10px 10px 50px 0px #BC8F8F;"><div class="fundofake-luxury" style="width: 100%; border-radius: 40px; font-size: 16pt; color: #fff; text-shadow: 3px 3px 10px #000;"><p></p>
<p><img src="https://i.ibb.co/XJPnFxR/unnamedpapagaios.png" alt="https://www.folhadaregiao.com.br/wp-content/uploads/2019/08/PIPA.jpg" class="align-center" style="width: 90%; border: 0px double #fff; border-radius: 50px; /*box-shadow: 5px 5px 10px 0px #f5f5f5, -5px -5px 20px 0px #FFDEAD, -5px -5px 20px 0px #FFDEAD, 5px 5px 20px 0px #FFDEAD; */ filter: drop-shadow(0px 0px 20px #FFDEAD);"/></p>
<div style="padding: 20px;"><p style="text-align: center;">Para aprender o segredo do papagaio que voa para lá dos céus, Feng vai à procura de um sábio, de quem se diz que é o senhor do vento. Mas irá precisar de interioridade e de perseverança até que o seu próprio papagaio consiga acariciar as nuvens.</p>
<p></p>
<p>Feng, pequeno camponês chinês, era apaixonado por papagaios de papel. <br/> Um dia, soube que, num mosteiro longínquo, vivia um sábio de quem se dizia que era o dono do vento. Só ele conhecia o segredo do papagaio que voa lá alto nos céus. <br/> Feng pediu licença aos pais para ir procurar o velho homem para que este lhe ensinasse todos os segredos. <br/> Após uma longa caminhada, Feng chegou ao mosteiro e pediu para falar com o sábio. <br/> — Por favor, ensina-me a tua arte. Aceita-me no teu atelier. <br/> O mestre respondeu: <br/> — Um leão que imita um leão não o é verdadeiramente. Só o homem que procura é que inventa e progride. Se queres encontrar a melhor maneira de construir um papagaio, observa à tua volta as folhas e o vento... <br/> Feng seguiu o conselho do mestre: observou a Natureza. <br/> — Mestre, diz-me o segredo para tornar o papagaio mais estável. <br/> — Olha para o voo da libélula — respondeu-lhe o mestre. <br/> Depois de contemplar longamente os graciosos insetos, Feng acabou por criar uma obra-prima de equilíbrio. <br/> — Mestre, diz-me o segredo para manejar melhor o papagaio. <br/> — Observa o voo do milhafre — disse-lhe o mestre. <br/> Feng subiu à montanha e estudou o voo dessa ave de rapina. <br/> A partir das suas observações, construiu um papagaio cujo voo era de uma leveza nunca vista. <br/> — Mestre, diz-me o segredo para o papagaio mais veloz. <br/> — Atenta no voo da andorinha — respondeu-lhe o mestre. <br/> Feng observou a curva da asa da andorinha, a sua extremidade afiada. <br/> Então, criou um papagaio, ágil brinquedo de papel nas suas mãos. <br/> A sua arte valeu-lhe em breve os favores dos senhores ricos, que admiravam, seduzidos, a perfeição dos pássaros de papel. Mas Feng sabia que não podia igualar a arte do velho sábio... Faltava-lhe «o segredo». <br/> Foi de novo ter com o ancião, que estava doente. <br/> — Mestre, observei tudo como me ensinaste, mas não encontrei o segredo do papagaio que voa para lá dos céus. <br/> — Ainda não estás pronto... <br/> Feng insistiu. <br/> — Continua a procurar! — exortou o velho. <br/> Durante muitos anos, Feng redobrou de esforços, tentou ser mais consciencioso nos seus gestos, mais atento ao seu trabalho, mas nada conseguiu: os seus papagaios atingiam as alturas, acariciavam as nuvens, mas não voavam para lá dos céus. <br/> — Mestre, sou um ignorante! — confessou Feng. <br/> — Regressa amanhã com o fio mais comprido que encontrares — disse o mestre. <br/> Feng passou a noite a atar fios uns aos outros. <br/> No dia seguinte, agitado, desejoso de conhecer finalmente «o segredo», apresentou-se no mosteiro. O mestre tinha morrido. <br/> E, enquanto Feng se recolhia junto do corpo do sábio, a alma do velho mestre voou, levando consigo uma das extremidades da corda do carreto... <br/> Bem para lá dos céus... <br/> O apego à matéria limita. Só o silêncio interior permite o despertar.</p>
<p></p>
</div>
<p class="poeta" style="width: 90%; border-radius: 10px; box-shadow: 0px 0px 10px 5px #f5f5f5;">Thierry Dedieu<br/> Feng<br/> Paris, Seuil Jeunesse, 1997<br/> (Tradução e adaptação)</p>
<p></p>
</div>
</div>
</center>
<p></p>Temos medo da paz?tag:adulmigos.ning.com,2022-04-09:3625305:BlogPost:11477272022-04-09T00:00:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
<p></p>
<center><div style="width: 90%; padding: 15px; background: #445a6b !important; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #445a6b, -21px -21px 75px 9px #445a6b, 10px 10px 50px 0px #445a6b;"><div class="fundowood-pattern" style="border-radius: 5px; box-shadow: 0px 0px 8px 3px #f5f5f5;"><br></br> <img alt="unnamedpaz" class="align-center" src="https://i.ibb.co/tKW9cpJ/unnamedpaz.jpg" style="border: 5px double #000; border-radius: 40px; box-shadow: 0px 0px 10px 5px #f5f5f5;" width="90%"></img><p style="padding: 20px; font-family: 'Merienda', cursive; font-size: 14pt; color: #fff;">Transitória por natureza, a guerra parece durar para sempre. Ao serviço da…</p>
</div>
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<center><div style="width: 90%; padding: 15px; background: #445a6b !important; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 80px 0px #445a6b, -21px -21px 75px 9px #445a6b, 10px 10px 50px 0px #445a6b;"><div class="fundowood-pattern" style="border-radius: 5px; box-shadow: 0px 0px 8px 3px #f5f5f5;"><br/> <img src="https://i.ibb.co/tKW9cpJ/unnamedpaz.jpg" width="90%" alt="unnamedpaz" class="align-center" style="border: 5px double #000; border-radius: 40px; box-shadow: 0px 0px 10px 5px #f5f5f5;"/><p style="padding: 20px; font-family: 'Merienda', cursive; font-size: 14pt; color: #fff;">Transitória por natureza, a guerra parece durar para sempre. Ao serviço da morte, zomba dos vivos. Permite que os homens façam aquilo que, em tempos normais, não teriam o direito de fazer: realizar-se através da crueldade. Satisfação coletiva e individual de impulsos inconscientes, a guerra é uma parte demasiado importante da história para ser eliminada de vez.<br/> <br/> A vida no nosso planeta seria muito mais fácil se homens e nações pudessem simplesmente viver em paz. Mas, ao que parece, não podem. Será porque não estão habituados a isso? Ou porque precisam de simplificações? Na verdade, a guerra simplifica tudo; as opções tornam-se limitadas. A fronteira que separa o bem e o mal amplia-se: de um dos lados, tudo parece justo; do outro lado, tudo é injusto. Não há necessidade de se pensar muito — ninguém se preocupa com subtilezas em tempos de guerra; a única coisa que importa é a guerra. O próprio tempo lhe está subordinado.<br/> <br/> Se ao menos pudéssemos celebrar a paz como os nossos antepassados celebraram a guerra... Se pudéssemos glorificar a paz como aqueles que vieram antes de nós, sedentos de aventura, glorificaram a guerra... Se os nossos sábios e estudiosos pudessem edificar a paz com a mesma energia e inspiração com que outros desencadearam as guerras...<br/> <br/> Porque é a guerra uma opção tão fácil? Por que motivo a paz continua a ser uma meta inatingível? Conhecemos estadistas profundamente versados em estratégia militar, mas onde estão aqueles que se interessam o bastante pela humanidade para encontrarem formas de evitar os conflitos armados? Toda a nação tem as suas prestigiadas academias militares. Porque não existem academias, universidades, institutos, que ensinem não só as virtudes da paz, mas também a arte de a alcançar? De a alcançar e preservar por outros meios que não as armas, as ferramentas da guerra. E porque ficamos surpreendidos sempre que a guerra recua e dá lugar à paz?<br/> <br/> Infelizmente, somos forçados a reconhecer que a guerra parece inerente à condição humana. Em tempos de conflito, tentam fazer-nos acreditar que todo aquele que não é nosso irmão é nosso inimigo: ficamos proibidos de ouvir o íntimo dos nossos corações, de sermos compassivos, ou até de nos deixarmos levar pela nossa imaginação. Se o soldado imaginasse o sofrimento que está prestes a causar, estaria menos disposto a combater. Se considerasse o inimigo uma vítima em potencial — e, portanto, capaz de chorar, de se desesperar, de morrer — a relação entre eles mudaria. Mas tudo está preparado para sufocar o impulso de humanidade e a capacidade de experimentar um sentimento fraterno em relação ao próximo.<br/> <br/> Ainda assim, não devemos esquecer. Não há justificação para esquecer. Se tivéssemos de esquecer o passado para obter a paz, não gostaria de ter nada a ver com essa paz. Esta não poderia ser senão uma mentira. Só poderia induzir em nós uma passividade perigosa.<br/> <br/> O que nos diz a nossa memória? Mostra-nos hoje como se tornaram absurdas as conquistas territoriais. O território, a obsessão estratégica dos militares da velha guarda, tornou-se, nos tempos atuais, apenas um sonho. As palavras "dominação" e "supremacia" abandonaram o vocabulário das cúpulas e agora são ouvidas no mundo das finanças. O imperialismo, político ou ideológico, está ultrapassado. Nada resta dos impérios de Napoleão ou dos czares. O que ficou da ambição totalitária de Estaline? Quanto ao Terceiro Reich, que duraria mil anos, hoje o seu nome, em vez de admiração e inveja, desperta apenas horror e vergonha.<br/> <br/> A memória é uma fonte de angústia, mas pode tornar-se uma fonte de esperança. E também nos lembra que, doravante, a guerra será sem glória e sem futuro; não deixará conquistadores, mas apenas vítimas.<br/> <br/> J. Robert Oppenheimer expressou isso apropriadamente no seu testemunho perante um comité do Congresso em Washington. Questionado sobre o que deveríamos fazer para evitar uma guerra nuclear, ele respondeu de forma concisa: "Façam a paz".</p>
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<p class="poeta" style="font-size: 14pt;">Elie Wiesel, (Excertos)</p>
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<p></p>Céutag:adulmigos.ning.com,2022-04-08:3625305:BlogPost:11476242022-04-08T20:30:00.000ZAdul Rodri (Adm)https://adulmigos.ning.com/profile/ADRodri
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<center><div style="width: 90%; background: #595e9e; !important; box-shadow: 3px 3px 20px 0px rgba(0,0,0,0.6), -10px -10px 60px 0px #3b5280, -15px -15px 55px 9px #3b5280, 10px 10px 40px 0px #3b5280;"><br></br><div class="fundoblack-orchid" style="width: 90%; padding: 20px; font-family: 'Sansita Swashed', cursive; font-size: 14pt; color: #fff;"><br></br><p><img class="align-center" src="https://i.pinimg.com/originals/d3/e3/77/d3e3779f15bc4f4b839997ef2d50c4a4.jpg" style="border-radius: 25px; box-shadow: 5px 5px 10px 0px #f5f5f5, -5px -5px 20px 0px #f5f5f5, -5px -5px 20px 0px #f5f5f5, 5px 5px 20px 0px #f5f5f5;" width="90%"></img></p>
<p>No tempo dos Homens Antigos, havia um menino sonhador que se encantou com o Céu e queria agarrá-lo. Subiu, então, até ao…</p>
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<p>No tempo dos Homens Antigos, havia um menino sonhador que se encantou com o Céu e queria agarrá-lo. Subiu, então, até ao último galho do pinheiro mais alto para se pendurar no azul.</p>
<p>Quando chegou lá acima, agitou os bracinhos no ar, à procura do azul sólido que fosse como os galhos, para se agarrar. Mas não o encontrava.</p>
<p>Já quase chorava, e estava prestes a desistir, quando o céu começou a abrir-se por cima dele e o enorme Dragão do Céu apareceu, cravejado de estrelas e brilhante de azuis. O menino tremeu de medo mesmo abaixo das asas grandes e mal conseguia segurar-se na pequena rama do pinheiro.</p>
<p>— Por que mexeste no meu Céu? — perguntou o dragão, a bufar azuis.</p>
<p>— Eu... eu só queria ver como era... — desculpou-se o pequenino.</p>
<p>— Então vem. Eu mostro-to — disse o bondoso Dragão, a rir um fogo azul.</p>
<p>O Dragão arrebatou o menino, mas não subiu com ele. Desceu. Foi-se enfiando terra adentro — e a terra fez-se azul. Entrou na água do rio — e a água fez-se azul. Dragão e menino ficaram muito pequeninos e meteram-se numa flor, depois, numa folha e, por fim, numa formiguita. E a flor, a folha e a formiguita fizeram-se azuis — eram Céu.</p>
<p>Depois disso, voltaram ao galho mais alto do pinheiro, já cada qual no seu tamanho normal.</p>
<p>— Estás a ver, menino curioso, como é o meu Céu? — disse o Dragão.</p>
<p>Dito isto, o Dragão do Céu desapareceu no buraco azul.</p>
<p>Quando desceu do pinheiro, o menino curioso tinha os olhos azuis, muito azuis. Mais tarde, ficaria conhecido como IAO-IEN, o Celeste, um dos maiores Sábios Antigos.</p>
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<p class="poeta">Floro Freitas de Andrade<br/> O Fazedor de Cercas<br/>
Alma dos Livros, 2019</p>
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