A Bailarina

[Rose Arouck]

Com trejeito de menina
alongando-se como uma gata felina
estica e encolhe
na seiva do amor que a acolhe;
surge em cena a bailarina.

Saia alongada ou pequenina
olhos acima que declina
nariz pro alto
queixo em sobressalto
atenta ao som que lhe domina.

Cai e se curva
anda e desnuda
a alma doce de neblina...
Lá vem rodopiando a bailarina.

Não anda, flutua pisando em nuvens
choca-se com a teoria das cantigas
que lhe aprimora os gestos
salienta-se na base
de seu cantante manifesto...

Pelo momento
onde a dança é seu alento
e seu corpo o instrumento,
faz piruetas nivelando-se mesmo só
esvoaçante com sua saia de filó
enquilibrando-se na sua ponta de metal.

Ritmada em uma cadência natural
mostra-se em flor como a flor que se anima;
abre seus braços de garça
interagindo com graça
a meiga e doce bailarina.

- Rose Arouck -