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Uma história contada a beira da desencarnação

Francisca, humilde moradora dos Alagados na cidade de Salvador, BA e frequentadora da Mansão do Caminho.

Certa ocasião Divaldo fora chamado com urgência para atender Francisca que estava à beira da desencarnação. Lá chegando sentou-se ao lado de Francisca que reunindo suas últimas forças contou-lhe detalhes de sua vida pessoal.

Narrou que era mãe solteira pois que fora abandonada pelo venal companheiro ao tomar conhecimento da gravidez e expulsa do lar pelos pais. Essas injunções não tiveram o poder de diminuir o seu amor pelo filho, e para assisti-lo extenuava-se no trabalho de lavadeira e de vendedora de acarajé o que lhe permitiu custear todos os estudos e necessidades do filho que graças a toda a dedicação materna logrou ser aprovado no vestibular da Faculdade de Medicina, exigindo de Francisca a ampliação de seus esforços.

Sua dedicação era tanta que logrou obter – junto a um médico e habitual freguês de seu acarajé – emprego para seu filho sem identificar, contudo, que era sua mãe.
Chegara, finalmente, a data de formatura e Francisca preparara-se com esmero para aquela ocasião à qual tanto lutara e se sacrificara. Sentia que atingira o objetivo maior de sua vida. Antecipava no coração a alegria que proporcionaria ao filho ao lhe dar – na cerimónia de colação de grau – o anel de formatura.

Horas antes de seguir para o local da cerimónia seu filho a procurara no barraco e pediu à mãe que não comparecesse ao evento. Aproveitaria a ocasião para marcar o casamento com a noiva – filha única do diretor e proprietário da Clínica onde ele trabalhava – que desconhecia a existência de Francisca, informação propositalmente omitida pelo filho à futura esposa.

Francisca dissimulou o impacto emocional da ingratidão do filho e, entregando-lhe o estojo luxuoso com o anel de formatura, beijou-lhe a face dele se despedindo.

* * *

“Deveis sempre ajudar os fracos, embora saibais de antemão que os a quem fizerdes o bem não vo-lo agradecerão. Ficai certos de que, se aquele a quem prestais um serviço o esquece, Deus o levará mais em conta do que se com a sua gratidão o beneficiado vo-lo houvesse pago. Se Deus permite por vezes sejais pagos com a ingratidão, é para experimentar a vossa perseverança em praticar o bem”. 

Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita.


* * *

Francisca - respirando com extrema dificuldade pela iminência da desencarnação - reuniu suas derradeiras forças e segurando as mãos de Divaldo fez-lhe o derradeiro pedido. Caso o filho viesse procurá-lo, Divaldo devia dizer-lhe que ela não tinha pelo filho nenhuma mágoa ou ressentimento pelo simples fato de o amar incondicionalmente. Feito o pedido, desencarnou.

Semanas mais tarde - como previra Francisca – o filho buscara informações sobre a mãe e foi aconselhado a buscar Divaldo Franco que acompanhara as derradeiras palavras da mãe.

Com o coração em frangalhos destroçado pela culpa, o filho recebeu a notícia que veio arrefecer-lhe a angústia: A mãezinha não lhe guardava mágoa e naquele momento – nimbada de mirífica luz - apresentava-se à visão psíquica de Divaldo acariciando o seu menino a quem amava tanto.

Em pranto copioso e sentido de catarse, o filho de Francisca pediu uma oportunidade para assistir aos irmãos desvalidos trabalhando na Mansão do Caminho como médico voluntário. Tornou-se – afirma Divaldo concluindo a narrativa de Francisca, a vendedora de acarajés que a todos emocionaram – modelo de dedicação e amor ao próximo atendendo a pobreza e os desvalidos do bairro onde a mãezinha vivera.

* * *

“Ah! Meus amigos, se conhecêsseis todos os laços que prendem a vossa vida atual às vossas existências anteriores; se pudésseis apanhar num golpe de vista a imensidade das relações que ligam uns aos outros os seres, para o efeito de um progresso mútuo, admiraríeis muito mais a sabedoria e a bondade do Criador, que vos concede reviver para chegardes a Ele”. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita, Item 19 Benefícios pagos com a ingratidão.

* * *

Divaldo Pereira Franco

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