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Reflexão para o Natal e Final de Ano parte II

Quando o fim de ano se aproxima, naturalmente a gente vai ficando mais sensível. É chegada a hora de lembrar tudo o que vivemos no ano todo, deixar o que ficou para trás, e fazer novos planos. Por um lado bate uma angústia de imaginar como o tempo passa rapidamente, e aqueles planeamentos do ano passado, nem todos foram concretizados.

Por outro lado, temos mais um ano pela frente, para recomeçar, reescrever novas metas, e tentar ser alguém melhor, mais uma vez.

Todos os anos eu sempre quebrava a cabeça, pensando nos presentes que eu poderia dar para cada integrante de minha família. Eu sempre gostei de presentear a todos, por menor que fosse o presente. Nunca gostei de me esquecer de alguém, o que as vezes acabava acontecendo.

Mas, a minha família é a típica italiana. Grande, que fala alto, comemora, gosta de se reunir, milhares de briguinhas, encrencas pequenas e grandes o ano todo, como toda família, eu sei. Imagina dar presente para todo mundo? Eu quebrava a cabeça, mas fazia isso.

Esse ano me sinto diferente. Sempre quis fazer tudo para agradar o outro mas esse ano andei refletindo sobre “agradar o outro”. E se for para fazer isso, que seja de uma forma diferente. Que seja com um abraço demorado, com um ouvido querendo escutar mesmo e, principalmente, com o coração observador.

E se nos doássemos mais em vez de dar mais presentes?

No fundo, com raras exceções, os papos são sempre os mesmos, superficiais. A gente não desenvolve. Pergunta se aquele integrante da família está bem, mas não estamos interessados verdadeiramente em suas respostas.

Mas, quando a gente se abre, corremos o risco de conhecer uma nova pessoa dentro daquele rosto que já estamos acostumados, e nos surpreendermos. Sabe aquela tia que as vezes fica quietinha no canto dela ? Se você parar pra ouvi-la pode descobrir coisas novas.

Sabe aquele na família que tira sarro de todo mundo, com aquela maldade escondida dentro dele? Observe ele com outros olhos. Você verá um ser humano com inseguranças, com falhas que precisam ser escondidas, e por isso ele foca em encontrar as gafes do outro. Para evitar de olhar para dentro e encontrar suas próprias falhas.

Assim, você percebe que as coisas não são com você, e apenas observa.

Passamos vidas tentando agradar o outro, e muitas vezes por mais que nos esforçássemos muito, não conseguíamos e, na maioria das vezes, ficávamos sem saber se havíamos agradado ou não.

Quantas vezes a gente fingiu que gostou e no fundo sentiu algum incomodo? Até quando vamos deixar para lá algumas coisas? Até quando vamos nos deixar para lá? Deixar o que a gente sente para lá, é fazer pouco caso com a nossa felicidade.

E aí? Por que não pensar diferente esse ano?

Percebi que a gente esquece da pessoa mais importante, quase todos os anos: Nós mesmos.

Porque não se agradar nesse fim de ano? Já parou para pensar sobre isso? Aonde quero estar? Com quem quero estar? Por quanto tempo? Quais atividades quero fazer? Quais são os meus valores? O que é importante para mim?

Essas são perguntas importantes que te fazem estabelecer limites importantes, mas principalmente demonstram amor próprio.

Família faz parte de meus valores. É importante para mim estar com eles, principalmente numa comemoração de fim de ano. Quando eu era pequena gostava mais, pois estar com eles era apenas sinónimo de festa, mas hoje existem outras questões, e nem todas são boas, claro.

Mas, definitivamente, já que o amor nos une, e os integrantes de nossa família são os que temos os maiores laços e missões a serem realizadas, então por que não se aprofundar melhor nessas relações? Por que não conhecer a sua família mais a fundo?

Percebo que praticamente todos os fins de anos são iguais. São gostosos, é claro. Todo mundo come, bebe, dança, se diverte, todo mundo samba, relembra historias da infância, do passado, faz uma oração e vai embora.

O que a gente não percebe é que, embora a gente encontre aquelas mesmas pessoas todos os finais de anos, elas nunca são as mesmas. E a gente vai embora sem nos ter dado a oportunidade de conhecer quem cada um se tornou nesse ano que se completou.

Mas, e você? É o mesmo que no ano passado ? As roupas que você usa? Ainda são as mesmas? Quais medos você ainda tem? Quais foram eliminados de sua vida completamente? Seus objetivos ainda são os mesmos?

Os nossos sonhos mudam toda hora. Os amores antigos, hoje você não chora. As músicas que você ouvia não são as mesmas que você ouve agora. Quantos amigos o tempo levou embora? Fotos antigas não revelam quem você é agora... Todo ano, temos novas historias, bagagens, tristezas e alegrias a serem compartilhadas.

Quantas vezes você se percebe muito mais íntimo de amigos, de pessoas de fora, do que de pessoas de sua própria família? Agora pense. É dramático, eu sei, mas é uma pergunta que faz mudanças em nossos comportamentos.

Imagine: Se você soubesse que tem apenas mais uma semana de vida, em quem você investiria o seu tempo?

Esse ano, vamos olhar pra’s nossas verdadeiras prioridades.

Às vezes, a gente troca um jantar com a nossa mãe, por um bar com um amigo x em nossa vida, que a gente até gosta mas que não é tão importante assim. Não estou dizendo que os amigos são menos importantes que a nossa família. Socializar com pessoas diferentes tem a mesma importância pro coração e para a saúde física, mental e espiritual que a de estar com a nossa família.

É importante conversar, desabafar, mas mais importante do que isso, é entender “com quem” fazer isso. É importante que você reconheça as pessoas em que você pode ser você. Isso não significa que você não vai poder de vez em quando encontrar aqueles amigos mais malucos e que você nem confia tanto. Eles também te fazem bem.

Na verdade, você é quem tem que saber quem te faz bem e quem não faz. Às vezes, a gente se engana. A gente pensa que quem nos faz bem é quem alimenta o nosso ego.

Mas, se as pessoas que te rodeiam são pessoas que te puxam o saco, e só te elogiam, você não está em relacionamentos saudáveis, e você precisa cuidar de você, pois se você precisa de pessoas assim, significa que não está sendo saudável como você mesmo. Mas, tá tudo bem também em descobrir isso. Alias, é maravilhoso quando a gente descobre. É o primeiro passo para uma mudança significativa.

As pessoas não confiáveis/não saudáveis, não vão aceitar os seus limites. Vão ficar chateadas com você. Vão ficar reativos. E esses serão os sinais de quem é saudável manter relações mais próximas, e de quem é bom dar uma afastada, pro bem de todos os lados. Pessoas não confiáveis tem alergia a limites.

Mas, é importante lembrar que quando a gente coloca limites, a gente cria pontes com as pessoas confiáveis/saudáveis. Do contrário do que muita gente pensa, intimidade está totalmente associada a expor as suas vulnerabilidades. E amor próprio esta associado a expor os seus limites. E tudo isso caminha junto.

É por isso que tantas relações terminam: por falta de diálogo, clareza, verdade. Falta colocar as suas vulnerabilidades na mesa, claramente. Quando você faz isso com pessoas não saudáveis, elas ficam magoadas. Já com uma pessoa confiável, quando você expõe seus limites, tenha certeza de que a intimidade aumentará, e essa pessoa lidará numa boa.

Veja bem, é uma escolha querer estar perto de pessoas saudáveis.. Elas podem não ter a mínima graça para você, e isso significa que você não esta mantendo uma relação saudável com você mesmo. Para entender um pouco mais sobre as relações que nos atraem, seja de namoro, ou amizade, qualquer pessoa, eu indico o livro “Mulheres que amam demais.” Pode ser lido por homens também.

O livro mostra o porque de nos atrairmos por quem nos atraímos, e assim fica fácil mudar alguns padrões e com o tempo se tornar uma pessoa saudável e consequentemente atrair pessoas confiáveis para nossas vidas.

O mundo está precisando de pessoas mais claras e confiáveis. Veja bem, não estou dizendo para você sair falando para todo mundo o que você pensa. Isso seria desequilíbrio. Mas, quando precisar dizer “não”, dizer numa boa e não precisar sentir culpa.

Fomos ensinados que para mantermos boas relações seria mais saudável mantermos a política da boa vizinhança, mas isso traz doenças serias, pois palavras não ditas machucam o nosso corpo.

Precisamos ter pelo menos uma pessoa em nossa vida, que a gente consiga ser a gente mesmo, e falar o que a gente sente, sem medo de que vão nos julgar ou não. Um grupo de apoio, uma terapia. E aos poucos, introduzir os nossos limites, é fundamental para uma vida saudável.

Dessa forma fica fácil saber quem são as pessoas que você quer na sua vida, e quem você prefere afastar. Se você sente a necessidade de tirar alguém da sua vida, na verdade o que você quer eliminar definitivamente são as suas questões em relação àquela pessoa, mas lembre-se de que a pessoa até pode ir embora de sua vida, mas suas questões vão com você.

Então, aprenda a dizer claramente o que quer, e dar as suas opiniões. Vá fazendo isso devagar, e assim você não precisa tirar ninguém da sua vida. Apenas manterá por perto quem te faz bem, e afastará naturalmente as que te fazem mal.

Mas, às vezes, se os limites que você colocou para alguém com tanta clareza, não foram respeitados, aí sim, você tem o direito sim de tirar essa pessoa definitivamente de sua vida. São casos mais raros, mas às vezes é preciso.

Cada um sabe o que, e quem é importante para si. Apenas se questione. Pare por alguns segundos, nesse fim de ano, para sentir no seu coração o que é importante realmente para você. Se precisar, escreva. Escrever traz clareza. E clareza é fundamental para uma vida feliz.

Quem são as pessoas da minha vida? Faça uma lista. Porque às vezes a gente não se dá conta. Quais atividades são verdadeiramente importantes para mim? A gente perde tanto tempo fazendo as coisas apenas para entrar num padrão do que a sociedade impõe.

Quando parei para escrever como eram meus dias, bastou escrever por 3 dias para perceber que eu nunca iria viver coisas diferentes, pois todos os dias eram iguais. Café da manha, trabalho, almoço, trabalho, cafezinho da tarde, trabalho, academia, banho e cama. Se a gente sempre age igual, continua vivendo as mesmas coisas.

O tempo é o mesmo para todos. Como você está vivendo? O exercício que você escolheu fazer é o que você realmente gosta, ou você faz porque precisa ter um corpo bonito? Quem você encontra em seu dia a dia é quem você quer encontrar, ou você precisa encontrar essas pessoas por algum motivo? O trabalho que você desempenha, você gosta dele ou você precisa fazer isso porque não se vê fazendo outra coisa, tem medo de muda?

Veja bem, quem foi que disse que você precisa fazer algo? A sua rotina vale o quanto pesa? Eu me obrigo a fazer coisas que não são importantes para mim? Aproveite esse fim de ano para refletir sobre o que é realmente necessário. Se você precisa, é porque não sente prazer fazendo. O “precisa” não vem do coração. Vem de um outro lugar, bem distante do nosso coração.

Uma vez, ouvi palavras que mudaram a minha vida. Para tudo o que você faz, se pergunte se é uma necessidade, se é um desejo ou uma escolha. Necessidade, desejo e escolha. Perceba nitidamente a diferença. Comer, dormir, água para beber e banho, roupas para se esquentar ou para vestir no calor, meditação, ar para respirar. Isso tudo é realmente necessário.

Lembre-se sempre de que você não PRECISA do que escolheu fazer. Você escolheu. São as suas escolhas. Ninguém escolheu por você. E se não estiver satisfeito com a sua vida, você é livre para fazer novas escolhas.

E se você se lembrar de que não existem erros, apenas resultados, você se liberta, não sente culpa. E se torna dono de sua vida. Sai da posição de vitima, e começa a dirigir a sua vida a partir do coração. E se você não tiver ideia de suas novas escolhas, não tem problema. Medite, porque quando você menos esperar, vai receber insights e, se der atenção, estará feliz muito mais rápido do que imagina.

Já os desejos, nem preciso explicar o que são. Cabe a você alimenta-los ou não. Se a sua escolha é emagrecer, e você tem muito desejo de sempre tomar coca cola, você não precisa se torturar. Aos poucos, você vai diminuindo. Não adianta beber e sentir culpa. A culpa te fará mais mal.. Não adianta também cortar de vez. Não precisa ser 8 e nem 80.

Não adianta fazer exercícios porque escolheu emagrecer se você odeia o que tá fazendo. Escolha algo que goste para se movimentar. Sempre tem uma atividade alinhada com você.

Então agora você já sabe, quando tiver dúvidas, se pergunte: Eu realmente preciso disso? Eu desejo isso? Ou é uma escolha ter isso? E fique bem com as suas escolhas. O importante é aceitar o que escolheu e seguir em frente. Tá tudo bem. O que faz mal é se torturar. É melhor comer o bolo de chocolate, do que ficar lamentando ele.

1- O que eu quero para mim nesse fim de ano?
2- Sobre o que não quero falar quando estiver reunido com a família ou amigos ?
3- Sobre o que gostaria de falar ?
4- Com quem gostaria de conversar?
5- O que não vou mais permitir que façam comigo?
6- Quem são as pessoas que quero estar perto ?
7- Quem me incomoda?
8- Com quem me sinto bem ?
9- Quem eu quero conhecer mais ?
10- É importante para mim estar com a família ?
11- Com os amigos?
12- Com quem é importante eu estar nesse fim de ano?
13- Para quem eu me doo demais e não vale tão a pena?
14- Para quem eu doo de menos e vale a pena me doar mais?
15- Quem são as pessoas mais importantes da minha vida ?
16- O que é importante para mim?

E lembre-se: Dizer “não” à alguém que você ama, se estiver alinhado ao seu coração, não significava que você está abandonando e fazendo pouco caso. Significa que você está investindo na relação com essa pessoa. O “não” faz parte do amor. Quem reagir bem ao seu “não” você pode ter certeza de que é uma pessoa que vale a pena investir.

Bruna Pinheiro

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Os comentários estão fechados para esta entrada de blog

Comentário de Conceição Valadares em 22 dezembro 2018 às 10:50

Imagine: Se você soubesse que tem apenas mais uma semana de vida, em quem você investiria o seu tempo? Com meu filho
Esta época querida amiga, quando era criança eu não tinha nada, mas ao mesmo tempo tinha tudo e me sentia tão feliz, hoje tenho aquilo que em criança nunca pensaria ter, e me sinto triste. Que feliz que eu era quando era criança e não tinha nada, mas tinha tudo

Comentário de Marta Maria (adm) em 21 dezembro 2018 às 0:18

Eu sou uma dessas pessoas que qdo se aproxima essa época Natal/fim de ano, me bate uma angustia, tristeza e um misto de decepção, por colocar tanta fé que as coisas melhorem e tudo prossegue na mesmice. Mas não vamos perder a esperança e fazer a reflexão que o texto nos fala, até pq somos nós que precisamos mudar em primeiro lugar... beijinhos e parabéns pelo belo blog.

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